Travesti: textos-vestígios na construção de uma identidade - Jornal Lampião da Esquina (1978-1981)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180312292020e0106

Resumo

A pesquisa analisa as construções discursivas da imagem de travestis, no jornal Lampião da Esquina (1978-1981). O estudo traz aspectos que colaboram para ampliar o entendimento de como a identidade das travestis foi se construindo enquanto identidade política, durante as décadas de 70 e 80. Ainda, contribui para o entendimento de como as identidades de lésbicas, gueis/gays, bissexuais, travestis e transexuais se afirmaram e se constituíram como força política no Brasil. A partir da metodologia da análise de conteúdo, buscamos identificar o gênero sócio gramatical a que se referem os autores do jornal sobre travestis, percebendo como o uso comum dos condicionantes gramaticais masculinos ou femininos contribuiu para a afirmação/criação das identidades travestis. Da mesma forma, identificamos uma polaridade conflituosa nos discursos do jornal entre as expressões fazer e ser travesti.

 

Palavras-chave: Travesti. Identidade. Gênero. Lampião da Esquina. Imprensa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ronaldo Pires Canabarro, Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Doutorando em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas - FGV

Técnico em Assuntos Educacionais - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 

Marlise Regina Meyrer, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS

Dra. em História pela PUCRS

Professora do Programa de Pós-Graduação em História da  Pontífícia Universidade Católica do Rio Grande do SUL - PUCRS

Area de atuação: História e Imagem, Imigração alemã, Imprensa e Gênero.

Referências

AMARAL, M., S., CRUZ, K., O., SILVA, T. C., TONELI, M. J. F. (2014) “Do travestismo às travestilidades”: uma revisão do discurso acadêmico no Brasil entre 2001-2010. Psicologia & Sociedade, 26(2), 301-311.

BARDIN, Lawrence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BELMONTE, Pilar. História da Homossexualidade: ciência e contra-ciência no Rio de Janeiro (1970-2000), Rio de Janeiro, Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) - Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz, 2009.

BENEDETTI, Marcos. Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

BENTO, Berenice. O que é transexualidade. São Paulo: Brasiliense, 2008.

BENTO, Berenice; PELÚCIO, Larissa. A despatologização do gênero: a politização das identidades abjetas. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 20, n. 2, p. 569-581, maio/ago. 2012.

BÖER, Alexandre (Org.). Construindo a igualdade: a história da prostituição de travestis em Porto Alegre. Porto Alegre: Igualdade: 2003.

BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. Nova York: Routledge, 1990.

________. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. In: LOURO, Guacira (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p.151-172.

CADENGUE, Rogério Bastos. A comunicação em comunidades homossexuais. In: MELO, José Marques de; EPSTEIN, Isaac; FRANCO, Maria Sylvia Carvalho (Orgs.). Comunicação e classes subalternas. São Paulo: Cortez, 1980. p.186-197.

CÂMARA, Cristina. Cidadania e orientação sexual: a trajetória do grupo Triângulo Rosa. Rio de Janeiro: Academia Avançada, 2002.

CARDOSO, F. (2005). Inversões do papel de gênero: “drag queens”, travestismo e transexualismo. Psicologia Reflexão e Crítica, 18(3), 421-430

CARDOZO, Fernanda. Parentesco e Parentalidades de Travestis em Florianópolis. Florianópolis: NIGS, n.1, v.1, ano 2010.

CARVALHO, Mario; CARRARA, Sérgio. Em direito a um futuro trans? – contribuição para a história do movimento de travestis e transexuais no Brasil. Sexualidad, Salud y Sociedad, Rio de Janeiro, n. 14, ago. 2013.

COUTINHO, Laerte. Roda Viva, São Paulo: TV Cultura, 20 de fevereiro de 2012. Programa de TV.

DUQUE, Tiago. Gêneros incríveis: identificação, diferenciação e reconhecimento no ato de passar por. 2013. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013.

DUQUE, Tiago. (2009). Montagens e desmontagens: vergonha, estigma e desejo na construção das travestilidades na adolescência. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP.

FACCHINI, Regina. Sopa de letrinhas? Movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 1990. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque. 17. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2006.

FRY, Peter. Para inglês ver: identidade e política na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

GREEN, James Naylor. “Mais amor e mais tesão”: a construção de um movimento brasileiro de gays, lésbicas e travestis. Cadernos Pagu, Campinas, n. 15, p. 271-295, 2000.

HIRSCHFELD, Magnus. Transvestites: the erotic drive to cross-dress. Nova York: Prometheus Books, 1991.

HOUAISS, Antônio. Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.

KULICK, Don. Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil. Tradução de Cesar Gordon. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2008.

LANZ, Letícia. O Corpo da Roupa. A pessoa transgênera entre a conformidade e a transgressão das normas de gênero. Uma introdução aos estudos transgêneros. Curitiba: Transgente, 2015.

LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos até Freud. Tradução de Vera Whately. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

LEITE JÚNIOR, Jorge. Nossos corpos também mudam: sexo, gênero e a invenção das categorias “travesti” e “transexual” no discurso médico científico. 2008. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2008.

LIMA, A. (2009). Quem sou eu: autorrepresentações de travestis no Orkut. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Cultura e Artes, Universidade Federal de Goiás.

NOGUEIRA, F. (2009). A saga da beleza: corpo e travestilidade em Fortaleza-CE. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

PATRÍCIO, M. (2008). No truque: transnacionalidade e distinção entre travestis brasileiras. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduaçãoem Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

PELÚCIO, Larissa. Abjeção e desejo: uma etnografia travesti sobre o modelo preventivo de aids. São Paulo: Annablumme / FAPESP, 2009.

PELÚCIO, Larissa. (2005). Na noite nem todos os gatos são pardos: notas sobre a prostituição travesti. Cadernos Pagu,25, 217-248.

RODRIGUES, Rita de Cássia Colaço. De Daniele a Chrysóstomo: quando travestis, bonecas e homossexuais entram em cena. 2012. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2012.

SILVA, Andréia Cristina Lopes Frazão da. Implicações metodológicas da aplicação da categoria gênero de matriz pós-modernista em estudos históricos. In: ANDRADE, Marta Mega de; SEDREZ, Lise Fernanda; MARTINS, William de Souza (Orgs.). Corpo: sujeito e objeto. Rio de Janeiro: Ponteio, 2012. p. 61-80.

SILVA, Hélio R. S. Travestis: entre o espelho e a rua. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

SIMÕES, Júlio Assis; FACCHINI, Regina. Na trilha sonora do arco-íris: do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2009. (Coleção História do Povo Brasileiro)

Downloads

Publicado

2020-04-30

Como Citar

CANABARRO, Ronaldo Pires; MEYRER, Marlise Regina. Travesti: textos-vestígios na construção de uma identidade - Jornal Lampião da Esquina (1978-1981). Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 29, p. e0106, 2020. DOI: 10.5965/2175180312292020e0106. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180312292020e0106. Acesso em: 16 abr. 2024.