Tradição e contradição: ensaio sobre as tenacidades da beleza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175234617412025e0002

Palavras-chave:

Beleza, Tradição, Contradição

Resumo

A biografia do belo percorre uma estrada longa, que decidimos reconstruir do ponto de vista da historicidade e da epistemologia (teoria do conhecimento) ocidentais. Ela nasce nos pré-socráticos, com noções que atrelam a beleza à (im)permanência. Seu registro mais loquaz se apresenta pela primeira vez em Platão (2021) e, divergindo ou complementando sem mestre, em Aristóteles (2008). Desde então, a partir do conceito central de Logos, o que se percebe é que o belo está ligado indissoluvelmente à ideia de abstração, pureza, divindade. Nas Renascenças (italiana e nórdica), o belo começou a mostrar de modo mais nítido que não encontrava em seu âmago oposições consistentes, uma vez que se aproximava do absoluto. O Barroco, retomando potências medievais, reinsere a obscuridade e a fealdade para realçarem o belo (Caetano, 2024b). Por sua vez, o Romantismo retoma Aristóteles e traz, a partir de Kant (1998), uma “lógica da beleza” (Baumgarten, 2007), que, entretanto, precisa ser comunicada a todas as pessoas. Como quer que seja, o belo, em sua manifestação mais patente, que é a arte, precede a necessária contextualização do ser humano nos seus âmbitos histórico, cultural, antropológico, como demonstraram as Psicanálises de Freud (2011) e Jung (2011a, 2011b).

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Biografia do Autor

Marcelo Moraes Caetano, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

É Psicanalista, Professor Adjunto de Língua Portuguesa e Filologia Românica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), membro efetivo da Academia Brasileira de Filologia (cadeira 38), do PEN Clube do Brasil (Rio-Londres), da Académie des Arts, Sciences et Lettres de Paris, da Academía de Letras y Artes de Chile e de outras instituições culturais no Brasil e no exterior. Foi professor adjunto do CAp-UERJ (Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira), de onde pediu exoneração. É autor de mais de 50 livros publicados no Brasil e no exterior. Suas obras já foram premiadas pela ONU, Unesco, Academia Brasileira de Letras e universidades no Brasil e no exterior, como PUC-Rio, UFRJ, Kendall College Chicago, Laureate International Universities, Fundação Oswaldo Cruz, Fundação Casa de Rui Barbosa, Museu Imperial de Petrópolis, Museu Nacional. Em 2011, recebeu a Médaille e a Comenda de Vermeil de Paris. É roteirista, gramático, autor de gramáticas normativas, e pianista clássico com prêmios internacionais (vencedor do Concurso Internacional Solistas Instrumentistas Ciudad de Cordoba, 1989; 2. lugar do Concurso para Solistas da Orquestra Sinfônica de Viena, Áustria, 2010, entre outros) desde os 14 anos de idade, realizando, desde então, recitais nas Américas e na Europa. É tradutor de inglês, francês, alemão, espanhol, italiano, latim e grego, estudioso das filologias russa, mandarim e galega.

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Publicado

15-05-2025

Como Citar

CAETANO , Marcelo Moraes. Tradição e contradição: ensaio sobre as tenacidades da beleza. Palíndromo, Florianópolis, v. 17, n. 41, p. 1–31, 2025. DOI: 10.5965/2175234617412025e0002. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/26717. Acesso em: 22 maio. 2025.

Edição

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Artigos Seção temática