Escrever para interferir no próprio destino: os poemas de uma prisão feminina
Resumo
Refletir sobre os sentidos das escritas de apenadas a partir de seus poemas, tendo como fonte/objeto de estudo o jornal – Só Isso! – produzido por aprisionadas na Penitenciária Feminina Talavera Bruce, situada no Rio de Janeiro, é o objetivo do presente trabalho. O Só Isso! se configura como uma forma de dar visibilidade às subjetividades das encarceradas, assim como se tornou um meio de buscarem intervir no próprio destino através de textos que reclamam por novos caminhos para a unidade penal que as abriga. Na tentativa de interferir no cenário em que vivem, ora esses sujeitos se utilizam de uma linguagem política, ora a linguagem poética suscita o universo prisional e revela a busca por um novo destino. As apenadas olham para dentro de si ao escrever, trazendo à tona o passado, dores do presente e o quanto vislumbram a liberdade. Nesse sentido, a relevância desse trabalho se configura por trazer à tona sujeitos invisibilizados pelas pesquisas acadêmicas, revelar parte do universo que os cerca e valorizar a escrita de si oriunda do cárcere. Fundamento essa análise em autores como Leonor Arfuch (2010) e Antonio Viñao (2000) que abrem perspectivas para se pensar os sujeitos, os sentidos da escrita autobiográfica e possibilidades para a reflexão das narrativas sócio-históricas e cotidianas. Pensar nessas escritas de si é também uma forma de dar visibilidade às tentativas dessas mulheres de constituírem um elo com o mundo dentro e além das grades da prisão.
Palavras-chave: Escrita; Mulheres; Prisioneiras.Downloads
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