
O Drama na educação básica: caminhos possíveis
Wellington Menegaz
Florianópolis, v. 2, n. 55, p.1-18, ago. 2025.
Ao assumir um personagem, o professor de imediato obtém a atenção
da turma mediante o impacto visual causado (figurino e cenário podem
apoiar os personagens assumidos pelo professor), e amplia suas
possiblidades de introduzir desafios e/ou informações necessárias ao
processo coletivo. No contexto do ensino fundamental, a eficácia deste
procedimento se adéqua especialmente ao período de alfabetização,
durante as séries iniciais (Cabral, 2006, p. 19-20).
Concordo com Cabral quanto ao “impacto visual”. Geralmente, é perceptível
o encantamento das crianças ao verem sua professora com figurino, dizendo ser
a Rainha, a Bruxa etc. – e, a partir disso, propor uma atividade conjunta. Muitas,
logo de início, já “embarcam” no jogo de papéis e passam a dialogar com aquela
professora-personagem. Outras, ao contrário, podem questionar: “Você não é a
bruxa, é a professora!”. Quando isso acontece, costumo orientar para que não se
afirme ser a bruxa ou a professora. Em vez disso, oriento que se trate essa questão
dentro de um campo lúdico: que se diga à criança que se trata de um faz de conta
e a convide a embarcar nesse “jogo”, nessa “brincadeira”. Sobre essa questão,
Pereira apresenta a seguinte reflexão:
Quando o(a) professor(a) cria um(a) personagem e o(a) traz para a sala,
em vários momentos elas vão indicar que é o(a) professor(a) que está
“vestido(a)” e essa é uma excelente oportunidade para o(a) professor(a)
trabalhar o real e o faz de conta, aspecto fundamental do teatro, sem
que seja preciso mentir para as crianças. Basta dizer que quando o(a)
professor(a) coloca “aquela” roupa, por exemplo, brinca de ser outra
pessoa e que essa brincadeira pode se chamar teatro (Pereira, 2021, p.
91).
Quanto à observação de Cabral sobre esse ser um procedimento adequado
às séries iniciais, considero que, ao realizarmos processos de Drama com
adolescentes, a dinâmica se altera. O impacto visual da professora ou professor-
personagem já não é o foco principal. O que ganha destaque é a percepção do/a
professor/a como parceiro/a de jogo, de improvisação — alguém que está próximo,
construindo junto. Essa horizontalidade é frequentemente percebida e valorizada
pelas/os estudantes, especialmente nas rodas de avaliação que realizamos após
os processos.
Episódios e estratégias: o Drama e os muitos espaços da escola
Após selecionarmos o pré-texto e o contexto ficcional, chegou o momento
de decidir o que acontecerá em cada episódio. Em relação aos episódios, destaco