"Falo para guardar 8 na cabeça e contar nos dedinhos o restante": estratégias de resolução de problemas adotadas pelas famílias durante a pandemia
DOI:
https://doi.org/10.5965/2357724X09182021067Keywords:
Ensino remoto, Educação Matemática, Práticas de numeramentoAbstract
Pretendemos analisar, neste paper, saberes matemáticos mobilizados em estratégias de ensino adotadas por mães quando do auxílio nas tarefas escolares, especificamente de seus filhos, matriculados em turmas do ciclo da alfabetização (1º ao 3º ano) de uma escola pública localizada em São Carlos-SP. Fruto de uma pesquisa institucional, em termos de justificativa, destacamos a importância do conhecimento informal dos sujeitos letrados, muitas vezes baseado em ações que permeiam a vida cotidiana. Os dados foram coligidos a partir da abordagem qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas virtuais, devido ao distanciamento social. Os resultados demonstram que estas mulheres-mães, ao que tudo indica, para além do ato da coragem de assumirem mais um afazer, em meio a tantos que se responsabilizam em seus lares, conseguem driblar as dificuldades e recorrem a estratégias fundamentais para pensar matematicamente, mesmo não sendo convencionais. A exemplo da prática de contagem nos dedos (visualização), fazer cálculos "de cabeça" (cálculo mental) e exploração de jogos na internet (recurso à tecnologia), tendências que buscam desenvolver autonomia na aprendizagem. Em síntese, identificar, descrever e analisar qual é o contributo central deste auxílio em casa para a aprendizagem matemática das crianças representa, na leitura interpretativa que fazemos deste momento histórico vivenciado desde 2020, enxergar os espaços dos círculos das "culturas matemáticas" que permeiam os lares brasileiros.
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