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Memórias encenadas: a proficiência histórica do Elenco
de 'Flor do Deserto' sobre o Caldeirão
Antônio Alison Vasconcelos Marques
Maria de Lourdes Macena de Souza
Para citar este artigo:
MARQUES, Antônio Alison Vasconcelos; SOUZA, Maria de
Lourdes Macena de. Memórias encenadas: a proficiência
histórica do Elenco de 'Flor do Deserto' sobre o Caldeirão.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas,
Florianópolis, v. 1, n. 50, abr. 2024.
DOI: 10.5965/1414573101502024e0102
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Memórias encenadas: a proficiência histórica do Elenco de 'Flor do Deserto' sobre o Caldeirão
Antônio Alison Vasconcelos Marques | Maria de Lourdes Macena de Souza
Florianópolis, v.1, n.50, p.1-24, abr. 2024
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Memórias encenadas: a proficiência histórica do Elenco de 'Flor do Deserto'
sobre o Caldeirão1
Antônio Alison Vasconcelos Marques2
Maria de Lourdes Macena de Souza3
Resumo
Este artigo investiga o papel da produção artística na preservação histórica,
destacando "Flor do Deserto", do Grupo Miraira do IFCE Campus Fortaleza. A
peça aborda o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, marco na história
cearense. A pesquisa explora o conhecimento prévio do elenco sobre o
Caldeirão, sua interpretação de personagens e o impacto da obra na
consciência pública sobre o massacre. Com 44 entrevistados, entre
dança/cena e música, o estudo utiliza metodologias qualitativas para
compreender a relação entre espetáculo, elenco e reconhecimento histórico.
Palavras-chave
: Legado cultural. Preservação histórica. Consciência histórica.
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.
Staged memories: the historical proficiency of the Cast of 'Flor do Deserto' about
Caldeirão
Abstract
This article investigates the role of artistic production in historical
preservation, highlighting "Flor do Deserto" from Grupo Miraira at IFCE
Campus Fortaleza. The play addresses the Caldeirão da Santa Cruz do
Deserto, a milestone in Ceará's history. The research explores the cast's prior
knowledge of the Caldeirão, their interpretation of characters, and the impact
of the work on public awareness of the massacre. With 44 interviewees from
dance/stage and music, the study uses qualitative methodologies to
understand the relationship between the performance, the cast, and
historical recognition.
Keywords
: Cultural legacy. Historical preservation. Historical awareness.
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.
1 Revisão ortográfica, gramatical e contextual do artigo realizada por Anna Ritta Freire Viana, formada
em Licenciatura em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
2 Mestre em Administração (UNIFOR). MBA em Marketing Digital e Gestão de Mídias Sociais (UNIFOR).
Especialista em Linguagens e Mídias Digitais (Uni7). Bacharel em Jornalismo (Estácio). Estudante do
curso de Licenciatura em Teatro (IFCE Campus Fortaleza). Professor e artista brincante do Grupo
Miraira. alisonvmarques@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/8057020874492545 https://orcid.org/0000-0003-1241-2865
3 Doutora em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Turismo (UECE).
Licenciada em Música (UECE). Artista/docente/pesquisadora do IFCE; coordenadora do PPGARTES
IFCE e diretora/criadora do Grupo Miraira. macenalourdes@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/4972226291375320 https://orcid.org/0000-0001-7578-1065
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Memorias escenificadas: la competencia histórica del elenco de 'Flor do Deserto'
sobre Caldeirão
Resumen
Este artículo investiga el papel de la producción artística en la preservación
histórica, destacando "Flor do Deserto" del Grupo Miraira del IFCE Campus
Fortaleza. La obra aborda el Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, un hito en
la historia de Ceará. La investigación explora el conocimiento previo del
elenco sobre el Caldeirão, su interpretación de personajes y el impacto de la
obra en la conciencia pública sobre la masacre. Con 44 entrevistados, entre
danza/escena y música, el estudio utiliza metodologías cualitativas para
comprender la relación entre el espectáculo, el elenco y el reconocimiento
histórico.
Palabras clave
: Legado cultural. Preservación histórica. Conciencia histórica.
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.
