O novo público do ensino superior brasileiro e a tradição acadêmica: o caso das humanidades na UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984723815292014297Resumo
A análise dos estudantes franceses e da universidade realizada por Bourdieu e Passeron em Os Herdeiros constitui um modelo sugestivo para pensar a atual universidade brasileira, porque põe em relação elementos institucionais e culturais, tais como os modos de relação pedagógica e as experiências de pertencimento ao ambiente universitário. Para compreender como essas relações se configuram um ambiente que pretende, simultaneamente, herdar tradições e ampliar o acesso das camadas populares, vale a pena considerar, tal como em Os Herdeiros, as relações entre a legitimidade da instituição e dos cursos no campo acadêmico, as particularidades da cultura da universidade e os modos de relação com o saber que esta propõe enquanto oferece formação profissional. Toma-se aqui o caso do campus de humanidades da Universidade Federal de São Paulo, fundado em 2007 como parte da expansão universitária da última década, direcionado para a formação de bacharéis e professores em humanidades. Este campus acolheu estudantes com um perfil majoritariamente popular, cujo perfil social e demográfico dificulta a vivência naturalizada da universidade. A tensão entre o ideal meritocrático da universidade e as políticas de permanência e de ampliação do acesso culminou em 2012, quando as precárias condições estruturais puseram em jogo as representações contraditórias da universidade - particularmente os docentes dos cursos mais legítimos, portadores de um ideéia tradicional de universidade e os estudantes mais combativos, que defendiam a "universidade popular".
Palavras-chave: Ensino superior; Sociologia da educação; Democratização.Downloads
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