
Deficiência como materialidade cênica: a Tecnologia Assistiva e suas possibilidades poéticas
José Flávio Gonçalves da Fonseca
Florianópolis, v.2, n.55, p.1-14, ago. 2025
Tecnologia Assistiva e que a equipara ao conceito de “Ajudas Técnicas” é a Portaria
nº 142/2026, que institui o CAT - Comitê de Ajudas Técnicas, que considera a
Tecnologia Assistiva como sendo:
[…] uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que
engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços
que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e
participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade
reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e
inclusão social (BRASIL, 2007).
A Tecnologia Assistiva, segundo Thiago Santana (2023) pode ser dividida entre
recursos (produtos, sistemas computacionais ou eletrônicos, equipamentos ou
parte deles, que servem para ampliar as potências funcionais do corpo em sua
relação com o mundo) e serviços (auxílios técnicos aplicados, por exemplo, na
tradução de línguas, de imagens em palavras, no fortalecimento físico - corporal
e vocal, bem como no planejamento de estruturas e recursos, que possibilitam
uma maior autonomia do indivíduo em sua relação com todas as dimensões da
sociedade, possibilitando o exercício da cidadania). Em uma perspectiva prática
poderíamos tomar como exemplo de tecnologia assistiva de produto, uma bengala
para uso de pessoas com deficiência visual e como tecnologia assistiva de recurso,
a Legenda para Surdos e Ensurdecidos – LSE.
A partir da definição da Lei Brasileira de Inclusão, anteriormente citada,
podemos ainda elencar Tecnologia Assistiva de Recurso e estratégia, por exemplo,
a Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA3, Tecnologia Assistiva4 de Serviço,
por exemplo, o Atendimento Educacional Especializado – AEE e Tecnologia
Assistiva de Prática e serviço, por exemplo, a Audiodescrição5 e a Tradução e
3 Nunes (2003), define a CAA como uma das áreas da Tecnologia Assistiva que envolve o uso de sistemas e
recursos diversos que podem oferecer pessoas sem fala funcional e com fala funcional possibilidades para
se comunicar. Os recursos são elaborados com sinais ou símbolos pictográficos ideográficos e arbitrários, a
fim de proporcionar ou complementar a fala humana, com novas maneiras de comunicação.
4 O atendimento educacional especializado (AEE), de acordo com o Artigo 1º da Resolução nº 4/2009, é aquele
“ofertado nas salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado
da rede pública ou de Instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos” e tem
como função complementar ou suplementar a formação dos alunos em todos os níveis, etapas e
modalidades de ensino. Bondezan e Goulart (2013).
5 Atividade de mediação linguística que transforma o visual em verbal. É um recurso de acessibilidade
comunicacional que amplia o entendimento das pessoas com deficiência visual por meio de informação
sonora. Permite a equiparação de oportunidades, o acesso ao universo imagético e a eliminação de barreiras
comunicacionais no contexto cultural, educacional e social (Motta; Romeu Filho, 2010, p. 11).