
Professor(a)-Personagem: contribuições para a docência com crianças na Educação Infantil
Mateus Junior Fazzioni | Rafael Matiuda Spinelli
Florianópolis, v.2, n.55, p.1-25 ago. 2025.
papel, a atuação do(a) professor(a) pode provocar novos questionamentos,
estimular opiniões, reflexões e diferentes pontos de vista sobre determinada
situação. Por outro lado, o(a) professor(a)-personagem se refere ao momento em
que o(a) professor(a) representa ou cria um(a) personagem. De acordo com
Pereira (2021, p. 87), trata-se de "[...] um ser ficcional elaborado fisicamente, com
maior caracterização, pessoalidade e consequente potencialização de elementos
teatrais”. O autor complementa esse pensamento afirmando que,
ao assumir um papel, o conteúdo da fala que ele traz e sua função
social são mais importantes que sua caracterização e o aspecto teatral
de sua performance. O foco não está na interpretação/representação
(atuação do/a professor/a como ator/atriz), mas no papel social que
ele/a assume no encaminhamento do processo dramático. [...] Os
fatores diferenciais são, portanto, o processo de criação e a
performance. O “professor personagem” traz uma caracterização mais
elaborada e exige uma maior preparação na construção do ser ficcional”
(Pereira, 2020, p. 399-400).
Sendo assim, o autor apresenta ideias e possibilidades para o(a) professor(a)
assumir um papel (utilizando objetos e elementos para inserir uma informação) e
para assumir um(a) personagem (com maior caracterização e relação com as
crianças). A criação do personagem requer preparação, mas não para apresentar
uma encenação acabada, e sim para sustentar um processo aberto, investigativo
e relacional.
Quando desejo apresentar alguma informação ou lançar alguma tarefa
específica, escolho um adereço/objeto que possa caracterizar um papel
– óculos, chapéu, casaco, entre outras possibilidades – enfatizando
aquela ação momentânea. Quando busco estabelecer uma parceria na
criação, fazer com que o ser ficcional apareça em diferentes momentos,
opto pela elaboração de um personagem – com figurino completo,
melhores delineamentos na atuação e maior profundidade como um
elemento da narrativa (Pereira, 2020, p. 400).
Ou seja, na figura do(a) professor(a)-personagem, existe uma preocupação
performática, com foco no processo de criação e na performance do(a)
professor(a) ao longo da experimentação dramática. Nesse sentido, exige-se
do(a) professor(a) uma caracterização e investigação corporal, assim como uma
maior preparação para lidar com as ações, improvisações e acontecimentos.
Essa personagem, assumida pelo(a) professor(a), possui determinados objetivos