Da História da Arte à História Genealógica da Arte

Autores

  • Carlos Vidal Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.5965/244712671032024169

Palavras-chave:

História, Crítica, Genealogia, Modernismo, Classicismo

Resumo

No lugar de uma História da Arte estritamente linear e sequencial (ordenada na datação de movimentos, tendências, artistas ou estilos), deveremos antes conceber certas genealogias de artistas que, apesar de ativos em épocas muito diferentes ou distantes, revelem características semelhantes ou invariantes, invariantes essas que traçam uma tendência que está para além de um tempo preciso ou restrito; equivalente a dizer, algo a desenvolver, que o classicismo se entende na compreensão do estudo de obras como as de Rafael, Poussin ou Ingres, o que nos leva ao estudo de factos marcantes do século XVI (Rafael) ao século XIX (Ingres). O mesmo se diria do “espírito moderno”: tomando Picasso, uma hipótese entre outras, mas uma hipótese credível, tomando Picasso, dizia eu, como figura central do moderno, à entrada do século XX, poderemos ver como ele se forma, ou como a modernidade se forma, depois do seu “Período Azul”, tempo imediatamente posterior ao tempo de formação do autor. E este é devedor do movimento “Espanha Negra” de Gutiérrez Solana, Darío Regoyos, Zuloaga e Nonell. Na leitura genealógica da História (de uma História da Arte não sequencial), o movimento “Espanha Negra”, na sequência da ideia de Walter Benjamin de olhar a História a “contrapelo” (trabalhando a História do presente para o passado), confirma a modernidade de Goya, e assim teremos estabelecida a genealogia da modernidade: Goya (que, por sua vez, confirma a modernidade de El Greco, para estabelecermos uma raiz do moderno), “repete-se” na “Espanha Negra” e esta gera o Picasso do “Período Azul. Goya-“Espanha Negra”-Picasso estão para a modernidade como Rafael-Poussin-Ingres-Academismo de Salon estão para o classicismo, ou “espírito clássico”.

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Biografia do Autor

Carlos Vidal, Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

Artista, crítico de arte e professor Associado na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, onde leciona Unidades Curriculares de todos os níveis da área de pintura. Como artista plástico tem desenvolvido atividades desde os anos 90 e participado em mostras decisivas em Portugal e no exterior. Autor de mais de uma dezena de livros, como “O Acontecimento Caravaggio” (Belo Horizonte, 2023) e prefácios para Alain Badiou e Hal Foster. Seminários no Brasil e República Popular da China. É membro do Centro de Investigação em Artes e Comunicação. 

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Publicado

28-01-2025

Como Citar

VIDAL, Carlos. Da História da Arte à História Genealógica da Arte. Revista Apotheke, Florianópolis, v. 10, n. 3, p. 169–191, 2025. DOI: 10.5965/244712671032024169. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/apotheke/article/view/26770. Acesso em: 10 fev. 2025.