Ritualização das práticas e do cotidiano escolar no primeiro jardim de Infância Público de São Paulo
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar o processo de ritualização das atividades e práticas vivenciadas no primeiro jardim da Infância Público de São Paulo no período de 1896 a 1912. Podemos compreender este processo de ritualização em duas vertentes que se distinguem em ritos, correspondentes à ação que se desenvolve diariamente na vida dos seres humanos, constituindo verdadeiro ordenador descritivo da experiência de sentido conatural ao homem e assemelham-se aos jogos por estabelecerem regras com múltiplas simbologias presentes no espaço cujo significativo está para os sujeitos que interagem dentro de uma determinada realidade como o espaço escolar. O ritual, por sua vez, são práticas e ações vivenciadas e compreendidas a partir de sua localização, tanto em suas dimensões espaciais quanto temporais, traduzindo-se em expressões simbólicas da vida social. Percebe-se que um ritual é um conjunto de gestos, palavras, formalidades e manifesta-se principalmente nas religiões, nas tradições familiares ou na comunidade e está intimamente ligado ao conceito de rito. Mas o ritual acontece em comunhão entre sujeitos, tempo e espaço. O aspecto mais importante do ritual são as práticas sociais que dão sentido a todas as manifestações e tradições. Nesse sentido, os espaços ritualísticos não estão limitados apenas à religião ou ao misticismo, mas como um espaço que obedece a regras, apresenta padrões e procedimentos típicos. Sua manifestação pode ocorrer em um único indivíduo, um grupo, ou por uma comunidade inteira; como em locais arbitrários, específicos, diante de pessoas ou privativamente, onde os espaços ritualísticos podem se reinventar constantemente. Desta forma, os rituais na escola apresentavam-se na rotinização das atividades e eram vivenciados diariamente na organização das atividades em sequências fixas, repetidas e regulares, instituídas para alunos e professores. As atitudes formais auxiliavam na construção da pertinência a um grupo social, organizado a partir de regras específicas. Faziam parte desses momentos rituais: a entrada (com canto e saudações); o repouso; o recreio; os pensamentos; os méritos; os cantos de despedida e a saída. Para que possamos compreender como o processo de ritualização das práticas e do cotidiano escolar, na escolarização da infância, em São Paulo, no período de 1896 a 1912, foram se constituindo, foi realizada uma análise teórica e histórica a partir de relatórios de instrução pública, de materiais obtidos no acervo da Escola Caetano de Campos, nas revistas pedagógicas, nos relatórios de professores sobre os alunos e sobre o funcionamento da escola, os diários de classe e os brinquedos, que nortearam os nossos estudos acerca da educação dos sentidos no fim do século XIX e início do século XX, com base em Carvalho (1989), Geertz (1978), Kulhman Junior (2011), Pavan (1996) e Terrin (2004). A partir desta recriação, este trabalho nos possibilita compreender como os ritos e os rituais fizeram-se presentes na composição de uma escola que nascera não de um sonho, mas de um ideário de formação, tanto para professores quanto para alunos.
Palavras-chave: Ensino Infantil. Práticas Escolares. Cotidiano Escolar. Ritos e Rituais.
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