
Traços da Dança na Educação Básica nos anos 1970: convênio da SECE-PE e o Grupo de Ballet do Recife
Alexsander da Silva Barbozza
Florianópolis, v.3, n.56, p.1-19, dez. 2025
Educação (CIAE)13, oferecido pela Escolinha de Arte do Brasil (EAB)14 a partir
de 1961, no Rio de Janeiro e, em Salvador, o Curso de Magistério Superior em
Dança, correspondente à Licenciatura, ofertado pela Escola de Dança da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) (Robatto, 2002; Silva; Silva; Junior, 2016). Este
último se inscreve como iniciativa pioneira, pois, mesmo situado em uma dinâmica
de polivalência, já oferecia formação específica na área da Dança.
Um dos primeiros esforços para ampliar a formação docente exigida pela
nova legislação partiu do próprio Ministério da Educação (MEC), que firmou, ainda
em 1971, um convênio com a EAB. O objetivo era formar técnicos das Secretarias
de Educação e orientar a implementação da nova disciplina nas redes de ensino
(Barbosa, 2008).
Nesse fluxo, em 1974, o
Jornal Arte&Educação
, produzido pela EAB, publicou
o currículo da Licenciatura em Educação Artística, aprovado em 197315, estruturado
em uma habilitação geral (comum ou curta) e em habilitações específicas: Artes
Plásticas, Artes Cênicas (Dança e Teatro), Música e Desenho (Miranda, 2009).
A habilitação geral, voltada às grandes áreas da Arte, previa 1.500 horas,
podendo ser concluída entre um ano e meio e quatro anos letivos. Seus
componentes curriculares incluíam: (1) Fundamentos da Expressão e da
Comunicação Humana, (2) Estética e História da Arte, (3) Folclore Brasileiro, e, (4)
Formas de Expressão e Comunicação Artística, compondo uma proposta que
buscava integrar saberes artísticos e culturais. Já a formação específica totalizava
2.500 horas (sendo 1.000 dedicadas à parte específica).
13 O CIAE tinha como objetivo formar em Arte, compreendendo os processos didático-metodológicos das
linguagens artísticas e superando o modelo tradicional baseado em conhecimentos pré-estabelecidos.
Iniciado no ano seguinte, o curso foi realizado anualmente por vinte anos, até 1981, dividido em dois módulos:
um para iniciantes no primeiro semestre e outro para aprofundamento no segundo. Ao longo desse período,
formou cerca de 1.200 arte-educadores brasileiros e estrangeiros, provenientes de diversas regiões do Brasil
e países como Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Peru, Venezuela, Honduras, Panamá, Portugal, França e
Israel (Azevedo, 2001; Silva; Silva; Silva Junior, 2016).
14 Criada em 1948 no Rio de Janeiro, a Escolinha de Arte do Brasil (EAB) é uma instituição não formal idealizada
por Augusto Rodrigues, Lúcia Valentim e Margaret Spencer, influenciada por Herbert Read e Viktor
Lowenfeld, defensores da Educação através da Arte. Mais tarde, originou o Movimento Escolinhas de Arte,
com mais de 140 unidades no Brasil e no exterior (Azevedo, 2001).
15 Considerando a ausência das matrizes curriculares originárias, essa pista documental, evidenciada no jornal,
emerge como um indício que pode orientar a compreensão da estrutura da Licenciatura em Educação
Artística, seja na formação plena, seja nas distintas habilitações.