“Era para já ter te escrito...” A correspondência epistolar entre duas irmãs durante a Ditadura Militar de 1960, no Brasil
Resumo
Zelita Rodrigues Correia foi uma das primeiras mulheres a ser presa, em Sergipe, como decorrência da repressão militar contra os estudantes do ensino superior, na década de 1960, no Brasil. Após ser libertada e recém-formada, mudou-se para Salvador, capital da Bahia, onde registrou seu diploma de bacharel em Direito e se inscreveu na Ordem dos Advogados. Nessa cidade, aguardou o desenrolar dos acontecimentos e do processo que lhe foi movido. Durante esse período, por intermédio da escrita epistolar, manteve permanente contato com sua família, em Aracaju. Este estudo tem por objeto uma das cartas enviadas a Zelita por sua irmã, Maria de Lourdes Correia, em 1966. O objetivo foi identificar nessa narrativa algumas tensões e embates nos quais estiveram envolvidos acadêmicos e diretores de faculdades que compunham o ensino superior em Sergipe. A pesquisa fundamentou-se nos pressupostos teórico-metodológicos da História Cultural, a partir dos quais, no âmbito da História da Educação, foi possível o estudo de novos objetos e a utilização de diferentes fontes e abordagens, dentre eles as cartas, a escrita feminina e as representações dos sujeitos. Além das fontes epistolar e bibliográfica, foi utilizada a abordagem da História Oral e a técnica da entrevista, além da análise de conteúdo. Os resultados demonstram que a correspondência trocada possibilita conhecer diversos acontecimentos que fizeram parte desse momento político, em sua relação com o ensino superior. Também evidenciam relações de poder e as sociabilidades vivenciadas entre estudantes da Faculdade de Direito e da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe.
Palavras-chave: Brasil – História – 1964-1985; Ensino superior – Sergipe; Cartas; Faculdade de Direito de Sergipe; Cultura acadêmica.Downloads
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