Responsabilidade da história, responsabilidade do historiador: o “momento CNV” como turn point da historiografia da história do tempo presente e seus novos desafios

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DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180316432024e0102

Palabras clave:

história do tempo presente, momento CNV, responsabilidade da história, responsabilidade do historiador

Resumen

Este ensaio parte do pressuposto que, no contexto brasileiro, o “momento CNV” permitiu vir à tona de maneira mais explícita o giro temporal na história, que tem levado os historiadores do tempo presente a pensarem respostas epistemológicas para definir o campo e as formas de nele atuar. A proposta parte da ideia de responsabilidade pelo mundo, de Hannah Arendt, aqui entendida como uma responsabilidade da história. Na segunda e maior parte, o texto percorre a ideia de responsabilidade do historiador, a partir da tríade proposta por Bedárida (crítica, ética e cívica) apontando e refletindo sobre algumas questões de método e teoria, como o trabalho multidisciplinar e as reflexões sobre as temporalidades. Quanto aos eixos ético e também cívico, que passo a chamar de social, a análise central perpassa pela discussão sobre a verdade, se desdobrando em reflexões sobre a verdade factual e a verdade do método como maneira de se diferenciar da opinião, entendendo esses e outros desafios do historiador que se propõe a refletir e escrever sobre seu tempo.

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Publicado

2024-12-18

Cómo citar

MÜLLER, Angélica. Responsabilidade da história, responsabilidade do historiador: o “momento CNV” como turn point da historiografia da história do tempo presente e seus novos desafios. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 16, n. 43, p. e0102, 2024. DOI: 10.5965/2175180316432024e0102. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180316432024e0102. Acesso em: 25 dic. 2024.