Livro de artista: tatear modos de fazer livro reparando memórias coletivas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175234615372023e0006

Palavras-chave:

livro de artista, práticas descoloniais, ninharia, Editora Bemvinda

Resumo

Este artigo tem por objetivo aproximar a feitura de livro de artista de práticas descoloniais. Para isso, contamos a história do nascimento do livro de artista ninharia e da editora bemvinda. A partir da transmissão dessa experiência, entendemos que tanto a escritura como o livro possuem uma herança colonial - a de quem pode escrever e publicar. Reivindicamos, no entanto, uma perspectiva ch’ixi, conforme elaborada pr Silvia Rivera Cusicanqui, como metodologia de abordagem do livro de artista. O ch’ixi é a cor cinza na tecelagem andina formado por listras brancas e pretas que não se misturam. Numa cultura fundada no princípio da mestiçagem como a nossa, afirmar o ch’ixi é afirmar a contradição e a constante presença da alteridade na identidade e nas formas hegemônicas. Nossa hipótese é a de que o livro de artista pode ser um objeto no qual as palavras e as formas de expressão atuem como práticas descoloniais. Nesse sentido, a publicação independente pode assumir uma posição política e ética, usando os termos de Antônio Bispo, na guerra das denominações, criando imagens, simbólicos, imaginários e desejos que confluam no cuidado da vida.

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Biografia do Autor

Lorena Galery Batista, Universidade do Estado de Santa Catarina

Possui graduação em Artes Visuais com especialização em Artes Gráficas pela Escola de Belas Artes da UFMG e atualmente é mestranda em Artes Visuais na linha de Processos Artísticos Contemporâneos em PPGAV-UDESC. E-mail: logalery@gmail.com

Maiara Knihs, Harvard University

Doutoranda em literatura e artes visuais no Romance Languages and Literatures Department, Harvard University. Mestra em Literaturas na Universidade Federal de Santa Catarina. Graduada em Letras e Literaturas Vernáculas na UFSC. E-mail: mknihs@g.harvard.edu. Atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, onde atua como psicanalista.

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Publicado

2023-10-12

Como Citar

BATISTA, Lorena Galery; KNIHS, Maiara. Livro de artista: tatear modos de fazer livro reparando memórias coletivas. Palíndromo, Florianópolis, v. 15, n. 37, p. 1–24, 2023. DOI: 10.5965/2175234615372023e0006. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/24038. Acesso em: 12 nov. 2024.