Da História da Arte à História Genealógica da Arte
DOI:
https://doi.org/10.5965/244712671032024169Palavras-chave:
História, Crítica, Genealogia, Modernismo, ClassicismoResumo
No lugar de uma História da Arte estritamente linear e sequencial (ordenada na datação de movimentos, tendências, artistas ou estilos), deveremos antes conceber certas genealogias de artistas que, apesar de ativos em épocas muito diferentes ou distantes, revelem características semelhantes ou invariantes, invariantes essas que traçam uma tendência que está para além de um tempo preciso ou restrito; equivalente a dizer, algo a desenvolver, que o classicismo se entende na compreensão do estudo de obras como as de Rafael, Poussin ou Ingres, o que nos leva ao estudo de factos marcantes do século XVI (Rafael) ao século XIX (Ingres). O mesmo se diria do “espírito moderno”: tomando Picasso, uma hipótese entre outras, mas uma hipótese credível, tomando Picasso, dizia eu, como figura central do moderno, à entrada do século XX, poderemos ver como ele se forma, ou como a modernidade se forma, depois do seu “Período Azul”, tempo imediatamente posterior ao tempo de formação do autor. E este é devedor do movimento “Espanha Negra” de Gutiérrez Solana, Darío Regoyos, Zuloaga e Nonell. Na leitura genealógica da História (de uma História da Arte não sequencial), o movimento “Espanha Negra”, na sequência da ideia de Walter Benjamin de olhar a História a “contrapelo” (trabalhando a História do presente para o passado), confirma a modernidade de Goya, e assim teremos estabelecida a genealogia da modernidade: Goya (que, por sua vez, confirma a modernidade de El Greco, para estabelecermos uma raiz do moderno), “repete-se” na “Espanha Negra” e esta gera o Picasso do “Período Azul. Goya-“Espanha Negra”-Picasso estão para a modernidade como Rafael-Poussin-Ingres-Academismo de Salon estão para o classicismo, ou “espírito clássico”.
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