Justificativa teórico-epistemológica para adoção de etnografia rápida na área de Design

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1808312914242019111

Palavras-chave:

Design, Etnografia, Etnografia rápida, Naturalismo, Fenomenologia

Resumo

Tradicionalmente, as atividades de design são realizadas com diferentes métodos de pesquisa e desenvolvimento de projetos, muitas vezes, formais, rígidos e sistemáticos. Porém, isso pode ser reconsiderado, visto que houve uma expansão dos processos de interação humana em diferentes contextos socioambientais. Os designers participam de equipes multidisciplinares e atuam, em grupo ou individualmente, junto a diversas comunidades. Isso requer recursos de observação e pesquisas ambientais, sociais e antropológicas. A pesquisa social em design caracteriza uma parte da preparação dos projetos, contemplando prospecção e reconhecimento de necessidades e oportunidades. Essa etapa deve ser ágil e relativamente breve, sendo justificada pela “Etnografia Rápida”, de base observacional e ancorada em preceitos filosófico-epistemológicos de “Naturalismo” e “Fenomenologia”. Para tanto, apresentam-se argumentos que justificam as abordagens propostas, por meio de pesquisa bibliográfica e qualitativa. Os resultados justificam a validade epistemológica da “Etnografia Rápida” na etapa de prospecção de necessidades e oportunidade nos projetos de Design.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Richard Luiz de Sousa Perassi, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (2001), Mestre em Educação pela UFMS (1995), Bacharel em Desenho de Propaganda e Licenciado em Artes Plásticas pelo curso de Educação Artística da UFJF (1986). Atua como professor associado da UFSC, nos cursos de graduação e pós-graduação em Design (Pós-Design/UFSC) e no programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGR/UFSC).

Thiago Varnier, Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC

Doutorando em Design (POSDESIGN - UFSC), pesquisador no Núcleo de Gestão de Design e Laboratório de Usabilidade - NGD/LDU

Franciele Forcelini, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Doutoranda em Design (POSDESIGN - UFSC), pesquisadora no Núcleo de Gestão de Design e Laboratório de Usabilidade - NGD/LDU


Giselle Alves Díaz Merino, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Professora na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Professora do Programa de Pós-graduação em Design – UFSC. Titulação: Doutora em Engenharia de Produção. Área de concentração: Engenharia do Produto e Processo – Design /Usabilidade. Pesquisadora CNPq – PQ 2.


Referências

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. 17. ed. Campinas: Papirus, 2010. (Prática pedagógica).

ANGROSINO, Michael. Etnografia e observação participante. Porto Alegre: Bookman, 2011.

ARAÚJO, Eduardo Pucu de. Um estudo sobre Etnografia aplicada ao Design. 2012. Dissertação (Mestrado em Design) – Departamento de Artes & Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20854/20854.PDF. Acesso em: 17 out. 2019.

BAYAZIT, Nigan. Investigating Design: a review of years of Design research. Design Issues, Massachusetts, v. 20, n. 1, p. 16-29, Winter 2004.

BEEBE, James. Rapid assessment process: an introduction. Walnut Creek: AltaMira, 2001.

BLOMBERG, Jeanette et al. Ethnographic field methods and their relation to Design. In: SCHULER, Douglas; NAMIOKA, Aki. (ed.). Participatory Design: principles and practices. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates, p. 123-155, 1993.

BOTIN, Lars; BERTELSEN, Pernille; NØHR, Christian. Techno-anthropology in health informatics: methodologies for improving human-technology relations. [S.l.]: IOS Press, 2015. (Studies in Health Technology and Informatics, v. 215).

BOZTEPE, Suzan. Toward a framework of product development for global markets: a user-value based approach. Design Studies, London, v. 28, n. 5, p. 513-533, Sep. 2007. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0142694X07000269. Acesso em: 17 out. 2019.

BÜRDEK, Bernhard E. História, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgar Blücher, 2006.

