Uma reflexão biopolítica sobre a associação entre suicídio e uso nocivo de drogas

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.5965/2175180315382023e0106

Mots-clés :

suicídio, drogas, biopolítica

Résumé

Des études épidémiologiques indiquent l'existence d'une corrélation statistique entre l'utilisation de substances psychoactives et les décès par suicide. Bien qu'il n'y ait aucune preuve d'une relation causale, cette association est basée sur des discours construits sur la logique du risque et de la prévention, qui ont un fort caractère de contrôle du comportement et d'évaluation morale. Dans ce texte, basé sur une histoire du présent, nous analysons comment la relation entre la consommation de drogue et le suicide est comprise. Nous discutons le rôle des concepts de discipline, de normalisation, de biopolitique et de risque dont ces comportements sont considérés comme juridiquement et socialement dangereux, plaçant les sujets hors du registre de la raison et du droit.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur

Sandra Caponi, Universitat Rovira i Virgili

Doutora em Lógica e Filosofia da Ciência pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora titular do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Medical Anthropology Research Center (MARC), Department of Anthropology, Philosophy and Social Work- Universitat Rovira i Virgili.

Diogo De Oliveira Boccardi, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutorando no Programa Interdisciplinar de Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Références

AGAMBEN, G. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.

ALVES, A. A. M.; RODRIGUES, N. F. R. Determinantes sociais e econômicos da saúde mental. Rev. Port. Saúde Pública, [s.l.], v. 28, n. 2, p. 127-131, 2010.

BASTOS, R. L. Suicídio: estudo psicossocial. Rio de Janeiro: E-papers, 2006.

BERTOLOTE, J. M. O suicídio e sua prevenção. São Paulo: Editora UNESP, 2012.

BERTOLOTE, J. M.; DE LEO, D. Global suicide mortality rates: a light at the end of the tunnel? Crisis: The Journal of Crisis Intervention and Suicide Prevention, [s.l.], v. 33, n. 5, p. 249-253, 2012. DOI:10.1027/0227-5910/a000180. Disponível em: https://econtent.hogrefe.com/doi/10.1027/0227-5910/a000180. Acesso em: 13 jan. 2021.

BERTOLOTE, J. M.; FLEISCHMANN, A. Suicídio e doença mental: uma perspectiva global. In: WERLANG, B. S. G.; BOTEGA, N. J. (eds.). Comportamento suicida. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 35-44.

BRECHT, B. Aquele que diz sim e aquele que diz não: teatro completo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. v. 3.

BREZO, J. et al. The genetics of suicide: a critical review of molecular studies. Psychiatr Clin North Am, [s.l.], v. 31, p. 179-203, 2008.

CAPONI, S. Classificar e medicar: a gestão biopolítica dos sofrimentos psíquicos. In: CAPONI, S.; ASSMANN, S. (orgs.). A medicalização da vida como estratégia biopolítica. São Paulo: Ed. LiberArs, 2013. p. 99- 119.

CASTIEL, L. D. Risco e hiperprevenção: o epidemiopoder e a promoção de saúde como prática biopolítica com formato religioso. In: NOGUEIRA, R. P. (org.). Determinação social da saúde e reforma sanitária. Rio de Janeiro: Cebes, 2010. p. 161-179.

CASTIEL, L. D. Utopia/atopia - alma ata, saúde pública e o “Cazaquistão”. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 62-83, dez 2012.

CASTIEL, L. D.; DIAZ, C. A. D. A saúde persecutória: os limites da responsabilidade. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007.

CARNEIRO, H. S. Pequena enciclopédia da história das drogas e bebidas: história e curiosidades sobre as mais variadas drogas e bebidas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

COIMBRA, C. Operação Rio: o mito das classes perigosas: um estudo sobre a violência urbana, a mídia impressa e os discursos de segurança pública. Rio de Janeiro: Oficina do Autor; Niterói: Intertexto, 2001.

CONRAD, P. The medicalization of society: on the transformation of human conditions into treatable disorders. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2007.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para a atuação de psicólogas/os em políticas públicas de álcool e outras drogas. Brasília: CFP, 2013.

DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

DE LEO, D. Prefácio. In: BERTOLOTE, J. M. O suicídio e sua prevenção. São Paulo: Editora UNESP, 2012. p. 7-14.

ELKASHEF, A.; VOCCI, F. Biological markers of cocaine addiction: implications for medications development. Addict. Biol., [s.l.], v. 8, p. 123-139, 2003.

FERREIRA JR., A. O comportamento suicida no Brasil e no mundo. Revista Brasileira de Psicologia, Salvador, v. 2, n. 1, p.15-28, 2015.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. São Paulo: Graal; 1984.

FOUCAULT, M. Dits et écrites III. Paris: Gallimard, 1994a.

FOUCAULT, M. Dits et écrites IV. Paris: Gallimard, 1994b.

FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2012.

FOUCAULT, M. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). São Paulo: Martins Fontes, 2018.

