Do teatro de revista ao Tropicalismo: Figurações do Brasil em duas versões de Yes, nós temos bananas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1414573102412021e0109

Palavras-chave:

Teatro de Revista, Tropicalismo, Modernismo, Nacionalismo

Resumo

O artigo analisou aspectos de duas versões gravadas da marchinha Yes, nós temos bananas, composta por Braguinha e Alberto Ribeiro. A canção foi lançada em janeiro de 1938, na Revista Teatral Carnavalesca de mesmo nome, no Rio de Janeiro – e foi parte decisiva de sua estrutura. Pouco depois, Almirante a gravaria pela Odeon. A canção foi retomada em 1967, na peça O rei da vela, encenada pelo Teatro Oficina, e em maio de 1968 foi gravada por Caetano Veloso, pela Phillips, com arranjo de Rogério Duprat. A análise conjunta dessas versões, de seu ambiente teatral e de seus prováveis diálogos históricos permitiu observar certas continuidades nas maneiras como a cultura lidou com os ciclos de modernização no Brasil no século XX.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sara Mello Neiva, Universidade de São Paulo (USP)

Doutoranda em Artes Cênicas, pela Universidade de São Paulo (USP).  Mestrado em Artes Cênicas pela mesma universidade. Bacharel em artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Referências

ADORNO, Theodor Wiesengrund; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

ALENCAR, Edigar de. O carnaval carioca através da música. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1965.

ALMIRANTE. Yes, nós temos bananas/Touradas em Madrid. Odeon. Argentina: 194850, 1938. 78rpm, Mono.

AMARAL, Maxwell da Silva. A marcha para o Oeste e a colonização da fronteira sul do atual Mato Grosso do Sul: deslocamentos, políticas e desafios. Fronteiras, [S.l.], v. 16, n. 28, p. 153-165, out. 2014

ARANTES, Paulo. Nação e reflexão. In: (Org.) ABDALA JR, Benjamin; CARA, Salete de Almeida. Moderno de nascença, figurações críticas do Brasil. São Paulo: Boitempo Editorial, 2006.

BARROS, João de; RIBEIRO, Alberto. Yes, nós temos bananas!: revista em 2 actos e 20 quadros. [Rio de Janeiro]: s.n., [1938]. [49] f. datilograf.

BOAL, Augusto. Que pensa você da arte de esquerda? In: BOAL, Augusto et al. Primeira feira paulista de opinião. 1.ed., São Paulo: Expressão Popular, 2016.

BURGER, Peter. Teoria da vanguarda. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

BROWN Nicholas. (2014). Brecht eu misturo com Caetano citação, mercado e forma musical. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, (59), 149-190. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i59p149-190. Acesso em: 28 maio 2021.

CALADO, Carlos. A síndrome das bananas. Folha de São Paulo, São Paulo, domingo, 26 out. 1997.

CANDIDO, Antonio. Literatura e cultura de 1900 a 1945: panorama para estrangeiros. In: Literatura e sociedade. 8. ed. São Paulo: T. A. Queiroz Editor, 2000.

CAPELATO, Maria Helena Rolim. Multidões em cena – propaganda política no varguismo e no peronismo. São Paulo: Editora Unesp, 2009.

CASCUDO, Câmara. História dos nossos gestos. 1.ed. São Paulo: Ed. Global, 2004.

COELHO, Marcio Luiz Gusmão. Frevo-enredo: de como o samba-enredo tende a se tornar marchinha de carnaval. Revista de Estudos Semióticos, v. 5, no 1 p. 35-42, junho de 2009.

COLLAÇO, Vera. As aparências mutantes de um corpo que se desnuda. Urdimento – Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v.2, n.11, p.231-241, 2018.

CORRÊA, Zé Celso Martinez. Primeiro ato. Cadernos, Depoimentos, Entrevistas (1958-1974). São Paulo: Editora 34, 1998.

CORRÊA, Zé Celso Martinez. O rei da vela no carnaval de 1967. In: ANDRADE, Oswald. O rei da vela. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

FREITAS Nanci de. Presença oswaldiana no Teatro Estádio de José Celso Martinez Corrêa: antropofagia, mestiçagem cultural, terreiro eletrônico. Urdimento – Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v.1, n. 16, p.109-117, 2020.

GALHARDO, Carlos. Olá, Seu Nicolau. New York: RCA Victor / 34.240-aNº da Matriz: 80503-1, 1937, 78 rpm, Mono.

GALHARDO, Carlos. Sem banana/Marcha para o Oeste. São Paulo: Victor 34.388-a, 1938, 78rpm, Mono.

GOES, Maria Lívia Nobre. O teatro de guerrilha segundo R. G. Davis. Sala Preta, São Paulo,19(1), p.134-149, 2019.

JAMESON, Fredric. Periodizando os anos 60. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

JONES, Billy. Yes! we have no bananas. New York: Emerson (10622), 1923, 78rpm, Novelty, Acoustic.

