De(s)colonizar o olhar: as imagens no ensino de artes visuais
DOI:
https://doi.org/10.5965/244712671032024049Palavras-chave:
Arte-educação, Descolonialidade, Saberes insurgentes, VisualidadeResumo
O panorama histórico e cultural latino-americano, cujas raízes se sustentam na colonização e na escravização, implica na construção de olhares colonizados, não apenas sobre as visualidades que nos perpassam, mas também sobre como a nossa episteme foi secularmente construída dentro dos parâmetros dominantes. A partir disso, o presente artigo constrói pontes entre a perspectiva de(s)colonial e os estudos das culturas visuais com o objetivo de discutir as dificuldades e as possibilidades de se trabalhar com imagens no ensino de artes visuais na contemporaneidade. Sendo a nossa Era marcada pelo ocularcentrismo e pela colonialidade do poder, entende-se que é preciso questionar quem tem direito a olhar e como o olhar colonizado opera, a fim de provocar fissuras para que a de(s)colonização dos olhares, tanto de professores/as, como de educandos/as, se torne possível. A ação de de(s)colonizar o olhar nos possibilita confrontar a legitimidade da fabulação das narrativas dominantes, abrindo espaço para a escuta e a construção de outras histórias e narrativas que resistem aos padrões que alimentam a hegemonia eurocêntrica. Por fim, explicitamos como e quais imagens são viáveis de se utilizar na sala de aula em prol dos movimentos contínuos da de(s)colonização dos modos de ver.
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