Memórias ao sol: em busca de uma dramaturgia da escuta com mulheres em privação de liberdade

Autores

  • Caroline Vetori de Souza Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

DOI:

https://doi.org/10.5965/14145731033920200114

Palavras-chave:

Pedagogia do Teatro, Presídio Feminino, Dramaturgia da escuta, Memórias ao sol

Resumo

No presente artigo analisa-se um processo artístico-pedagógico com mulheres em situação de cárcere em 2019 no Presídio Feminino de Florianópolis, em Santa Catarina. Compreende-se que uma das estratégias da prisão é a invisibilização das pessoas a ela submetidas, sendo que suas histórias são construídas por outros e, mesmo alicerçadas em estigmas, procurou-se ir na contramão desses processos. Assim, as proposições da oficina tiveram como foco o desenvolvimento de práticas que convocassem uma reapropriação e ressignificação das histórias de vida, a partir do terreno do teatro. Buscou-se, a partir da escuta dos materiais gerados e do próprio processo, a construção de uma escrita que não omitisse as vozes das mulheres que fizeram a oficina, mas que, pelo contrário, colocasse-as em foco.

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Biografia do Autor

Caroline Vetori de Souza, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Doutoranda em Teatro pela UDESC. Mestra em Teatro pela UDESC. Licenciada em Teatro pela UFRGS. Integra o grupo de pesquisa Teatro e Prisão: práticas de infiltração das artes cênicas em espaços de vigilância, sob coordenação do prof. Dr. Vicente Concilio.

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Publicado

2020-12-23

Como Citar

SOUZA, Caroline Vetori de. Memórias ao sol: em busca de uma dramaturgia da escuta com mulheres em privação de liberdade. Urdimento: Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 3, n. 39, p. 1–24, 2020. DOI: 10.5965/14145731033920200114. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/18857. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê temático: Artes da Cena atrás das grades