O lugar da educação dos bebês e crianças bem pequenas nas discussões étnico-raciais: um panorama das pesquisas da ANPed (2001–2017)

Resumo

O presente artigo delimita-se nas discussões acerca da especificidade da Educação Infantil como espaço de cuidado e educação de qualidade, destinado aos bebês e crianças pequenas, indo ao encontro do entendimento desta etapa educacional como um campo singular e diferenciado da educação básica. Tendo como foco o segmento creche (0 a 3 anos), neste trabalho objetivou-se possibilitar algumas discussões que conectem a Educação Infantil e a educação das relações étnico-raciais, assumindo o papel determinante de ambas para a construção de uma sociedade mais justa, bem como para a superação das diferentes formas de racismo e preconceito que ainda se fazem presentes na sociedade brasileira. Para tal, foi realizado amplo levantamento das pesquisas que constam nos anais das reuniões nacionais da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), buscando identificar a visibilidade ou não dada às crianças de até 3 anos nessas discussões. Os dados revelam a complexa realidade na qual os bebês e crianças bem pequenas – assim como suas professoras e o cotidiano por eles vivenciados na Educação Infantil – se encontram, permanecendo à margem das discussões sobre o tema. Permitem inferir, também, a necessidade de pesquisas que tenham como foco esse contexto e assumam os bebês e crianças bem pequenas como sujeitos de direitos e de voz, possibilitando a ampliação de conhecimentos sobre o modo como as crianças dessa faixa etária, brancas e negras, têm construído suas identidades étnico-raciais e qual o papel da Educação Infantil neste sentido.