CLARKE, Alison. Design Anthropology: object culture in the 21tst century. New York: Springer, 2010.

COLLINS, Allan; JOSEPH, Diana; BIELUCZYC, Katerine. Design Research: theoretical and methodological issues. Journal of the Learning Sciences, [S. l.], v. 13, n. 1, p. 15-42, 2004.

COLOBRANS, Jordi. Breve Tecnoantropología e Etnografia. In: Living Labing, [s.l.], 16 Sep. 2014. Disponível em: http://livinglabing.com/?p=594. Acesso em: 17 out. 2019.

COSTA, Fiammetta. Valutare l’usabilità: metodi di prova con utenti e tecniche empiriche. In: TOSI, Francesca. (org.). Ergonomia progetto prodotto. Milão: FrancoAngeli, 2005.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

CUNHA, Manuela Carneiro da. Antropologia do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1986.

DE MORAES, Dijon. Metaprojeto: o design do design. São Paulo: Blucher, 2010.

DARTIGUES, André. O que é fenomenologia?. Rio de Janeiro: Livraria Eldorado Tijuca Ltda, 1973.

DUTRA, Luiz Henrique de Araújo. Oposições filosóficas: a epistemologia e suas polêmicas. Florianópolis: Editora da UFSC, 2005. (Coleção Rumos da Epistemologia, v. 20).

FEIJÓ, José Marinho. Meandros do conhecimento. São Paulo: Scortecci, 2013. (Cadernos de Filosofia).

GEERTZ, Cliford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1989.

GUBER, Rosana. El salvaje metropolitano: reconstrucción del conocimiento social en el trabajo de campo. Buenos Aires: Editorial Paidós, 2008.

HAIR JR, Joseph F. et al. Fundamentos em métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.

HANDWERKER, W. Penn. Quick Ethnography. United States of America: Altamira Press, 2001.

HARRIS, Karij Jo; JEROME, Norge W.; FAWCETT, Stephen B.. Rapid assessment procedures: a review and critique. Human Organization, [s.l.], v. 56, n. 3, p. 375-378, 1997.

IASBECK, Luiz Carlos Assis. A semiótica atomizada (unidades semióticas). Comunicologia: revista de Comunicação e Epistemologia da Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF, v. 3, n. 1, p. 27-54, jan./jun. 2010. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/article/view/1715. Acesso em: 17 out. 2019.

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

JUNGLOS, Mário. Fenomenologia da inclusividade. Nova Petrópolis: Nova Harmonia, 2014.

KUMAR, Vijay. 101 Design methods: a structure approach for driving innovation in your organization. 1 ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2013.

KUMAR, Vijay; WHITNEY, Patrick. Faster, cheaper, deeper user research. Design Management Journal, Boston, v. 14, n. 2, p. 50-57, Spring 2003.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1970.

LUCCA, André de Souza. A etnografia rápida no metaprojeto de Design para o território. Revista Logo, Florianópolis, v. 5, n. 1, p. 23-36, 2016. Disponível em: http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/eRevistaLOGO/article/view/3784. Acesso em: 17 out. 2019.

MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo, Atlas, 2011.

MASTEN, Davis L.; PLOWMAN, Tim MP. Digital ethnography: the next wave in understanding the consumer experience. Design Management Journal, [s.l.], v. 14, n. 2, p. 75-81, 2004.

MULDER Joke. W.; MULDER, Ingrid J.; BEST, Saskia. E. Pursenality: a photo-ethnographic method for self-elicitation and co-creation. In: PARTICIPATORY INNOVATION CONFERENCE, 3., 2013, Lahti. Proceedings […]. Lahti: Lappeenranta University of Technology, 2013. P. 148-152.

NEVES, Vanessa Ferraz Almeida. Pesquisa-ação e etnografia: caminhos cruzados. Pesquisas e práticas psicossociais, [s.l.], v. 1, n. 1, p. 1-17, 2006. Disponível em: https://ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/revistalapip/Pesquisa-Acao_e_Etnografia..._-_VFA_Neves.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.

