Sob a perspectiva global: as solidariedades transnacionais das e às mulheres brasileiras exiladas na França e em Portugal

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DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180314352022e0107

Resumen

A perspectiva de análise da história global fornece aspectos pertinentes para pensar as conexões entre pessoas, projetos, grupos políticos e ideias. O objetivo deste artigo é analisar, sob a perspectiva da história global, as solidariedades transnacionais que se voltaram às mulheres brasileiras ou às quais elas integraram durante o exílio da ditadura militar brasileira na França e em Portugal. Isto é, busca-se demonstrar as conexões entre as brasileiras e as francesas e entre as brasileiras e as portuguesas. A história global auxiliará na compressão das solidariedades transnacionais e das solidariedades feministas ou femininas que existiram no período, a partir do slogan da época: sisterhood is global. O recorte temporal estabelecido é a partir de 1973 (ano do golpe do militar no Chile, que levou muitas latino-americanas à Europa) até 1979 (quando se deu a Lei de Anistia nº 6.683). As fontes principais são os documentos do Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris, e do Movimento Democrático de Mulheres de Portugal, e os jornais Nosotras, do Grupo Latino-Americano de Mulheres em Paris. Também, a fim de complementar algumas informações, foram utilizados os informes do Centro de Informação de Exterior (CIEx) e três entrevistas de ex-exiladas.

Palavras-chave: mulheres exiladas; solidariedades transnacionais; perspectiva global.

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Biografía del autor/a

Eloisa Rosalen, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutora em História pela Universidade Federal de Santa Catarina com estágio doutoral na Università Ca' Foscari Venezia

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Publicado

2022-04-30

Cómo citar

ROSALEN, Eloisa. Sob a perspectiva global: as solidariedades transnacionais das e às mulheres brasileiras exiladas na França e em Portugal. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 14, n. 35, p. e0107, 2022. DOI: 10.5965/2175180314352022e0107. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180314352022e0107. Acesso em: 17 jul. 2024.