Pequenos deslocamentos: corpo, arte, saúde e educação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/198431781642020196

Palavras-chave:

Arte, Mulheres, Território, Educação, Saúde

Resumo

Este artigo pretende problematizar a ideia de pequenos deslocamentos que são experimentados no contexto de práticas de formação que buscam compor outros modos de pensar e atuar em saúde, como possibilidade de promover acesso à experiência estética e à vida em sua potência expressiva e de criação. Para tanto apresentaremos alguns aspectos de um projeto de criação e educação que envolve mulheres de uma região vulnerável de Santos, que apresentam diferentes desafios de ordem física, emocional e social, e os estudantes de uma universidade pública. Neste projeto, foram realizadas diferentes propostas mobilizadas pelas artes em suas múltiplas linguagens, com o intuito de promover experiências sensíveis e lúdicas que possam produzir pequenos deslocamentos, vivificar os corpos, ativar memórias, imaginações, reconhecer e despertar desejos, afetar e ser afetado pelo encontro entre corpos. Consideramos os pequenos deslocamentos como movimentos menores dentro das experiências, que tem a potência de ativar e incidir em processos de subjetivação e produção de outras sensibilidades. Experimentamos o dançar, o cantar, jogar, dramatizar, mover e pausar, conversar e silenciar entre outras proposições atentos aquilo que é pequeno, as marcas microscópicas, aos detalhes dos acontecimentos. Ancoradas em uma perspectiva micropolítica, apostamos nas pequenas interferências como modo de produzir uma formação inventiva para os alunos e o aumento de potência individual e coletiva com todos e todas as participantes, deste projeto colaborativo que se efetua na interface corpo, arte, saúde e educação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Flavia Liberman, Universidade Federal de São Paulo

Professora Associada do Curso de Terapia Ocupacional e nos Programas de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde e no Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo- Campus Baixada Santista.  Departamento Saúde, clínica e instituições.  Tem como linhas de pesquisa as temáticas:  corpo, arte na interface saúde e educação.  Membro do Laboratório Corpo e Arte e do Laboratório Trabalho e formação em saúde (LEPETS) da UNIFESP- BS e  integrante do Laboratório Interinstitucional de Atividades Humanas e Terapia Ocupacional.

Marina Souza Lobo Guzzo, Universidade Federal de São Paulo

 Professora Adjunta da Unifesp no Campus Baixada Santista,  Departamento saúde, clínica e instituições Pesquisadora do Laboratório Corpo e Arte e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Dança – N(i)D.  Tem como linhas de pesquisa  3 eixos:  a precariedade na arte - que ela possa acontecer em qualquer território, sem nenhuma necessidade técnica ou espacial;  acessibilidade estética - arte para todxs os públicos, que possa ser assistida e compartilhada por todxs as idades e classes sociais e as questões relacionadas ao Antropoceno e os novos modos de existir que emergem das mudanças climáticas.  

Elizabeth Maria Freire de Araújo Lima, Universidade de São Paulo

 Docente  do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo , Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional FMUSP e orientadora no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual Paulista. Pesquisadora e fundadora do Laboratório de Estudos e Pesquisa Arte e Corpo em Terapia Ocupacional. Seus estudos focalizam as exeriências contemporâneas que conectam as práticas estéticas e corporais com a produção de subjetividade.

Referências

BUTLER, J. O capitalismo tem seus limites. In: AMADEO, P. (org.) Sopa de Wuhan: pensamiento contemporáneo en tiempos de pandemias. Madrid, Editorial ASPO, 2020.

CASETTO, S. J.; HENZ, A. O.; GARCIA, M. L.; AGUIAR, F. B.; MONTENEGRO, J. T.; UNZUETA, L. B.; CAPOZZOLO, A. A. A good training based on insufficiency: Work in health care as an ethics. Journal of Health Psychology, v. 21, p. 291-301, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1359105316628747. Acesso em: 26 abr. 2020.

COMITÊ INVISÍVEL. Aos nossos amigos. São Paulo: Ed. n-1, 2016.

DELEUZE, G. Conversações. São Paulo: Ed. 34, 2000.

GIL, J. A imagem nua e as pequenas percepções. Lisboa: Relógio D'Água, 1996.

GUATTARI, F. Caosmose. São Paulo: Ed. 34, 1992.

GOULART, P. M.; PEZZATO, L. M.; JUNQUEIRA, V. Experiências narrativas: um relato de formação em saúde. Linhas Críticas, Brasília, v.24, p.237-254, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.26512/lc.v24i0.18978. Acesso em: 26 abr. 2020

GUZZO, M.S.L.; LIBERMAN, F.; GONÇALVEZ, N.; TONON, L.M.; MAXIMINO, V.S. FEDERICI, C.A.G. Parangolés: inspiração para dançar no território. Interface. v. 22(67), pp.1287-98, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0987

KASTRUP, V. Um mergulho na experiência: uma política para a formação dos profissionais da saúde In: CAPOZZOLO, A. A.; CASETTO, S. J.; HENZ, A. O. (org.). Clínica Comum: itinerários de uma formação em saúde. São Paulo: Hucitec, 2013. pp.151-162.

LAPOUJADE, D. As existências mínimas. São Paulo: Editora n-1, 2017.

LIBERMAN, F.; FEDERICI, C.; GUZZO, M. Projeto sonhos: um processo de criação com mulheres em situações de vulnerabilidade in: CRUZ, C.; CRUZ, H.; BEZELGA, I.; FALCÃO, M.; AGUIAR, R. (org.). A busca do comum: práticas artísticas para outros futuros. Porto, Portugal: Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS), 2019. Disponível em: https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/27842/1/ABuscaDoComum_baixa.pdf Acesso em: 4 mai. 2020.

KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 2019.

MANNING, E. The minor gesture. Durham, EUA: Duke University Press. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1215/9780822374411. Acesso em: 26 abr. 2020

MANNING, E. Proposições para um movimento menor. Moringa - Artes do Espetáculo, João Pessoa, v. 10, n. 2, pp. 11-24, dez. 2019.

MBEMBE, A. O direito universal à respiração. São Paulo: Editora n-1, 2020.

OITICICA, H. Carta 1969. In: FIGUEIREDO, L. (org.). Cartas 1964-74: Lygia Clark e Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1998.

PELBART, P. P. Vida Capital: ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2003.

RYNGAERT, J.-P. Jogar, representar. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

ROLNIK, S. A hora da micropolítica. São Paulo: Editora n-1, 2016.

TEIXEIRA, R. As dimensões da produção do comum e a saúde. Saúde Soc., v. 24, supl.1, pp.27-43, 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902015S01003. Acesso em: 26 abr. 2020

Downloads

Publicado

01-10-2020

Como Citar

LIBERMAN, Flavia; GUZZO, Marina Souza Lobo; LIMA, Elizabeth Maria Freire de Araújo. Pequenos deslocamentos: corpo, arte, saúde e educação. Revista Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 16, n. 4, p. 196–215, 2020. DOI: 10.5965/198431781642020196. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/17844. Acesso em: 21 nov. 2024.