
Abordagem do Drama e as Tecnologias Educacionais:
potencialidades criativas para formação de professoras(res) e crianças
Flávia Janiaski Vale | Thacio Fagundes Vissicchio
Florianópolis, v.2, n.55, p.1-24 ago. 2025
Vale destacar que a tecnologia, desde os primórdios do teatro, possibilitou
recursos, inovação técnica e estabeleceu conexões no fazer teatral. Tanto
analógica, quanto digital (Menegaz, 2025), ela esteve presente em diferentes
momentos do teatro e continua se desenvolvendo. Ao mencionar o período
pandêmico, nos referimos ao método de trabalho em que necessariamente
precisamos utilizar recursos tecnológicos digitais, ressignificando o que
conhecíamos sobre o fazer teatral e o ensino do teatro, naquele período (Janiaski
& Vissicchio, 2021), isto na sala de aula e nas ‘salas’ de espetáculos.
Marta Isaacsson (2021), por exemplo, comenta que desde a década de 1990
os recursos digitais já começaram ser inseridos no teatro, no entanto, foi com a
pandemia que todos voltaram suas atenções para essas novas possibilidades de
inserir o digital no teatro, de acordo com a autora:
já faz aproximadamente trinta anos que artistas de teatro europeus e
americanos começaram a explorar em suas criações os espaços de
encontro da rede de comunicação, por meio de MUD, MOO, salas de chat,
ambientes VRML e, mais recentemente, a Second Life. A atual explosão
de iniciativas na rede de computadores, em decorrência das restrições
de contato físico, vem, na realidade, dar visibilidade a um movimento de
experimentações, concebidas como teatrais, no ambiente da rede de
computadores, cujo começo se deu no início dos anos de 1990. É bem
verdade que esse movimento demorou muito a ser percebido pela crítica
especializada. Na primeira versão (1999) de seu renomado livro Teatro Pós
dramático, Hans-Thies Lehman, por exemplo, não problematiza ainda o
emprego da internet pelo teatro, vindo a fazê-lo posteriormente, como
pode ser constatado na versão da obra traduzida no Brasil (Isaacsson,
2021, p. 9-10).
Ou seja, o teatro, que tinha no efêmero e na presença suas características
basilares, passa a ser também gravado, fixo no tempo e espaço, mediado por telas.
E, na educação não foi diferente:
Com a disseminação da pandemia da Covid-19 em todo o mundo,
medidas de isolamento foram adotadas levando as pessoas a
permanecerem em suas casas para evitar o contágio. Nesse contexto, o
uso da TDICs [Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação]
desempenhou um papel fundamental promovendo mudanças
significativas na forma como a educação era praticada. Diante das
restrições sanitárias e do distanciamento social, surgiram adaptações
emergenciais no processo de ensino, dando origem ao ensino remoto
emergencial (ERE), muitas vezes confundido com a modalidade de Ensino
a Distância (EaD) (Oliveira, 2023, p. 22).