A modelagem do tempo musical em Gravidade Zero, para bateria e tape
DOI:
https://doi.org/10.5965/2525530408022023e0203Palabras clave:
tempo musical, música eletroacústica mista, bateria, condução rítmica, descritores de áudioResumen
Neste artigo, discute-se a modelagem do tempo musical na obra eletroacústica mista Gravidade Zero (2020), para bateria e tape, de Cesar Traldi, com base na performance gravada em 2020 por Renato Schiavetti. A obra atribui ampla liberdade para o baterista criar materiais musicais que corporifiquem, em diálogo com o tape, a estrutura temporal especificada na partitura. A análise realizada toma como referência conceitual as considerações de Gérard Grisey sobre o tempo musical em camadas (esqueleto do tempo, carne do tempo e pele do tempo), expressas em seu artigo “Tempus ex machina: a composer’s reflections on musical time”, de 1987. São enfatizados o esqueleto e a carne do tempo, abordados com base em análises da estrutura temporal e da camada sonora/tímbrica expressas na gravação. Ambas as camadas se subdividem nos aspectos musicais criados pelo compositor, por um lado, e nos aspectos que derivam da realização do intérprete, por outro. A obra faz com que a condução rítmica da bateria (que, no repertório, normalmente exerce função de acompanhamento) torne-se o elemento principal de elaboração do discurso musical. No contexto da discussão sobre a estrutura temporal, são abordadas as estratégias interpretativas adotadas pelo baterista, destacando-se a utilização de polimetrias e polirritmias. Os aspectos sonoros/tímbricos são explicitados por meio de uma análise comparativa de duas seções da obra com o uso dos descritores de áudio centroide espectral e loudness. As duas seções possuem duração e estrutura métrica idênticas. À luz das considerações de Grisey e com base na análise realizada, demonstra-se como a corporificação dessas seções com sonoridades/timbres diferentes cria variedade, potencialmente modelando o tempo musical de maneiras distintas.
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