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No panorama da produção artística, a investigação minuciosa da
representação de eventos históricos em espetáculos cênicos assume uma
dimensão crucial para a preservação e disseminação da memória coletiva. Este
artigo propõe uma análise cuidadosa da produção do espetáculo "Flor do
Deserto" pelo Grupo Miraira, laboratório artístico que atua mais de quatro
décadas no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)
Campus Fortaleza. O enfoque recai sobre a redescoberta e preservação da
história do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, comunidade camponesa fundada
em 1926 na região do Cariri, ao sul cearense, e os fatos que envolveram sua
destruição.
A questão central que orienta esta investigação é a compreensão do
impacto da produção artística na conscientização pública sobre o massacre do
Caldeirão. A representação estética desse evento histórico complexo oferece
uma lente singular para a reflexão crítica e o diálogo social. Como a peça contribui
para a construção de uma narrativa histórica compartilhada e de que maneira as
experiências individuais do elenco influenciam esse processo?
Nesse contexto, delineou-se objetivos específicos para guiar esta pesquisa.
Primeiramente, almeja-se avaliar como o espetáculo "Flor do Deserto" contribui
para a conscientização pública sobre o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto,
analisando o impacto da produção na disseminação do conhecimento histórico.
Em segundo lugar, pretende-se investigar o nível de conhecimento prévio do
elenco acerca da história do Caldeirão, explorando como esse conhecimento
permeia a abordagem individual na interpretação de personagens históricos.
Adicionalmente, este trabalho visa aprofundar-se nas experiências individuais do
elenco durante o processo de preparação, destacando as pesquisas realizadas,
os métodos adotados e as nuances da imersão no contexto histórico.
Para realizar esses objetivos, empregou-se metodologias qualitativas como
etnografia, pesquisa-ação e pesquisa participante, buscando uma compreensão
aprofundada e contextualizada do fenômeno estudado. Simultaneamente,
conduziu-se uma análise quantitativa rigorosa para proporcionar uma visão
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abrangente das percepções e conhecimentos do elenco sobre o Caldeirão da
Santa Cruz do Deserto. A antecipação é que este estudo ofereça
insights
substanciais para a reflexão acadêmica e cultural, e estabeleça uma base
metodológica robusta para investigações futuras na interseção entre arte cênica,
história local e consciência coletiva.
Em meio às áridas terras do Cariri no Ceará, nasceu em 1926 o Caldeirão
da Santa Cruz do Deserto, um bastião de esperança liderado pelo beato José
Lourenço. Sob os preceitos do catolicismo popular, o beato guiava seus
seguidores na crença de que a abundância e a dignidade só seriam conquistadas
por meio do árduo labor e das fervorosas preces.
É importante destacar que antes de se instalar no local, o beato vinha
saindo do Sítio Baixa Dantas com todos os seus seguidores. Esse lugar, antes
arenoso e agreste, tornou-se nas mãos dessa comunidade um solo produtivo e
fértil chegando a alimentar o Juazeiro do Norte em momentos de necessidades.
O Sítio Baixa Dantas foi tomado da comunidade do beato Zé Lourenço de forma
injusta, sem direito a absolutamente nada do que haviam construído. Na época,
Padre Cícero Romão Batista, de quem Lourenço era discípulo, conseguiu o
espaço conhecido hoje como Caldeirão e lá o beato levou as rezas e louvações à
Santa Cruz do Deserto, além da força coletiva e colaborativa de uma vida
comunitária em prol de todos.
No Caldeirão, a produção coletiva e a igualdade eram alicerces,
proporcionando uma vida digna para todos. Segundo Lopes (1991), o lugar recebeu
esse nome porque o solo do local conservava água dentro de uma formação
natural de pedra.
O sonho do Caldeirão, contudo, desmoronou em 1936, quando interesses
antagônicos representados pela Diocese do Crato, latifundiários, coronéis locais
e o Governo do Ceará decidiram pela aniquilação da comunidade. Sob o comando
do Capitão José Bezerra, tropas invasoras expulsaram os habitantes, pilharam e
destruíram propriedades, enquanto o beato José Lourenço escapava incólume.
A escalada da violência atingiu seu ápice em maio de 1937, quando uma
parte mais radical dos sertanejos planejou a invasão da cidade do Crato.
