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Editorial
Drama: 30 anos da abordagem no Brasil
Imagem da Capa
Projeto Gráfico
: Marcelo Pires de Araújo
Equipe do projeto:
Sala de Aula em Cena! Mostra Skholé de Artes Cênicas
Realizado em:
2023/2024– Centro de Artes/UDESC
Foto
: Noel Peralta
Para citar este Editorial:
MENEGAZ, Wellington; PEREIRA, Diego de Medeiros.
Editorial – Drama: 30 anos da abordagem no Brasil.
Urdimento
– Revista de Estudos em Artes Cênicas,
Florianópolis, v. 2, n. 55, ago. 2025.
10.5965/1414573102552025e0901
A Urdimento esta licenciada com: Licença de Atribuição Creative Commons – (CC BY 4.0)
Editorial - Drama: 30 anos da abordagem no Brasil
Wellington Menegaz (Tom Menegaz) | Diego de Medeiros Pereira
Florianópolis, v.2, n.55, p.1-5, ago. 2025
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Editorial
Drama: 30 anos da abordagem no Brasil
Wellington Menegaz (Tom Menegaz)1
Diego de Medeiros Pereira2
Há três décadas, o Drama aportou no Brasil se revelando como uma proposta
inovadora para o ensino e a experimentação do Teatro. Essa abordagem nos chega
pelas mãos, escritas e práticas pioneiras da professora e pesquisadora Beatriz
Ângela Vieira Cabral, carinhosamente conhecida por Biange, após conhecer o
Drama em território inglês.
Naquele momento, Biange Cabral era docente do Departamento de Artes
Cênicas da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e servidora da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde criou um grupo de pesquisa
e extensão envolvendo estudantes e docentes das duas universidades para o
desenvolvimento de processos em uma escola de Ensino Fundamental de
Florianópolis (SC).
Ao longo de sua carreira, ela desenvolveu muitas práticas na graduação em
Teatro, ministrou oficinas, realizou orientações de pesquisa, na Pós-graduação em
Teatro da Udesc, e propôs articulações teóricas com os mais diversos campos do
conhecimento, demonstrando o modo como o Drama, no contexto brasileiro,
expandiu as perspectivas dessa abordagem.
Desde então, o Drama vem abrindo caminhos para novas formas de criação
e aprendizagem nas Artes Cênicas, conectando prática e reflexão, ficção e
experiência. Essa abordagem vem sendo desenvolvida e reinventada por docentes,
1 Pós-doutorado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Doutorado e Mestrado em Teatro pela UDESC.
Especialização em Psicopedagogia em Contextos Educacionais pela Faculdade Católica de Uberlândia. Graduação em
Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Uberlândia (UFU). Prof. Dr. Curso de
Graduação e do Mestrado Profissional em Artes da UFU.
wellmenegaz@ufu.br https://lattes.cnpq.br/4339892040710332 https://orcid.org/0000-0002-8062-4600
2 Doutorado e Mestrado em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduação em Educação
Artística – Artes Cênicas pela UDESC. Prof. Dr. nos cursos de graduação em Artes Cênicas, Mestrado Profissional e Pós-
Graduação (Mestrado e Doutorado) em Artes Cênicas da UDESC.
diego.pereira@udesc.br http://lattes.cnpq.br/7952493975205748 https://orcid.org/0000-0002-6655-0211
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artistas e pesquisadoras(es) em diferentes contextos educacionais e culturais do
país; o que começou como um movimento inicial no ano de 1995, tornou-se parte
importante do repertório da Pedagogia do Teatro brasileira, inspirando processos
que atravessam escolas de Educação Básica, universidades e comunidades.
Este dossiê celebra os 30 anos dessa trajetória no Brasil, reunindo artigos que
apresentam investigações, relatos e reflexões sobre o Drama e suas articulações
com outras práticas, perspectivas e temáticas emergentes nos mais diversos
contextos contemporâneos. Ao reunir essas vozes, busca-se ampliar o acesso a
experiências e pesquisas que fortalecem a presença do Drama em nosso território,
oferecendo às leitoras e aos leitores a possibilidade de conhecer, revisitar e se
aprofundar nessa abordagem que continua a instigar diferentes modos de ensino
e aprendizagem do Teatro.
Serão apresentados textos que navegam por diferentes etapas da Educação
Básica - experiências com crianças e jovens -, chegando ao Ensino Superior -
investigações com professores(as) em formação. Outros textos apresentam
práticas e temáticas com foco nas questões de acessibilidade, de gênero e
sexualidade, dimensões que necessitam, cada vez mais, adentrar os espaços
formativos e receber a importância que lhes cabe. Ainda, são revisitadas
estratégias do Drama como “professor(a)-personagem” e “estímulo composto” e
ampliadas as possibilidades de investigação da convenção “pré-texto”, a partir de
materiais diversos.
