v. 27 n. 2 (2023): Metodologias da Arte na Educação para os Contextos Contemporâneos
A colaboração entre o Mestrado Profissional em Artes /Prof-Artes e o Núcleo Pedagógico de Educação e Arte/Nupeart, tornou esta Revista responsabilidade de um Comitê Editorial formado por docentes atuan- tes no Prof-Artes de algumas universidades brasileiras. A proposta desta publicação é divulgar ações de ensino, pesquisa e extensão relacionadas e identificadas com a educação e com os temas cultu- rais, no sentido de contribuir para a reflexão sobre as experiências dos pesquisadores/as e docentes do ensino de artes na atualidade.
A Revista Nupeart /Prof-Artes mantêm um perfil híbrido no qual serão veiculados textos recebidos em fluxo contínuo, a serem publicados semestralmente e, também, dossiês a partir de artigos especialmente convidados. O objetivo desta política de trabalho é conseguir a abran- gência necessária para tornar esta Revista um veículo de difusão e um volume didático para a graduação e a pós-graduação em Artes.
Para este número, preparamos um dossiê baseado no tema Metodologias da Arte na Educação para os contextos contem- porâneos, no qual propomos refletir sobre como nos aproximar das pedagogias humanistas que vêm sendo elaboradas na atualidade, com o desejo de realizar uma reconstrução do fazer pedagógico em Artes. Estas metodologias estão sendo experimentadas por docen- tes na educação básica e nos estudos universitários, contudo, nem sempre são sistematizadas, se mantendo como experiências isoladas em seus loci. Ao reuni-las neste número, a Revista procura estimu- lar reflexões sobre como o ensino de artes e a interação entre arte e educação podem romper com os procedimentos colonialistas, bem como, sobre como os procedimentos da criação em Arte podem contribuir para a hibridização entre pedagogias contemporâneas.
O trabalho intitulado “Entre o que é e o que será”, da professora Anamaria Fernandes Viana, traz discussões sobre a importância de desenvolvermos tecnologias educacionais e metodologias de parti- lhas de saberes e experiências, no campo dos Estudos em Dança, que sejam abertas, fluídas, relativas e contextuais. O texto do professor
Arthur Marques reflete sobre o ensino da dança como metodologia de ensino de estudos corporais, pensando que estes podem auxiliar a romper com lógicas estruturais coloniais, sugerindo a aderência à pedagogia do oprimido e a ética bixa, concomitantemente, como prepostos balizadores da práxis do artista-docente, propondo um neologismo: professendo. No seu texto, a professora Juliana Ribeiro propõe que na Educação Infantil o Ensino de Artes e de Dança possam contribuir como uma possibilidade de diálogo entre os objetivos previstos na BNCC e um aprendizado a partir de pesquisas corporais e autorais, em interações coletivas e com o ambiente, buscando outras lógicas para o processo de ensino e aprendizagem escolar. Em seu texto, o professor Marcílio Vieira compartilha experiências de ensino e aprendizagem em Dança, realizadas pelo próprio autor na Graduação e no Mestrado Profissional, referenciadas em Metodologias Ativas e na noção de sala de aula invertida, na qual o aprendiz inicia seu aprendizado antes das atividades no espaço escolar, com estudos individuais, que são incrementados no encontro com o docente.
Em “Da arte relacional à busca por novas formas de vida: Ensino de artes na educação básica em contextos de vulnerabilidade social”, de Saulo Almeida, verificamos apontamentos críticos sobre o modo por meio do qual o ensino formal de artes tem contribuído para o forta- lecimento de mecanismos reguladores e segregadores que, segundo o autor, desenham uma geografia de violências no contexto escolar. O professor José Flávio da Fonseca discute em seu artigo as possibi- lidades metodológicas que podem surgir da relação entre Teatro e as novas tecnologias, e sobre a experimentação da cena intermedial com a geração contemporânea, chamada pelo autor de “nativos digi- tais”. No seu artigo, o professor Dimir Viana desenvolve uma argu- mentação filosófica sobre a pertinência do trabalho com o método do Teatro do Oprimido nas salas de aulas da Educação Básica, mas também na formação docente e na educação não formal, encaran- do-o como recurso artístico, pedagógico e crítico para a atividade teatral. Em “Performar Nietzsche: a autoetnografia como caminho metodológico aplicado ao processo criativo de Adeuzará”, o professor Leandro Acácio relata um recorte do movimento criativo intitulado
“Adeuzará”, apontando o método autoetnográfico como um cami- nho possível para a pesquisa em arte no âmbito acadêmico. Thales Branches, em coautoria com Marluce Souza de Oliveira e Andréa Bentes Flores, relata o processo de ensino e criação do espetáculo cênico intitulado “Sagrada Malandragem”, inspirado em Zé Pelintra, na malandragem e em elementos de matriz afro religiosa, relacio- nando-os com pedagogias e estratégias de educação pela diversi- dade e pela ruptura com paradigmas opressores de racialidade.
Ao levantar estas reflexões, a Revista Nupeart/ Prof-Artes convi- da vocês, leitores e leitoras, para seguirem conosco nesta elabo- ração compartilhada e reflexiva, almejando que possamos partici- par ativamente da construção de processos de conhecimento vivo, afetuoso, consistente e consequente com a escola brasileira atual.