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Respondendo a isso, José Bezerra e suas tropas enfrentaram os sertanejos em
um combate feroz, resultando na morte do capitão, de seu filho e genro. Em
retaliação, o Exército invadiu a região, desencadeando ataques aéreos, incêndios
e atrocidades para erradicar qualquer vestígio do Caldeirão.
Apesar da magnitude dos eventos e das vidas perdidas, a memória do
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, assim como a de outras comunidades
camponesas marcadas por tragédias como Canudos e Contestado, parece ter
desaparecido do imaginário coletivo brasileiro. Este artigo propõe uma reflexão
profunda sobre os eventos que culminaram na perda da memória do Caldeirão
e a necessidade premente de resgatar essas narrativas, a fim de compreender
plenamente o tecido complexo de história coletiva e honrar aqueles que tiveram
suas vidas entrelaçadas nesses episódios esquecidos.
O fato histórico serviu de inspiração para o processo criativo de um
espetáculo com multilinguagens artísticas. No percurso de tudo querer saber
sobre o fato e favorecer reconhecimento desse pelo corpo, adentrou-se na
criação de fatos por meio de dança, teatro, música e poesia para envolver a
juventude no acontecimento histórico e refletir sobretudo a partir da
sensibilidade corpórea. Assim foi criado o espetáculo "Flor do Deserto". A pré-
estreia aconteceu em dezembro de 2022, no próprio Espaço Cultural Miraira, no
Campus Fortaleza do IFCE. Em 2023, o espetáculo foi apresentado em três
sessões no tradicional Theatro José de Alencar. Para 2024, seis apresentações
agendadas no Teatro B. de Paiva. Esse é um relato da história marcante do
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, e também uma celebração da força que
emana das raízes culturais do Ceará.
Inspirado na obra teatral "O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto", escrita
por Oswald Barroso (2011, p 63-124), o espetáculo proporciona uma experiência
única, envolvendo o público em uma fusão de narrativa cênica e musical. O Grupo
Miraira, conhecido por transcender os limites da expressão artística, mais uma
vez destaca sua habilidade em investigar e reconhecer buscando contribuir se
utilizando de matriz estética corpórea na preservação da memória e das
tradições culturais.
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"Flor do Deserto" não é apenas uma apresentação artística; é um
compromisso com a preservação da memória e da cultura do Caldeirão. Ao
honrar esse capítulo esquecido da história, o espetáculo busca inspirar reflexão
e celebração da resiliência do povo, destacando que, mesmo diante das
adversidades, a arte tem o poder de unir comunidades e renovar a esperança e
impulsionar a resistência.
Com mais de quatro décadas de dedicação à cultura popular, o Grupo
Miraira continua a enriquecer o cenário cultural da região. "Flor do Deserto" é um
testemunho do compromisso duradouro do grupo em preservar e compartilhar
as riquezas da herança cultural nordestina.
Por falar em preservação, o Grupo Miraira emerge como um guardião ativo
da história do povo cearense, desafiando o apagamento sistemático do Caldeirão
da Santa Cruz do Deserto e não apenas isso. A memória oficial desse evento
crucial foi sujeita a tentativas de apagamento, esquecimento, mas a persistência
do grupo em destacar essa narrativa é vital para preservar a cultura popular do
Ceará.
No contexto atual, a memória da luta liderada por José Lourenço e seu
povo encontra eco especialmente na região do Cariri, onde a literatura de cordel
e os festejos escolares mantêm viva a essência dessa história. Segundo Almeida
(2011), autores como Lopes (1991), Barros (1995), Cordeiro (2004) e Facó (2009)
contribuem para reavivar esses sentidos, demonstrando que a academia também
se dedica à discussão e resgate do Caldeirão. Constatou-se que o espaço do Sítio
Caldeirão foi reconhecido como bem tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) Ceará desde maio de 2004. Entretanto,
apesar disso, o local continua sem a atenção devida do Estado, tomado pela
vegetação selvagem e dificultando inclusive aulas de campo pelos espaços
educativos locais.
É evidente que alguns historiadores e artistas vêm movendo atitudes de
resistência contra o esquecimento mesmo diante de eventos que buscaram
apagar essa memória oficial. O suplemento especial do jornal “O Estado de São
Paulo” em 2010, intitulado "Guerras desconhecidas do Brasil", destaca o Caldeirão
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como um dos conflitos esquecidos nos últimos 100 anos. Esse reconhecimento,
mesmo tardio, reforça a importância de manter viva essa parte da história
brasileira.
