O espontaneísmo da pedagogia da infância versus a diretividade e criticidade da escola unitária: as contribuições de Gramsci para pensar a educação infantil na Rede Municipal de Florianópolis
DOI:
https://doi.org/10.5965/19847246252024e0206Palabras clave:
escola unitária, Gramsci, pedagogia da infância, currículo, FlorianópolisResumen
O presente artigo recupera a formulação de Gramsci (1891-1937) sobre a Escola Unitária para problematizar os limites das pedagogias ativas, das quais a Pedagogia da Infância é tributária. Tem como objeto de análise os principais documentos para a primeira etapa da educação básica, que orientam o trabalho pedagógico das professoras e professores da Rede Municipal de Educação (RME) em Florianópolis: Diretrizes Educativas Pedagógicas para a Educação Infantil (2010); Orientações Curriculares para a Educação Infantil Municipal (2012); Currículo da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis (2015). A análise desses documentos é realizada à luz das contribuições de Gramsci, essencial revolucionário comunista, que pensou a necessidade da superação da sociedade de classes. Examinou-se a concepção de educação e formação para a educação infantil e os limites da espontaneidade da criança como critério prioritário na organização curricular, em contraposição à diretividade como elemento tático no processo de elevação cultural das massas. Considera-se que o espontaneísmo da criança, por mais sedutor que pareça, não pode prescindir de uma diretividade ancorada no professor, como aquele que reúne as condições necessárias para socializar o conhecimento científico - via de regra, negado às classes trabalhadoras-, e confrontar o conhecimento espontâneo, folclórico, circunscrito ao senso comum, com vista a promover uma formação crítica à sociedade de classes e que proporcione as condições de formar dirigentes que disputarão a hegemonia por um projeto de sociedade sem classes.
Descargas
Citas
ARCE, A. Pedagogia da infância ou fetichismo da infância? In: DUARTE, N. (org.). Crítica ao fetichismo da individualidade. Campinas: Autores Associados, 2004. p. 145-168.
ARCE, A.; MARTINS, L. M. (orgs.). Quem tem medo de ensinar na educação infantil? em defesa do ato de ensinar. 4. ed. Campinas: Alínea, 2021.
BANCO MUNDIAL. Aprendizagem para todos: estratégia 2020 para a educação do Grupo
Banco Mundial: resumo executivo. Washington, DC: Banco Mundial, 2011.
DORE, R. Escola nova versus escola unitária: contribuições para o debate. Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 24, p. 141-160, 1996.
DORE, R. Pesquisa educacional no Brasil sobre o programa da escola nova. In: GONÇALVES, Luiz Alberto Oliveira (org.). Currículo e políticas públicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 63-104.
DUARTE. N. O debate contemporâneo das teorias pedagogicas. In: MARTINS, L. M; DUARTE, N. (orgs.). Formacao de professores: limites contemporâneos e alternativas necessárias [online]. Sao Paulo: Editora UNESP: Cultura Academica, 2010. p. 33- 49. Diponível em: https://books.scielo.org/id/ysnm8. Acesso em: 15 fev. 2024.
DUARTE, N. Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pósmodernas da teoria vigotskiana. 5. ed. Campinas: Autores Associados, 2011.
FLORIANÓPOLIS. Diretrizes educacionais pedagógicas para a educação infantil. Florianópolis: Prelo Gráfica e Editora Ltda., 2010.
FLORIANÓPOLIS. Orientações curriculares para a educação infantil da rede municipal de Florianópolis. Florianópolis: CGP Solutions, 2012.
FLORIANÓPOLIS. Prefeitura Municipal de Florianópolis. Secretaria Municipal de Educação. Currículo da educação infantil da rede municipal de ensino de florianópolis: volume III. Florianópolis: CGP Solutions, 2015.
FLORIANÓPOLIS. Base Nacional Comum Curricular e os documentos da curriculares municipais da educação infantil de Florianópolis: recontextualização curricular. Florianópolis: Secretaria municipal de educação, 2021.
GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere, volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere, volume 2. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere, volume 3. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
GUTIERREZ, Laurent. Reinventar uma coesão para garantir a legitimidade de suas propostas de reforma do ensino: o exemplo da Liga Internacional para a Educação Nova (LIEN). Cadernos de História da Educação, Uberlândia, v. 20, e036, 2021. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-78062021000100200&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 29 nov. 2023.
LAMARE, F. F. Ser criança” no Brasil para a agenda pós-moderna: proposições e disputas. Germinal: marxismo e educação em debate, Salvador, v. 14, n. 3, p. 384-402, dez. 2022. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/51405. Acesso em: 20 fev. 2024.
LAZARETTI, L.; MELLO, M. Como ensinar na educação infantil? reflexões sobre a didática e o desenvolvimento da criança. Pedagogia Histórico-Crítica legado e perspectivas, Uberlândia, v. 1, p. 123-139, 2018.
LAZARETTI, L. M.; ARRAIS, L.F.L. O que cabe no currículo da educação infantil? um convite à reflexão. Educ. Anál., Londrina, v. 3, n. 2, p. 27-46, jul./dez. 2018.
MANACORDA, M. A. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
MARX, K. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.
NETTO, J. P. Economia política: da origem à crítica marxiana. In: NETTO, J. P.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2006. p. 27-40.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Educação 2030 - Declaração de Incheon: rumo a uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e à educação ao longo da vida para todos. Paris: Unesco, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3LuhkJq. Acesso em: 12 fev. 2024.
PASQUALINI, J. C.; LAZARETTI, L. M. Que educação infantil queremos? um manifesto em defesa da educação escolar para crianças pequenas. Bauru: Miraveja, 2022.
PRADO, A. E. F. G; AZEVEDO, H. H. O. de. Currículo para a educação infantil argumentos acadêmicos e propostas de educação para crianças de 0 a 5 anos. In: ARCE, A.; JACOMELI, M.R. M. (org.). Educação infantil versus educação escolar. Campinas: Autores Associados, 2012. p. 33-52.
PRONKO, M. O Banco Mundial no campo internacional da educação. In: PEREIRA, J. M. M.; PRONKO, M. (org.). A demolição de direitos: um exame das políticas do Banco Mundial para a educação e a saúde (1980-2013). EPSJV, Rio de Janeiro, v. 1, p. 89-112, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3oNhW3g. Acesso em: 12 fev. 2022.
MONASTA, A. Antonio Gramsci. Recife: Fundação Joaquim Nabuco: Editora Massangana, 2010.
ROCHA, Eloisa Acires Candal. A pesquisa em Educação Infantil no Brasil: trajetória recente e perspectivas de consolidação de uma pedagogia. 1999. 291 f. Tese (Doutorado em Educação) – Unicamp, Campinas, 1999
SAVIANI, D. Escola e democracia. 44. ed. Campinas: Autores Associados, 2022.
SAVIANI, D. Educação, práxis e emancipação humana. Revista Práxis e Hegemonia Popular, Rio de Janeiro, n. 2, p. 05-20, jul. 2017.
SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. 3. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2010.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 PerCursos
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.