GORWOOD, P. Biological markers for suicidal behavior in alcohol dependence. Eur Psychiatry, [s.l.], v. 16, n. 7, p. 410-417, 2001.

INSKIP, H. M.; HARRIS, E. C.; BARRACLOUGH B. Lifetime risk of suicide for affective disorder, alcoholism and schizophrenia. Br J Psychiatry, [London], v. 172, p. 35-37, 1998.

JOINER, T. E. et al. Association between serotonin transporter gene polymorphism and family history of attempted and completed suicide. Suicide Life Threat Behav, [s.l.], v. 32, p. 329-332, 2002.

LOPES, F. H. Suicídio & saber médico: estratégias históricas de domínio, controle e intervenção no Brasil do século XIX. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.

MAX, R.; DANZIATO, L. Drogas, biopolítica e subjetividade: interfaces entre psicanálise e genealogia. In: Revista Subjetividades, Fortaleza, v. 15, n. 3, p. 417-427, dez. 2015.

MITJAVILA, M. Medicalização, risco e controle social. Tempo Social, revista de sociologia da USP, [São Paulo], v. 27, n. 1, p. 117-138, 2015.

MONCRIEFF, J. The myth of the chemical cure: a critique of psychiatric drug treatment. New York: Palgrave Macmillan, 2008.

OECD. Society at a Glance 2014: the crisis and its aftermath. In: OECD PUBLISHING, [s.l.], 2014. DOI:10.1787/soc_glance-2014-em. Disponível em: https://read.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/society-at-a-glance-2014_soc_glance-2014-en#page7. Acesso em: 13 jan. 2021.

PREUSS, U. W.; SCHUCKIT M. A.; SMITH T. L.; DANKO G. P.; BUCKMAN K. et al. Comparison of 3190 alcohol-dependent individuals with and without suicide attempts. Alcohol Clin Exp Res, [New York], v. 26, p. 471-477, 2002.

PREUSS, U.; SCHUCKIT, M. A.; SMITH, T.; DANKO, G. P.; BUCHOLZ, K. K.; HESSELBROCK, M.; KRAMER, J. R. Predicotors and correlates of suicide attempts over 5 years in 1,237 alcohol-dependent men and women. Am J Psychiatry, [s.l.], v. 160, p. 56-63, 2003.

ROMANINI, M.; ROSO, A. Midiatização da cultura, criminalização e patologização dos usuários de crack: discursos e políticas. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 21, p. 483-497, 2013.

SANCHES, R.; ROCHA, L. Poder soberano e biopolítica no combate às drogas no Brasil. Revista de Psicologia da UNESP, [Assis], v. 10(1), p. 75-88, 2011.

SCHEERER, S. Estabelecendo o controle sobre a cocaína (1910-1920). In: GONSALVES, O. D.; BASTOS, F. I. Drogas é legal?: um debate autorizado. Rio de Janeiro: Imago, 1993. p. 169-192.

SILVEIRA, D. X.; FIDALGO, T. M.; DI PIETRO, M.; SANTOS JR., J. G.; OLIVEIRA, L. Q. Is drug use related to the choice of potentially more harmful methods in suicide attempts? Substance abuse: Research and Treatment, [Auckland], v. 41, p. 41-43, 2014. DOI:10.4137/SART.S13851. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4051791/. Acesso em: 13 jan. 2021.

SINHA, R. New findings on biological factors predicting addiction relapse vulnerability. Current Psychiatry Reports, [s.l.], v. 13 , n. 5, p. 398-405, 2011. DOI: 10.1007/s11920-011-0224-0. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11920-011-0224-0. Acesso em: 13 jan. 2021.

SOUZA, J. et al. Ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: UFMG, 2009.

WHO. Preventing suicide: a global imperative. [s.l.: who], 2014. Disponível em: http://apps.who.int/iris/ bitstream/10665/131056/1/9789241564779. Acesso em: 13 jan. 2021.

WOJNAR, M.; BROWER K. J.; JAKUBCZYK, A.; ŻMIGRODZKA, I.; BURMEISTER, M. et al. Influence of impulsiveness, suicidality, and serotonin genes on treatment outcomes in alcohol dependence – a preliminary report. Archives of Psychiatry and Psychotherapy, [s.l.], v. 3, p. 13-18, 2007.

ZORZANELLI, R. T.; ORTEGA, F.; BEZERRA JUNIOR, B. Um panorama sobre as variações em torno do conceito de medicalização entre 1950-2010. Cienc Saude Colet., Rio de Janeiro, v. 19, n. 6, p. 1859-1868, 2014.

Publiée

2023-04-18

Comment citer

CAPONI, Sandra; DE OLIVEIRA BOCCARDI, Diogo. Uma reflexão biopolítica sobre a associação entre suicídio e uso nocivo de drogas. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 15, n. 38, p. e0106, 2023. DOI: 10.5965/2175180315382023e0106. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180315382023e0106. Acesso em: 20 mai. 2024.

Numéro

Rubrique

Artigos