O Caldeirão e seu líder começaram a ganhar visibilidade após a morte de
Padre Cícero. A influência do sacerdote, falecido em 1934, desempenhou um
papel significativo na proteção de José Lourenço e de seus seguidores diante das
elites dominantes e da imprensa. O espetáculo "Flor do Deserto" assume um
papel fundamental nesse contexto. O Grupo Miraira, ao trazer à tona essa história
esquecida, contribui para a conscientização pública e a preservação de uma parte
essencial da identidade cultural do Ceará.
Jacques Le Goff, em conjunto com Halbwachs (1990), emerge como uma
figura orientadora na exploração da história e da memória. Ele sustenta que a
memória é crucial para a identidade, de forma individual e coletiva, destacando-
a como "uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de
hoje, na febre e na angústia" (Le Goff, 2003, p. 469). A memória coletiva, além de
ser uma conquista, transforma-se em um instrumento de poder, vinculado às
classes sociais dominantes e às narrativas que desejam promover ou suprimir
em termos coletivos.
Tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das
grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que
dominaram e dominam as sociedades históricas. Os
esquecimentos e os silêncios da história são reveladores destes
mecanismos de manipulação da memória coletiva (Le Goff, 2003,
p. 422).
Almeida (2011) trouxe à luz que o apagamento da história do Caldeirão foi
percebido pela própria imprensa, em 1977, quando o jornal cearense "O
Mutirão" publicou o artigo intitulado “Por que ninguém quer falar do
Caldeirão?”. "O texto questiona o leitor sobre 'O que foi o Caldeirão? Por que
não aparece nos livros escolares? Onde estão localizadas as fontes para o
conhecimento dessa importante tragédia?'” (Almeida, 2011, p. 35).
Na época do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, a imprensa
desempenhou um papel crucial, moldando a narrativa de maneira
decididamente negativa. Jornais influentes, como "O Povo", "O Estado" e "O
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Nordeste", assumiram uma postura hostil, caracterizando os membros do
movimento como "fanáticos", "comunistas" e uma ameaça à ordem
estabelecida. Essa hostilidade atingiu seu ápice em 1937, durante o "combate
final" após a morte do Capitão José Bezerra em 10 de maio.
Almeida (2011) destaca que desde o início da comunidade até seu fim,
esses periódicos persistiram em se posicionar contra as práticas e o estilo de
vida preconizados por José Lourenço. Eles rotularam seus membros como
fanáticos, além de difundirem notícias falsas, oferecendo espaço para
representantes do Governo do Ceará e do Exército expressarem suas
perspectivas. Os jornais legitimaram e também apoiaram ativamente as
invasões e a subsequente destruição do Caldeirão, tanto em 1936 quanto em
1937. Essa postura veemente da imprensa contribuiu significativamente para a
perseguição e combate ao movimento.
Ao trazer para os palcos a narrativa do Caldeirão da Santa Cruz do
Deserto, o Grupo Miraira revive os eventos históricos e busca promover a
justiça para aqueles cujo sangue clama por ela, os inocentes que sofreram
durante esse período obscuro.
Para garantir uma representação autêntica e sensível, foi conduzido um
questionário junto ao elenco, levando em consideração a diversidade da
escolaridade dos participantes. Esse processo revelou não apenas a amplitude
do conhecimento sobre a história do Caldeirão, mas destacou a importância
da preparação cuidadosa para a interpretação desses eventos significativos.
Assim, o espetáculo narra e busca honrar a memória dos envolvidos, dando
voz aos que foram silenciados injustamente e clamando por justiça por meio
da arte.
O gráfico 1 destaca a variabilidade na escolaridade e no conhecimento
sobre o Caldeirão dentro do elenco do espetáculo "Flor do Deserto". As
categorias de escolaridade abrangem desde estudantes do Ensino Médio até
doutores, proporcionando uma visão abrangente das diferentes trajetórias
acadêmicas dos participantes.
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Gráfico 1 - Escolaridade do elenco, com análise sobre o conhecimento a respeito do Caldeirão
da Santa Cruz do Deserto. Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
Em relação ao conhecimento sobre o Caldeirão, as categorias são
definidas da seguinte forma:
Nenhum Conhecimento: Refere-se à ausência completa de informação
ou familiaridade com a história do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.
