“Vou aprender a ler pra ensinar meus camaradas”: a formação afro-popular e a construção de políticas públicas na práxis da professora Jeruse Romão
DOI:
https://doi.org/10.5965/19847246252024e0113Palavras-chave:
pensamento negro em educação, formação afro-popular, políticas públicas, memória negraResumo
Uma interpretação da realidade brasileira a partir do contexto da região sul do país leva em consideração os marcadores socioeconômicos, culturais e políticos que constituem esse território, bem como as estratégias específicas desenvolvidas pela população negra para a continuidade da histórica luta por uma vida com dignidade no Brasil. É nesse contexto histórico e geográfico que se desenvolve a formação afro-popular. Apesar de considerar a coletividade desse processo, como tudo construído por e para movimentos sociais, existem protagonistas que capitanearam as ações, a partir de suas práticas militantes. A escolha pela professora Jeruse Romão, dentre esse grupo em atividade em Santa Catarina desde os anos 1980, se dá pelo seu reconhecimento enquanto referência por militantes e intelectuais do movimento negro brasileiro. Com o presente artigo, tenho como motivação principal evidenciar a relevância da trajetória da professora Jeruse Romão não apenas para o movimento negro, mas, especialmente, para a educação brasileira. Assim, tenho como objetivo caracterizar as práticas educadoras da formação afro-popular, embasadas pelo pensamento negro no processo contra-colonial de construção de políticas públicas a serviço da justiça social. Acredito que esse movimento tem especial relevância no enfrentamento à invisibilização da população negra do Sul do Brasil, que não apenas existe e resiste, mas ativamente organiza e articula outras possibilidades de existência para além de uma sociedade racista.
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