Perspectivas guarani sobre binarismos da colonização: caminhos para além das monoculturas

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DOI :

https://doi.org/10.5965/2175180315402023e0101

Mots-clés :

povos indígenas, etnogenocídio, povo guarani, contracolonização

Résumé

Este artigo teve como objetivo problematizar, através de perspectivas guarani, algumas das racionalidades que sustentam os binarismos da colonização, como os que dividem etnocídio e genocídio, humano e animal, selvagem e civilizado, tempo e eternidade. Reconhecendo que as violências coloniais não são um processo finalizado, o artigo busca contribuir para um diagnóstico acerca da atualização dessas violências, ao mesmo tempo em que procura compartilhar algumas das resistências guarani a elas. A partir de uma pesquisa qualitativa em Trabalhos de Conclusão de Curso de acadêmicos do povo guarani, formados no Curso de Licenciatura Indígena Intercultural do Sul da Mata Atlântica, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o artigo apresenta perspectivas guarani acerca da colonização, seus efeitos e meios de resistência. Como resultado, a pesquisa aponta a importância de que perspectivas indígenas sejam cada vez mais reconhecidas como epistemologias válidas para se pensar e combater racismo e etnogenocídio, pois, além do diagnóstico das violências coloniais, também apontam pistas para o reflorestamento do imaginário, não só para povos indígenas, mas para todos os demais seres.

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Publiée

2023-12-29

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NÚÑEZ, Geni. Perspectivas guarani sobre binarismos da colonização: caminhos para além das monoculturas. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 15, n. 40, p. e0101, 2023. DOI: 10.5965/2175180315402023e0101. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180315402023e0101. Acesso em: 23 déc. 2024.