PEIRANO, Mariza. A favor da etnografia. Rio de Janeiro: Relume/Dumará, 1992.

PLOWMAN, Tim. Ethnography and critical design practice. In: LAUREL, Brenda (ed.). Design research: methods and perspectives. Cambridge: The MIT Press, 2009. p. 30-38.

REMOR, Carlos Augusto Monguilhot; FIALHO, Francisco Antônio Pereira; PERASSI, Richard. Epistemologia no século XX. Florianópolis: Laborciência, 2014. (Coleção Epistemologia, Ciência e Interdisciplinaridade, v. 1).

RIZZO, Francesca. Strategie di co-design: teorie, metodi e strumenti per progettare con gli utenti. Milão: FrancoAngeli, 2009.

ROCHA, Everardo; BARROS, Carla. Fernanda Pereira; PEREIRA, Cláudia da Silva. Do ponto de vista nativo: compreendendo o consumidor através da visão etnográfica. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 23., 2005, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: UERJ, 2005.

SCOTTINI, Alfredo. Dicionário Escolar da língua Portuguesa. Blumenau: Todolivro, 2009.

SALVADOR, Tony.; BELL, Genevieve.; ANDERSON, Ken. Design Ethnography. Design Management Journal, [s.l.], v. 10, n. 4, p. 35-41, 1999.

SANDERS, Elizabeth. Ethnography and the empowerment of everyday people. [Canadá]: Microsoft Corporation, 2004. Disponível em: http://www.maketools.com/articles-papers/EthnographyandEmpowerment_Sanders_04.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.

SANDERS, Elizabeth. Ethnography in NPD research how ‘applied ethnography’ can improve your NPD research process. Visions Magazine, Chicago, p. 1-5, 2002. Disponível em: http://www.maketools.com/articles-papers/EthnographyinNPDResearch_Sanders_02.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.

SILVA, Vagner Gonçalves da. O antropólogo e sua magia: trabalho de campo e texto etnográfico nas pesquisas antropológicas sobre religiões Afro-brasileiras. São Paulo: Edusp, 2000.

TAPLIN, Dana H.; SCHELD, Suzanne; LOW, Setha M. Rapid ethnographic assessment in urban parks: a case study of Independence National Historical Park. Human Organization, [s.l.], v. 61, n. 1, p. 80-93, Spring, 2002.

TAYLOR, Kate; BONTOFT, Martin; FLYTE, Margaret Galer. Using video ethnography to inform and inspire user-centred design. In: GREEN, William S; JORDAN, Patrick W. (ed.). Pleasure with products: beyond usability. London: Taylor & Francis, 2002. cap. 4, p. 175-187.

WAINER, Jacques. Métodos de pesquisa quantitativa e qualitativa para a Ciência da Computação. In: KOWALTOWSKI, Tomasz; BREITMAN, Karin. (org.) Atualizações em informática. Rio de Janeiro: Ed.PUC-Rio, 2007. cap. 5, p. 221-262.

WASSON, Christina. Ethnography in the Field of design. Human Organization, [s.l.], v. 59, n. 4, p. 377-388, 2000.

WILKINS, John S. Evolution and Philosophy: naturalism: is it necessary?. 1997. Disponível em: http://www.talkorigins.org/faqs/evolphil/naturalism.html. Acesso em: 10 out. 2019.

Publicado

2019-12-02

Como Citar

PERASSI, Richard Luiz de Sousa; VARNIER, Thiago; FORCELINI, Franciele; MERINO, Giselle Alves Díaz. Justificativa teórico-epistemológica para adoção de etnografia rápida na área de Design. DAPesquisa, Florianópolis, v. 14, n. 24, p. 111–129, 2019. DOI: 10.5965/1808312914242019111. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/dapesquisa/article/view/1808312914242019111. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos