“Não há reformas sem desgostos”: tensões entre Orestes Guimarães e a Congregação da Escola Normal Catarinense por ocasião da reforma de 1911
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984723823532022060Palavras-chave:
Escola Normal Catarinense, reforma curricular, estratégias, táticasResumo
Neste artigo são analisadas algumas das tensões ocorridas entre Orestes Guimarães e a Congregação da Escola Normal Catarinense por ocasião da reforma curricular de 1911. A celeuma foi iniciada com a não aprovação, pelo governador de Santa Catarina, dos novos programa e horário elaborados pela Congregação por exigência do Decreto n. 572, de 25 de fevereiro de 1911. Documento-fundador, esse Decreto, de autoria de Orestes, apresenta as bases em que a reforma deveria assentar-se, conferindo à Congregação a tarefa de apresentar programa e horário condizentes. A tensão provocada pelo veto do governador foi acirrada pela sua decisão de ato contínuo, delegar a Orestes Guimarães a tarefa de elaborá-los. Aqui entendido como uma estratégia – no sentido certeauniano – para modificar radicalmente a cultura da Escola Normal, o currículo apresentado pelo reformador será analisado em interface com as múltiplas táticas engendradas pela Congregação – também segundo Certeau –, de modo a não colocar em prática algumas das modificações propostas, com vistas à manutenção da antiga cultura da escola. Para essa análise foram privilegiados o novo e o antigo currículo, relatórios de Orestes Guimarães e de Horácio Nunes Pires, diretor da Escola Normal, e ofícios do diretor e de professores da Escola Normal para a Secretaria Geral dos Negócios do Estado de Santa Catarina.
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