Indivíduos nessa categoria indicaram não possuir nenhum entendimento sobre
os eventos históricos relacionados ao Caldeirão.
Pouco Conhecimento: Denota um nível limitado de compreensão sobre a
história do Caldeirão. Indivíduos nessa categoria ouviram falar sobre o
Caldeirão, mas não possuem detalhes substanciais, como a época, o local e as
principais figuras envolvidas no evento.
Amplo Conhecimento: Representa um conhecimento mais profundo e
abrangente sobre o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto. Indivíduos nessa
categoria possuem informações essenciais sobre o evento histórico, incluindo
detalhes sobre quando, onde e quem liderou o Caldeirão.
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Observa-se um número relevante de estudantes do Ensino Médio no
elenco, totalizando oito participantes. Notavelmente, sete desses estudantes
revelaram não ter nenhum conhecimento sobre a história do Caldeirão,
enquanto apenas um tinha pouco conhecimento. Esses resultados indicam uma
lacuna no conhecimento histórico entre os membros mais jovens do grupo, que
têm uma faixa etária entre 16 e 18 anos, sendo todos oriundos da escola pública.
Entre aqueles com Ensino Médio completo, composto por duas pessoas
egressas da escola pública, ambas demonstraram ter pouco conhecimento
sobre o Caldeirão. Esse padrão se repete em certa medida entre os
universitários, onde dos 23 participantes, 16 afirmaram não ter nenhum
conhecimento, enquanto sete tinham conhecimento limitado sobre o evento
histórico. Dos 23, 17 concluíram o Ensino Médio em escola pública. É importante
destacar que todos os universitários são estudantes do curso de Licenciatura
em Teatro do IFCE Campus Fortaleza.
Os dados também revelam a presença de graduados no elenco, sendo
três participantes, dos quais dois tinham pouco conhecimento e um nenhum
conhecimento sobre o Caldeirão. A inclusão de especialistas destaca-se, com
dois membros, um com pouco conhecimento e outro com amplo
conhecimento, sugerindo uma diversidade nas perspectivas mesmo dentro
dessa categoria.
Os mestres, representados por três participantes, todos relataram ter
pouco conhecimento sobre o Caldeirão. Esses concluíram o Ensino Médio em
escola particular. Da mesma forma, entre os doutores (três participantes), um
afirmou não ter nenhum conhecimento, enquanto os outros dois possuíam
apenas conhecimento limitado. Nesse caso, ao serem perguntados sobre onde
foi a conclusão do Ensino Médio, dois foram em escola pública e um em escola
particular.
Esses resultados oferecem
insights
valiosos sobre a relação entre
escolaridade e conhecimento sobre o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto no
contexto do elenco do espetáculo. As discrepâncias observadas sugerem a
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necessidade de abordagens educacionais mais inclusivas e eficazes para
disseminar informações históricas importantes, independentemente do nível de
formação acadêmica. Esse entendimento contribui para a reflexão sobre
estratégias mais eficazes de conscientização histórica em diferentes estratos
educacionais, bem como nos apresenta a importância de processos cênicos
musicais criativos com temáticas similares.
Nuvem de palavras 1 - Feita com base na pergunta discursiva: "Qual foi a sua reação inicial ao
descobrir sobre o massacre do Caldeirão?" aos estudantes do Ensino Médio.
Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
A análise das respostas revela uma gama de emoções fortes
experimentadas pelo elenco ao conhecer a história do Caldeirão da Santa Cruz
do Deserto. Na nuvem de palavras 1, observa-se o discurso dos entrevistados
que são estudantes secundaristas. A predominância de sentimentos como
tristeza, espanto, indignação e surpresa reflete a impactante natureza da
narrativa histórica, muitas vezes negligenciada nos contextos educacionais
convencionais.
A expressão de tristeza em relação à história dolorosa evidencia a emoção
provocada pelo sofrimento e injustiças associadas ao Caldeirão. A chateação
pela ausência de abordagem nas escolas denota uma preocupação com a
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lacuna educacional, indicando uma busca por maior divulgação desses
eventos.
