Identidade feminina e espaço no conto A Velha, de Marília Arnaud
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984724621472020153Resumen
Este artigo tem como objetivo analisar as construções de sentido decorrentes da relação espaço/personagem no conto A velha, de Marília Arnaud, investigando como a prostituta da narrativa vivencia a força dos referenciais simbólicos ligados ao corpo e à cultura, cujas formas de atuação interferem de modo decisivo na trajetória da protagonista em sociedade. Para tanto, utiliza-se como base a Topoanálise, termo inicialmente criado por Bachelard (2000) para indicar os estudos dos valores que compõem a interioridade do sujeito da construção literária. Posteriormente, esse método assumiu maior abrangência através dos estudos de Borges Filho (2007), passando a compreender as diversas relações estabelecidas entre a personagem e os elementos e sujeitos outros circundantes, evidenciando: percepções, sentimentos, afetos, relações sociais e culturais dentro do intrincado da estrutura narrativa. Como embasamento teórico, utilizamos, além dos autores já citados, Osman Lins (1976), Chevalier e Gheerbrandt (2012). Vale salientar que o corpo enquanto materialidade das vivências sociais e psíquicas pode ser considerado espaço sensível e fundamental para acompanhar o sujeito e suas relações espaciais. Fica evidente, portanto, que essa narrativa aborda a complexa relação entre espaço e identidade da mulher idosa e ratifica a condição histórica e social do corpo feminino nos espaços que o abarcam. Além disso, observa-se que a interpretação da tessitura narrativa a partir da metodologia citada auxilia na percepção mais profunda da potencialidade estética do conto.
Palavras-chave: Literatura Contemporânea. Espaço. Identidade. Arnaud, Marília.
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