Do encobrimento da memória e do outro: uma analítica acerca dos relatos da colonização

Autores

  • Tascieli Feltrin Universidade Federal de Santa Maria – UFSM http://orcid.org/0000-0002-4018-6749
  • Natália Lampert Batista Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
  • Guilherme Carlos Corrêa

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984724622482021010

Palavras-chave:

Povos nativo americanos, Colonialidade, Eurocentrismo

Resumo

O surgimento da América é marcado por controvérsias e pelo encobrimento da memória e do outro (nativos americanos). Nesta perspectiva, o presente artigo busca traçar uma analítica acerca dos relatos da colonização, a partir dos quais, cria-se a figura do índio e suas associações. Para isso o texto foi dividido em 5 eixos. Primeiramente, destaca-se o mito salvacionista do bom selvagem e a narrativa inicial da colonização. Após, evidencia-se a descaraterização do nativo ‘ameríndio’ de sua humanidade a fim de justificar sua exploração frente ao Novo Mundo, fato relacionado ao mito da modernidade e ao encobrimento da multiplicidade, que compõem o terceiro ponto de abordagem. No quarto ponto destaca-se a estratégica de dominação presente na nominação “índio” adotada pelos europeus para se referir aos nativos. No quinto ponto destacado ressalta-se o mito do encontro entre raças que mascara a violência e as estratégias de dominação do território. Por fim, encerra-se o texto, realizando um mergulho, submersão e emersão dos temas e pontos abordados. Conclui-se que a história dos povos americanos e a historiografia da colonização precisam ser revisitadas de forma a potencializar a percepção da outra face da chegada dos europeus e do encobrimento e desvalorização da memória dos povos originários da América.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tascieli Feltrin, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

Doutoranda e Mestra em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria –UFSM. Professora da Rede Municipal de Ensino de Santa Maria.

Natália Lampert Batista, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Mestra, Doutora e Pós-doutora em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Professora da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.

 

Guilherme Carlos Corrêa

Doutor em Ciências Sociais-Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC SP e Pós-doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Professor da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.

Referências

ACOSTA, José de. Historia natural y moral de las Indias. Madri: Obras BAE, 1954.

ARCINIEGAS, Gérman. Con América nace la nueva historia. Bogotá: Tercer Mundo Ediciones, 1990.

AZEVEDO, João Lúcio de. História de Antônio Vieira: tomos 1 e 2. São Paulo: Alameda, 2008.

BAETA NEVES, Luís Felipe. O combate dos soldados de Cristo na terra dos papagaios: colonialismo e repressão cultural. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1978.

BIBLIA. Português. Versão ecumênica. São Paulo: Edições Loyola, 1994.

CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a El-Rei Dom Manuel I. Porto Seguro, 26 de abril a 02 de maio de 1500. [S.l.]: Ministério da Cultura: Fundação Biblioteca Nacional: Departamento Nacional do Livro. Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf. Acesso em: 17 de jun. de 2019.

CLASTRES, Pierre. Sociedade contra o Estado: investigações de antropologia política. Porto: Afrontamento, 1979.

CLASTRES, Pierre. Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia política. Brasil: Cosac & Naify, 2004.

D'ABBEVILLE, Claude. História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas. Traduzida e annotada pelo Dr. Cezar Augusto Marques. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1945.

DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade: conferências de Frankfurt. Petrópolis: Vozes, 1993.

DUSSEL, Enrique. Oito ensaios sobre cultura latino-americana e libertação (1965-1991). Tradução de Sandra Trabucco Velenzuela. São paulo: Paulinas, 1997.

FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

FELTRIN, Tascieli. Educação popular no Brasil: forças que concorreram para a emergência da Escola Nacional. 2017 Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/13429. Acesso em: 17 de jun. de 2019.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a genealogia e história. In: MICROFÍSICA DO PODER. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1996. p. 12-23.

GÂNDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da terra do Brasil: história da Província Santa Cruz. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.

LÉRY. Jean de. Viagem à terra do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980.

LIMA, Tânia Stolze. Por uma cartografia do poder e da diferença nas cosmopolíticas ameríndias. Revista de Antropologia, São Paulo: USP, v. 54, n. 2, p. 601-646, 2011.

LOPES, Reinaldo José. 1499: a pré-história do Brasil. Rio de janeiro: Harper Collins, 2017.

MAESTRI, Mário. Os senhores do litoral: Conquista portuguesa e agonia tupinambá no litoral brasileiro. Porto Alegre: Editora da Universidade - UFRGS, 1995.

PERALTA, Anastácio. A agroecologia Kaiowá: tecnologia espiritual e bem viver, uma contribuição dos povos indígenas para a educação. MovimentAção, Dourados, v.4, n. 6, p. 01-19, 2017.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: CLACSO. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLACSO, 2014. ISBN 978-987-722-018-6. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20140507042402/eje3-8.pdf. Acesso em: 24 ago. 2020.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. e-cadernos CES [Online], [Coimbra], n. 18, p. 106- 131, dez. 2012. Disponível em: http://journals.openedition.org/eces/1533. Acesso em: 01 out. 2020.

STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1974.

THEVET, André. As singularidades da França Antarctica: a que outros chamam de America. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1978.

Downloads

Publicado

2021-05-21

Como Citar

FELTRIN, Tascieli; BATISTA, Natália Lampert; CORRÊA, Guilherme Carlos. Do encobrimento da memória e do outro: uma analítica acerca dos relatos da colonização. PerCursos, Florianópolis, v. 22, n. 48, p. 010–036, 2021. DOI: 10.5965/1984724622482021010. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/18905. Acesso em: 7 nov. 2024.