Análise morfológica do panejamento de Veiga Valle: um estudo de caso
DOI:
https://doi.org/10.5965/25944630912025e6348Palavras-chave:
escultura devocional, panejamento, análise formal e estilística, veiga valle, barroco goianoResumo
Uma das questões centrais da arte barroca reside na complexidade morfológica das suas esculturas devocionais (Lefftz, 2002; 2006). Historicamente, a representatividade artístico-cultural sobre o Barroco no Brasil privilegia artistas oriundos dos centros hegemônicos da produção do patrimônio cultural, notadamente do eixo de pesquisa nordeste-sudeste. Da Cidade de Goiás, projetaram-se as esculturas sacras de José Joaquim da Veiga Valle (1896-1874), cuja singularidade morfológica reside na sua heterogeneidade estilística, com marcante codificação barroca não só nos drapeados, mas também, nos gestos escultóricos e no movimento das vestes (Salgueiro, 1983). Nossa pesquisa investiga as configurações morfológicas no panejamento da imagem de Nossa Senhora da Conceição, abrigada na Capela da Fazenda Babilônia, situada na zona rural de Pirenópolis (GO). A metodologia aplicada para este estudo se orientou pelas tipologias propostas por Lefftz. Recorreu-se à pesquisa bibliográfica, à investigação in loco do Inventário de Bens Móveis e Integrados da 14a Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional de Goiás (IBMI/IPHAN/GO) e à realização de registros fotográficos. Consideramos relevante esta análise para a complementação de descrições formais e estilísticas, uma vez que ela pode contribuir para o campo epistemológico das investigações em torno da imaginária sacra. Portanto, o estudo das configurações teorizadas por Lefftz oferece rastros valiosos sobre a origem e a evolução dos estilos artísticos do conjunto de obras de Veiga Valle, que se articula como um símbolo de relevância patrimonial, artística e cultural de Goiás.
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