Os “corpos em aliança” nas intersecções entre o coletivo musical Teto Preto e o contexto da festa Mamba Negra
DOI:
https://doi.org/10.5965/19847246252024e0302Palabras clave:
estudos da performance, música popular, política, Teto Preto, Mamba NegraResumen
O presente artigo visa analisar como os “corpos em aliança” se dão nas intersecções entre o texto do grupo musical Teto Preto e o contexto da festa Mamba Negra. Após uma breve apresentação do objeto de análise, apresentamos aspectos principais da “teoria performativa de assembleia”, de Judith Butler, que formam nosso repertório crítico. Na sequência, sob a perspectiva metodológica dos estudos da performance, realizamos uma análise de materiais selecionados da performance do Teto Preto articulando-os às condições performativas da Mamba Negra. Como resultados, destacamos como o grupo vocaliza o contexto da festa, sobretudo, no que diz respeito à união de corpos vulneráveis na luta por reconhecimento político. Além disso, destacamos a estratégia política de construção de espaços destinados ao aparecimento desses corpos que, em coalizão, estabelecem laços de reconhecimento recíproco que os fortalecem na busca por vidas menos precarizadas. A Mamba Negra e o Teto Preto, assim, são um exemplo de uma ação política a partir de estruturas coletivamente construídas e interdependentes, como no formato butleriano de “assembleia”, que ocorre não só nas manifestações de rua e de suas reivindicações políticas, mas também em espaços como o da festa e demais expressões do entretenimento, como a música popular, a dança e os produtos audiovisuais.
Descargas
Citas
BATE MAIS. Intérprete: Teto Preto. Compositores: Angela Carneosso e Teto Preto. In. Pedra Preta. Intérprete: Teto Preto. [S.I.]: Mamba Rec, 2018. 1 LP, Lado B, faixa 4.
BATISTA, Paula Carolina. O quilombismo em espaços urbanos: 130 anos após a abolição. Extrapensa, São Paulo, v. 12, p. 397-416, set. 2019. Número especial.
BUCCI, Eugênio. A forma bruta dos protestos: das manifestações de junho de 2013 à queda de Dilma Rousseff em 2016. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Tradução: Fernanda Siqueira Miguens. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019a.
BUTLER, Judith. Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo”. Tradução: Veronica Daminelli, Daniel Yago Françoli. São Paulo: n-1 edições; Crocodilo Edições, 2019b.
BUTLER, Judith. La fuerza de la no violencia. Tradução: Marcos Pablo Mayer. Ciudad de México: Paidós, 2022.
BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Tradução: Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.
CASA DO POVO. Site oficial. São Paulo, 2023. Disponível em: https://casadopovo.org.br. Acesso em: 13 fev. 2024.
CASHU; DIAZ, Laura. Mamba Negra, um veneno que você vai querer provar. [Entrevista cedida a] Georgia Kirilov. Troally. Florianópolis, 2016. Disponível em: https://alataj.com.br/troally/mamba-negra. Acesso em: 11 jan. 2023.
CASHU. Mamba Negra faz cinco anos virando noites em fábricas desativadas de São Paulo. Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, 4 dez. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/12/mamba-negra-faz-cinco-anos-virando-noites-em-fabricas-desativadas-de-sp.shtml. Acesso em: 14 fev. 2023.
CASHU. Mamba Negra, festa de rua ícone da resistência LGBTQIA+ em SP celebra 8 anos. [Entrevista cedida a] Bruna Moura. Music non stop, São Paulo, 4 ago. 2021. Disponível em: https://musicnonstop.uol.com.br/mamba-negra-8-anos-entrevista-com-cashu/. Acesso em: 14 fev. 2023.
CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
COHEN, Renato. Performance como linguagem: criação de um tempo-espaço de experimentação. São Paulo: Perspectiva, 2013.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução: Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
DIAZ, Laura. Entrevista Angela Carneosso: devolvendo à paisagem os vômitos da experiência. [Entrevista cedida a] Thiago Cidade. Revista Noize. Porto Alegre, 2017. Disponível em: https://noize.com.br/entrevista-angela-carneosso-devolvendo-paisagem-os-vomitos- da-experiencia/. Acesso em: 8 set. 2022.
