As culturas infantis interrogam a formação docente: tessituras para a construção de pedagogias descolonizadoras
Resumo
O presente artigo tem como objetivo problematizar de que modo o reconhecimento das culturas infantis possibilita repensar os modelos canônicos de exercer a docência na educação infantil, tomando como ponto de partida o desvelamento das vivências de crianças negras e não negras, nas creches e pré-escolas, e em uma casa de candomblé. Trata-se de um estudo qualitativo com interlocução crítica entre os estudos pós-colonialistas, as relações étnico-raciais e a pedagogia da infância. Para tanto, partimos das tensões entre o marxismo e o pensamento pós-colonialista, procurando apresentar aportes e possibilidades de construções de pedagogias descolonizadoras que tenham como gênese a intempestividade das infâncias. Os resultados apontam para a necessidade de construção de pedagogias que propiciem a escuta das diferentes infâncias na educação infantil e que possibilitem ouvir o que as crianças pequenininhas e pequenas querem dizer, com suas diferentes linguagens, assim como a possibilidade de estabelecer relações entre os princípios da cosmologia de mundo yorubá, oralidade, ancestralidade e corporalidade com o parecer CNE/CP/03/2004, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, bem como com o parecer CNE/CB/20/2009, que estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Neste contexto, lançamos um convite à construção de pedagogias descolonizadoras que colaborem para a equidade na educação infantil e inspirem novas políticas públicas de superação do racismo e de distorções que transformam diferenças em desigualdades.
Palavras-chave: Educação Infantil. Culturas Infantis. Relações Raciais. Criança Pequena. Infâncias.
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