LAFETÁ, João Luis. 1930: a crítica e o modernismo. São Paulo: Duas Cidades, Ed.34, 2000.

MAFFEI, Evangelina. Caetano Veloso ...en detalle. Buenos Aires, 19, dezembro, 2020. Disponível em: http://caetanoendetalle.blogspot.com/search/label/1968. Acesso em: 07 jan. 2021.

MAURICIO, Augusto. “Vamos entrar com o pé direito”: disse-nos Araci Cortes, referindo-se a “Yes, nós temos bananas”, no Recreio. Entrevista de Aracy Côrtes para Mauricio Augusto. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 31 dez. 1937, p.15.

MICHALSKI, Yan. Panorama. Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro, 26 de setembro de 1968, p.3

MOTA, Carlos Guilherme. Ideologia da cultura brasileira (1933-1974). São Paulo: Editora 24, 2014.

OLIVEIRA, Francisco de. A economia brasileira: crítica à razão dualista, o ornintorrico.1.ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008.

OLIVEIRA, Lucia Lippi. Cultura e identidade nacional no Brasil do século XX. In: (coord.) GOMES, Angela de Castro; PANDOLFI, Dulce Chaves; ALBERTI, Verena. A República do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2002.

PEIXOTO, Fernando. De como se alimenta e se preserva um cadáver gangrenado. Suplemento Literário, São Paulo, 23 de setembro 1967, ano 11, n.546, p.4.

PEREIRA, Victor Hugo Adler. A musa carrancuda – Teatro e poder no Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.

QUINTANEIRO, Tania. Plantando nos campos do inimigo: japoneses no Brasil na segunda guerra mundial. Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXXII, n. 2, p.155-169, dezembro 2006.

PEDROSA, Mário. Quinquilharia e Pop Art. In: PEDROSA, Mário. Arte: Ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira. São Paulo: Unesp/Fapesp, 1993.

SANTOS, Milton. A totalidade do diabo. Como as formas geográficas difundem o capital e mudam estruturas sócias. São Paulo: Contexto/Hucitec, 1977.

SCHWARZ, Roberto. Cultura e Política, 1964-1969. In: SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

SCHWARZ, Roberto. A carroça, o bonde e o poeta modernista. In: SCHWARZ, Roberto. Que horas são? 2.ed. São Paulo: Companhia das letras, 2006. p.11-29.

SEVERIANO, Jairo. Yes, nós temos Braguinha. 1.ed. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional de Música, 1987.

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

TATIT, Luiz. Marchinha e samba enredo. Folha de São Paulo, São Paulo, 6 de março de 2000, Série Tendências e Debates, p. 1-3.

TATIT, Luiz. O século da canção. Cotia: Ateliê Editorial, 2004.

TAUNAY, Afonso de. História do café no Brasil, volume décimo quinto. No Brasil República (1927-1937). Rio de Janeiro: Edição do Departamento Nacional do Café, 1943.

TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular (da modinha à canção de protesto). Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1974.

VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

Entrevista concedida a Carlos Coelho. Revista inTerValo, Ano VI - n° 277, Editora Abril, 1968a., p.3-8.

VELOSO, Caetano. Das bananas aos amigos. Revista inTerValo, Ano VI - n° 277, Editora Abril, 1968b., p.7.

VELOSO, Caetano. Sobre Corações. Entrevista concedida a José Carlos Oliveira (Fatos e Fotos). Jornal do Brasil, caderno B, Rio de Janeiro, 15 de março de 1968c, p.3

VELOSO, Caetano. Yes, Nós Temos Banana, Lado B: Ai de Mim, Copacabana. Direção Artística: Rogério Duprat. Rio de Janeiro: PHILIPS 365.236,1968d, 7", 33 ⅓ RPM, Single, Mono.

VELLOSO, Mônica Pimenta. Os intelectuais e a política cultural do Estado Novo / Mônica Pimenta Velloso. Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, 1987.

VENEZIANO, Neyde. O teatro de revista no Brasil. Dramaturgia convenções. Campinas, SP: Pontes: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1991.

VENEZIANO, Neyde. O Sistema Vedete. Repertório, Salvador, nº 17, p.58-70, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revteatro/article/view/5727/4134. Acesso em: 02 jun.2021

VENTURA, Zuenir. 1968 o ano que não terminou. São Paulo: Círculo do Livro, 1988.

XAVIER, Ismail. Alegoria, modernidade, nacionalismo. São Paulo: Editora Novos Rumos, 1990.

Downloads

Publicado

2021-09-14

Como Citar

NEIVA, Sara Mello. Do teatro de revista ao Tropicalismo: Figurações do Brasil em duas versões de Yes, nós temos bananas. Urdimento - Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 2, n. 41, p. 1–37, 2021. DOI: 10.5965/1414573102412021e0109. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/20463. Acesso em: 22 dez. 2024.