DIAZ, Laura. Qual será o futuro do Mamba Negra? [S.l.: s.n.] 2018. 1 vídeo. (6 min.). Publicado pelo canal Emerge Mag. Disponível em: https://youtu.be/4Dmj2hWQ8nk. Acesso em: 13 jan. 2023.
EM D+ÍVIDAS. Intérpretes: Teto Preto. Compositores: Angela Carneosso e Teto Preto. In. Pedra Preta. Intérprete: Teto Preto. [S.I.]: Mamba Rec, 2018. 1 LP, Lado A, faixa 3.
FERREIRA FILHO, Renato Gonçalves. A moldura do desnudamento. Tensionamentos do dispositivo nudez/veste no figurino de Fábia Bercsek para a performance musical de Laura Diaz (Teto Preto). dObra[s] – Revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda. [S. l.], n. 36, p. 243-257, 2022a.
FERREIRA FILHO, Renato Gonçalves. Comunhão, violência e desobediência. Alguns sentidos políticos pós-jornadas de 2013 sintetizados em “Gasolina”, do Teto Preto. In: CARRASCOZA, João Anzanello (org.). O sumo e o consumo sonoro. Notas artísticas e comunicacionais. São Paulo: Pimenta Cultural, 2024. p. 53-65.
FERREIRA FILHO, Renato Gonçalves. Das festas clandestinas aos festivais internacionais de música eletrônica. Circuitos simbólicos e sentidos políticos a partir dos locais de performance do coletivo Teto Preto (2018-2019). In: ANAIS DO 46º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS. Campinas, 2022b.
FERREIRA FILHO, Renato Gonçalves. “Gasolina neles!” Estéticas do inquietante na música popular no Brasil pós-2013 a partir do coletivo Teto Preto. In. ANAIS DO 2º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE RELAÇÕES SISTÊMICAS DA ARTES. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do suL, 2020.
GOHN, Maria da Glória. Manifestações de junho de 2013 no Brasil e praças dos indignados no mundo. Petrópolis: Vozes, 2014.
KULICK, Don. Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no brasil. Tradução: Cesar Gordon. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.
MAMBA Negra. Lembrando as novas kokobras que a Mamba Negra é uma festa [...]. [S. l.], 16 jul. 2022. Twitter: @MAMBANEGRAHHHH. Disponível em: https://x.com/MAMBANEGRAHHHH/status/1548349838617501696. Acesso em: 14 fev. 2023.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução: Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MEU PISÊRO (Teto Preto Remix Explicit). Intérprete: Duda Beat. Compositores: Eduarda Bittencourt Simões, Laura Vaz Lobato Diaz, Lucas Antunes Ferreira, Matheus Barros Dornellas, Tomas Brandão de Carvalho Troia. In. T3 4M0 L4 F0R4 RMX. Intérprete: Duda Beat. [S.I.]: Duda Beat, 2023. 1 CD, faixa 10.
NEIN, Lilo. Anatomies of Possible Speaking Positions: Performance and Intertextuality. In. DERTINIG, Carola; THUN-HOHENSTEIN, Felicitas (org.). Performing the sentence: research and teaching in performative fine arts. Berlim: Sternberg Press, 2014. p. 76-83.
PEREIRA, Bruna Cristina Jaquetto. Batekoo: território de afetos. Arquivos do CMD, Brasília, v. 8, n. 2, p. 58-77, jul./dez. 2019.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017.
SALIH, Sarah. Judith Butler e a teoria queer. Tradução: Guacira Lopes Louro. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
SOBREVIVENTE DE RAVE. Intérpretes: Deize Tigrona e Laura Diaz. Compositores: Deize Tigrona e Teto Preto. In: SOBREVIVENTE DE RAVE. Intérprete: Deize Tigrona. [S.I.]: Deize Tigrona, 2022. 1 CD, faixa 3.
SONTAG, Susan. Notas sobre o camp. In: SONTAG, Susan. Contra a interpretação: e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. p. 346-367.
SPIVAK, Gayatri Chakravorly. Pode o subalterno falar? Tradução: Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. Tradução: Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 PerCursos
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.