Pensamento social brasileiro e (trans) feminismos negros: contribuições de intelectuais travestis e mulheres negras na interpretação do Brasil

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.5965/19847246252024e0107

Mots-clés :

transfeminismo negro, feminismo negro, pensamento social brasileiro, interpretação do Brasil, intelectuais negras

Résumé

Historicamente, o campo do Pensamento Social Brasileiro canonizou as interpretações do Brasil desenvolvidas por homens brancos cis héteros de classe média e alta ao mesmo tempo que negligenciou e/ou silenciou as interpretações desenvolvidas pelas intelectualidades negras, indígenas, (trans) feministas e de periferia. Por isso, este artigo resgata as contribuições de travestis e mulheres negras e suas respectivas interpretações do Brasil. Para tanto, elegeu-se Lélia Gonzalez (1ª geração), Cida Bento e Sueli Carneiro (2ª geração) e Megg Rayara Gomes de Oliveira (3ª geração) para discutir as convergências e especificidades de seus (Trans) Feminismos Negros que as diferenciam frente aos teóricos “clássicos”. Assim, o debate focou em 3 pontos principais: 1) a interpretação interseccional do Brasil com foco nas desigualdades e violências que o racismo, o sexismo e a homotransfobia causam na aniquilação da humano-dignidade e cidadania da população negra; 2) os diálogos teóricos com outras intelectualidades negras; e 3) a consideração das resistências da população negra, tanto em termos teóricos quanto nas suas próprias práticas, sem separar intelectualidade e militância. Conclui-se que tais interpretações expõem as contradições e negações do Brasil oficial, sendo fundamental considerar a intelectualidade de travestis e mulheres negras, bem como suas respectivas contribuições ao Pensamento Social Brasileiro, ao Pensamento (Trans) Feminista e ao Pensamento Social Negro Brasileiro como modo de complexificar os entendimentos sobre o que é o Brasil.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Victor de Jesus, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Références

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019.

ASSIS, Dayane N. Conceição de. Interseccionalidades. Salvador: UFBA, 2019.

BENTO, Cida. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BRITO, Antônio; GALETTI, Camila; NEVES, Fabrício. Percursos do Pensamento Social no Brasil. Revista Textos Graduados, Brasília, v. 7, n. 1, p. 15-26, 2021.

CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2021.

CONNELL, Raewyn. A iminente revolução na teoria social. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 27, n. 80, p. 9-20, 2012a.

CONNELL, Raewyn. O Império e a criação de uma Ciência Social. Contemporânea, São Carlos, v. 2, n. 2, p. 309-336, 2012b.

CRENSHAW, Kimberlè. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativo ao gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

FLICK, Uwe. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Porto Alegre: Penso, 2013.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

HOOKS, Bell. E eu não sou uma mulher? mulheres negras e feminismo. 12. ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2023.

IANNI, Octavio. Tendências do pensamento brasileiro. Tempo Social, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 55-74, 2000.

NASCIMENTO, Letícia Carolina Pereira do. Transfeminismo. São Paulo: Jandaíra, 2021.

ODARA, Thiffany. Pedagogia da desobediência: travestilizando a educação. Salvador: Editora Devires, 2020.

OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. Nem ao centro, nem à margem! corpos que escapam às normas de raça e de gênero. Salvador: Editora Devires, 2020.

ORTIZ, Renato. Imagens do Brasil. Sociedade e Estado, Brasília, v. 28, n. 3, p. 609-633, 2013.

PERRUSO, Marco Antonio. Classificações do pensamento brasileiro em perspectiva sociológica. Lua Nova, São Paulo, v. 111, p. 211-248, 2020.

RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Pólen, 2019.

SILVA, Mário Augusto Medeiros da. Um pensamento social negro brasileiro, após os anos 1930. Revista USP, São Paulo, n. 133, p. 47-62, 2022.

TAVOLARO, Sergio B. F. Interpretações do Brasil e a temporalidade moderna: do sentimento de descompasso à crítica epistemológica. Sociedade e Estado, Brasília, v. 36, n. 3, p. 1059-1082, 2021.

TOLENTINO, Thiago Lenine Tito. Pensamento Social Brasileiro em perspectiva: história, teoria e crítica. História da Historiografia, [s. l.], v. 12, n. 31, p. 338-379, 2019.

Publiée

2024-05-20

Comment citer

JESUS, Victor de. Pensamento social brasileiro e (trans) feminismos negros: contribuições de intelectuais travestis e mulheres negras na interpretação do Brasil. PerCursos, Florianópolis, v. 25, p. e0107, 2024. DOI: 10.5965/19847246252024e0107. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/24366. Acesso em: 21 nov. 2024.

Numéro

Rubrique

Dossiê 2024/1 "As intelectualidades negras na compreensão do Brasil"