Quatro cartas em confluência: Palavras para as Yabás

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1414573101402021e0301

Palavras-chave:

Águas, Cura, Yabás, Mulheres artistas, Performance

Resumo

O presente artigo, tecido pelas mãos das quatro artistas envolvidas no processo de pesquisa e criação do projeto Mar Aberto: confluências de vida e arte entre mulheres das águas, partiu da premissa de que escrever sobre cura só faria sentido se fosse, em si, um processo de cura. Ancoradas por esse princípio, o formato de cartas foi o escolhido por trazer o tom de intimidade e multiplicidade para as vozes das autoras que entregaram suas palavras como oferendas para as quatro grandes mães nas religiões de matrizes africanas, as Yabás Nanã, Oxum, Iansã e Iemanjá. Como parte do processo artístico e de pesquisa sobre mulheres que trabalham com a pesca artesanal em Santa Catarina, a força feminina das Yabás surge como rezo de transmutação e criação. Nessa partilha entre jornadas de cura e criatividade, confluem questões sobre o corpo, o fazer artístico e sobre o processo até agora vivenciado.

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Biografia do Autor

Jussyanne Rodrigues Emidio, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Teatro - PPGT/UDESC. Mestra em Teatro pela mesma instituição. Graduada em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Atriz, bailarina, diretora.

Elaine Cristina Maia Nascimento, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Artes Cênicas pelo Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia e Mestre em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (2018). É atriz, produtora cultural, cenógrafa e arquiteta urbanista graduada pela Universidade Federal do Ceará (2015) e também graduada em Artes Cênicas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (2009). Idealizadora do conceito de Urbgrafias: cartografias de ações artísticas no espaço da cidade, também investiga epistemologias de criação centradas no corpo. É integrante do grupo de pesquisa QUIASMA (UFSC) e integrante da Cia Balacochê de Teatro.

Thaís Cardozo Favarin, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Graduada em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Mestre no Programa de Pós-Graduação em História na mesma universidade. Atualmente integra a Cia Balacochê de teatro.

Mariana Rotili da Silveira, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Atriz, pesquisadora, diretora e artista visual. Bacharel e licenciada em História pela UDESC. Mestra em Artes da Cena pela Unicamp com pesquisa vinculada ao LUME - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais. Integra o Coletivo MÓ, um ramo de continuidade às pesquisas do LUME Teatro que investiga as potências expressivas e energéticas dos corpos e suas interações com o mundo natural e que é orientado por Naomi Silman, atriz do grupo LUME. É parte do ASA – Ateliê Sul de Atuação -, uma instância de aprendizagem e criação cênica movida pelo interesse nas artes do corpo e estudos da presença, orientado por Tânia Farias, atriz da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. É uma das criadoras do projeto 'A Transmissão da Flor', que realiza a criação contínua de encontros entre mestras e mestres das artes da cena contemporânea com artistas em formação através de chamadas públicas e gratuitas. Atua também no cinema nas áreas de direção, roteiro, fotografia e montagem. Seu trabalho visiona ativar múltiplas camadas de partilha sensível e o reencantamento da vida.

Referências

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Publicado

2021-04-28

Como Citar

EMIDIO, Jussyanne Rodrigues; NASCIMENTO, Elaine Cristina Maia; FAVARIN, Thaís Cardozo; SILVEIRA, Mariana Rotili da. Quatro cartas em confluência: Palavras para as Yabás. Urdimento: Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 1, n. 40, p. 1–28, 2021. DOI: 10.5965/1414573101402021e0301. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/19440. Acesso em: 29 mar. 2024.