O espanto e a indignação destacam a surpresa diante da magnitude do
acontecimento e a revolta ao perceber que essa parte importante da história
não recebe a devida atenção. A menção aos massacres no Nordeste adiciona
uma dimensão regional à percepção, sublinhando a relevância de uma
educação mais abrangente sobre o passado.
A surpresa recorrente ao descobrir que o Caldeirão não é abordado nas
escolas ressalta a lacuna no currículo educacional, levantando
questionamentos sobre a seleção de conteúdo histórico a ser ensinado. A
associação entre a importância da história e sua ocultação suscita reflexões
sobre a necessidade de uma revisão e inclusão mais abrangente no ensino.
A expressão de estar "assustada" e "revoltada por ser uma história tão
importante e tão escondida" sugere uma reação visceral à descoberta,
reforçando a urgência de trazer à tona narrativas históricas significativas que
foram marginalizadas.
O sentimento de tristeza por não ser uma história amplamente conhecida
indica o reconhecimento da relevância dessa narrativa na construção do
conhecimento histórico coletivo. Essa tristeza revela um anseio por maior
conscientização e destaque para eventos cruciais, como o Caldeirão, no
contexto educacional e social.
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Nuvem de palavras 2 - Feita com base na pergunta discursiva: "Qual foi a sua reação inicial ao
descobrir sobre o massacre do Caldeirão?" aos estudantes universitários.
Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
A nuvem de Palavras 2, feita com os depoimentos dos estudantes
universitários, reflete uma profunda e diversificada gama de reações
emocionais ao conhecimento da história do Caldeirão da Santa Cruz do
Deserto. Expressões como "choque", "surpresa", "tristeza" e "revolta" permeiam
as respostas, ilustrando a magnitude do impacto emocional causado pela
descoberta desse evento histórico muitas vezes obscurecido.
Particularmente notável é o sentimento de estranhamento e
desolamento manifestado por alguns participantes, que, mesmo sendo
originários da região Nordeste e interioranos, reconhecem a lacuna em seu
entendimento sobre a própria região e cultura. Essa reflexão ressalta a
importância de uma educação mais abrangente e inclusiva, capaz de abordar
eventos significativos muitas vezes negligenciados nos currículos tradicionais.
A consciência despertada sobre a ameaça política militar, expressa por
um dos participantes, evidencia a percepção de que tais ameaças estiveram e
continuam presentes em suas vidas. Esse
insight
revela uma conexão
intrínseca entre a história passada e a realidade contemporânea, instigando
uma reflexão crítica sobre os eventos políticos em curso.
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A surpresa e interesse despertados pela história do Caldeirão revelam
uma necessidade urgente de explorar e disseminar narrativas regionais
importantes, especialmente aquelas que envolvem lutas, e resistência de
um povo. A expressão de choque ao perceber a proximidade geográfica do
massacre reforça a noção de que eventos históricos significativos muitas vezes
são negligenciados, resultando em um apagamento da história regional.
A indignação diante da violência perpetrada contra aqueles que buscavam
construir um lar para viver em paz ressoa intensamente em alguns
depoimentos. A tristeza e o choque manifestados diante de um massacre tão
próximo evidenciam a necessidade urgente de preservar e divulgar tais
eventos, como uma forma de homenagear as vítimas e para evitar que a
história se repita.
Em última análise, esses depoimentos destacam a importância da
conscientização histórica, sugerindo que a descoberta de eventos ocultos
desperte emoções profundas e inspire uma busca por uma compreensão mais
completa e inclusiva do passado.
Por outro lado, a análise de discurso dos graduados, especialistas,
mestres e doutores também revela uma variedade de reações e percepções
em relação à história do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.
Um misto de emoções. É triste e revoltante a violência ocorrida; é
esperançoso ver a união, a de um povo, e impulsiona a ser
melhor a ser resistência diante das opressões de nosso tempo, e
com a arte, viver essa vida (Dulci Barros. Depoimento concedido
em 10 de janeiro de 2024).
O primeiro depoimento destaca um misto de emoções, destacando a
tristeza e revolta diante da violência ocorrida. No entanto, esse misto de
sentimentos é contrabalançado pela esperança gerada ao observar a união e
a do povo, servindo de inspiração para resistir às opressões
contemporâneas. A referência à arte como meio de viver essa vida sugere uma
abordagem criativa para enfrentar as adversidades históricas.