Abrindo o dossiê,
Wellington Menegaz
reflete sobre o lugar do Drama na
Educação Básica, a partir de experiências desenvolvidas em escolas públicas. O
autor problematiza os desafios enfrentados e aponta estratégias e convenções
capazes de aproximar a prática teatral da realidade escolar, valorizando a criação
coletiva e a escuta dos contextos locais.
Na sequência,
Túlio Fernandes Silveira
e
Diego de Medeiros Pereira
relatam
o processo
Experimentum Cyborg
, desenvolvido com estudantes de licenciatura
em Teatro da Udesc. Ao tomar a escola como pré-texto, o trabalho investiga
materialidades e estratégias da abordagem do Drama em diálogo com a
metodologia da prática como pesquisa, evidenciando as articulações entre o
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contexto real e o ficcional na criação teatral.
Luiz Eduardo Gasperin
, por sua vez, discute a formação de professores(as)
de Teatro a partir da relação entre Drama, infâncias e epistemologias decoloniais.
Inspirado no livro
Estranhas Criaturas
, de León e Rubio, o artigo propõe uma prática
de escuta e criação compartilhada, que desafia perspectivas adultocentricas e
coloniais, ampliando modos de ensinar e aprender com as crianças.
O artigo de
Fernando Augusto do Nascimento
discute como estratégias
como o “professor(a)-personagem” e o “estímulo composto” podem se tornar
ferramentas de resistência e subversão diante de contextos conservadores,
fundamentando-se em teorias queer e nas pedagogias do teatro.
Em seguida,
Flávia Janiaski
e
Thacio Fagundes Vissicchio
abordam as
interfaces entre Drama e tecnologias educacionais. O texto propõe reflexões sobre
o papel da tecnologia nos processos criativos e formativos, destacando como sua
articulação com o Drama pode enriquecer experiências pedagógicas e ampliar as
possibilidades de ensino no cenário atual.
Douglas Vicente Leopold
e
Marcia Berselli
apresentam o
Catálogo de Drama
,
material didático desenvolvido para processos de Drama com pessoas surdas em
ambiente remoto. O artigo enfatiza a importância da acessibilidade no ensino de
Teatro.
Já
Taylon Padilha Nizer
e
Robson Rosseto
abordam o pertencimento social
em experiências com jovens atletas do
Coritiba Foot Ball Club
. Por meio do
estímulo composto, como disparador ficcional, o trabalho reflete sobre identidade,
vínculos afetivos e práticas educativas que favoreçam o senso de pertencimento.
Na área da Educação Infantil,
Mateus J. Fazzioni
e
Rafael Matiuda Spinelli
discutem a presença do professor especialista nos Núcleos de Educação Infantil
de Florianópolis. A partir da estratégia do(a) professor(a)-personagem, o artigo
mostra como o Drama pode potencializar a experiência das crianças,
transformando-as em parceiras de criação junto aos(às) docentes.
Para encerrar o dossiê
, Lucas de Almeida Pinheiro
analisa a experiência
A
Boutique do Mestre Perfumista
, desenvolvida em projeto de extensão universitária
com pessoas cegas e com baixa visão. O artigo destaca como o Drama pode
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desestabilizar o visuocentrismo, mobilizando outras percepções sensoriais e
promovendo acessibilidade estética e pedagógica, além de ressaltar a relevância
da extensão universitária no diálogo com grupos historicamente marginalizados.
O que se estabelece, portanto, é um panorama de proposições que
atravessam diferentes regiões do país, lançando nossos olhares sobre as
convenções e estratégias dessa abordagem e reinventando procedimentos em
função de cada contexto de atuação.
Desejamos que este Dossiê possa, em alguma medida, prestar as devidas
homenagens ao legado de Biange que, sem dúvidas, marcou o campo da Pedagogia
das Artes Cênicas no Brasil. Esperançamos, ainda, que as práticas e reflexões,
apresentadas neste volume da Revista Urdimento, possam inspirar novos
processos e outras articulações com diferentes temáticas, contextos e propostas
de ensino e aprendizagem do Teatro.
Com afeto,
Coordenadores do Dossiê
O Comitê Editorial do Dossiê Temático
– Drama: 30 anos da
abordagem no Brasil – com coordenação de: Diego de
Medeiros Pereira e Fernando Augusto do Nascimento.
Membros do Comite Editorial: Flávia Janiaski Vale; Heloise
Baurich Vidor; Marcia Berselli; Mariene Hundertmarck
Perobelli; Renata Ferreira da Silva; Robson Rosseto e Tharyn
Stazak de Freitas.
Recebido em: 31/08/2025
Aprovado em: 31/08/2025
Universidade do Estado de Santa Catarina
–
UDESC
Programa de Pós-Graduação em Teatro
–
PPGT
Centro de Arte – CEART
Urdimento
– Revista de Estudos em Artes Cênicas
Urdimento.ceart@udesc.br
