Currículo e relações de gênero: entre o que se ensina e o que se pode aprender
Abstract
Este artigo tem como objetivo entrar na arena das funções de ensinar e aprender de um currículo, para mostrar o que ele vem ensinando sobre gênero e que tem dificultado o aprender na escola. É seu objetivo, também, pensar possibilidades de “desaprender” o já aprendido sobre gênero, abrindo os currículos para as “subversões performáticas”, para “o falar das fronteiras” e para o “conectar com a alegria”. Busca, para isso, inspiração em conceitos e ideias-força do pensamento da diferença, especialmente de autores como Gilles Deleuze e Michel Foucault, e em noções retiradas dos estudos denominados pós-gênero ou pós-feminismo, sobretudo de Judith Butler, para encontrar saídas, produzir subversões performáticas e escapar de práticas curriculares que regulam, hierarquizam e classificam corpos e gêneros nas escolas. Usa, para isso, resultados de pesquisas que investigaram o funcionamento dos Currículos dos Projetos de Intervenção Pedagógica em cinco escolas de Belo Horizonte. O argumento aqui desenvolvido é o de que para mobilizar “agenciamentos” possibilitadores do aprender em um currículo é necessário desaprender e “desfazer-nos” de todo um sistema de raciocínio generificado que tem sido acionado nos currículos e que diferenciam, hierarquizam e excluem na escola. Mostro, então, que é necessário “desfazer” o já foi feito, desmontar pensamentos e raciocínios vistos como “normais”, falar de um outro lugar que não seja o lugar de quem decide “quem é faltoso” e necessita de intervenção e “abrir os corpos” para encontrar a diferença de cada um. Diferença que, inspirada nas produções de Gilles Deleuze, considero imprescindível, para criar, para viver e para experimentar o aprender.
Palavras-chave: Currículo escolar; Pós-gênero; Diferença; Ensinar; Aprender.
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