Além de ter ouvido sobre com minha mãe, tenho alguma
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lembrança de ter ouvido falar em uma única aula sobre história do
Ceará que tive no Ensino Médio, com o professor Aníbal (Circe
Macena. Depoimento concedido em 12 de janeiro de 2024).
O segundo depoimento expressa uma decepção por ter pouco
conhecimento da história do Ceará. A falta de informação sobre eventos
significativos da região é percebida como uma lacuna que desperta
desapontamento, destacando a importância de uma educação mais
abrangente e inclusiva.
Tive acesso a informações sobre o Caldeirão através de um
espetáculo cênico que também era o trabalho de conclusão de
curso de uma turma de Licenciatura em Teatro do IFCE. Esse
espetáculo contava com a orientação artístico-pedagógica da
professora Lourdes Macena (Rony Marques. Depoimento
concedido em 14 jan. 2024).
O terceiro depoimento traz uma lembrança do Ensino Médio e do
professor Aníbal, indicando um contato inicial com a história do Caldeirão. O
acesso a informações mais detalhadas ocorreu por meio de um espetáculo
cênico ligado a uma turma de Licenciatura em Teatro do IFCE, ressaltando a
relevância de abordagens pedagógicas e artísticas na transmissão desses
conhecimentos históricos.
Fiquei impressionada com toda história, mas não surpreendida,
pois a política separatista no Brasil é forte e precisa ser aniquilada
(Adriana Oliveira. Depoimento concedido em 10 jan. 2024).
O último depoimento revela uma impressão forte diante da história do
Caldeirão, marcada pela surpresa com a política separatista no Brasil. A
afirmação de que essa política precisa ser aniquilada sugere uma postura
crítica em relação a questões políticas contemporâneas, conectando o evento
histórico à realidade atual.
Em conjunto, esses depoimentos indicam a necessidade de uma
educação que aborde de maneira mais abrangente a história regional,
reconhecendo a importância de diferentes abordagens, como a artística e
pedagógica, na disseminação e compreensão de eventos históricos
significativos.
Memórias encenadas: a proficiência histórica do Elenco de 'Flor do Deserto' sobre o Caldeirão
Antônio Alison Vasconcelos Marques | Maria de Lourdes Macena de Souza
Florianópolis, v.1, n.50, p.1-24, abr. 2024
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Na etapa subsequente do questionário, buscou-se avaliar o
conhecimento do elenco em relação a três personagens centrais da peça "Flor
do Deserto": Padre Cícero, a Beata Maria de Araújo e o Beato José Lourenço,
líder do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto. Os participantes foram
categorizados de acordo com seus níveis de formação acadêmica. Para a
compreensão dos resultados, foi crucial definir os critérios adotados para cada
categoria de conhecimento:
Nenhum Conhecimento: Indica a ausência total de informação sobre o
personagem em questão.
Pouco Conhecimento: Refere-se a um entendimento superficial ou
limitado sobre o personagem, sem domínio substancial dos detalhes de sua
história ou papel na trama.
Conhecimento Moderado: Sinaliza uma compreensão mais aprofundada
em comparação com o conhecimento superficial. Os participantes dessa
categoria possuem um entendimento mais substancial, mas ainda não
abrangente, dos personagens analisados.
Conhecimento Substancial: Representa um conhecimento abrangente e
detalhado sobre o personagem, indicando uma compreensão profunda de sua
história, contexto e importância na narrativa.
Gráfico 2 - Conhecimento do elenco que está cursando o Ensino Médio sobre Padre Cícero,
Beata Maria de Araújo e Beato José Lourenço. Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
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Ao analisar os dados do gráfico 2, observou-se que, entre os membros do
elenco cursando o Ensino Médio, a maioria demonstrou pouco conhecimento
sobre Padre Cícero, a Beata Maria de Araújo e o Beato José Lourenço. Os
números específicos revelam que, para Padre Cícero, três participantes não
tinham nenhum conhecimento, enquanto cinco possuíam pouco
conhecimento. Sobre a Beata Maria de Araújo, seis não tinham nenhum
conhecimento, e dois tinham pouco. No caso do Beato José Lourenço, sete
não tinham nenhum conhecimento, e um tinha pouco.
Gráfico 3. Conhecimento do elenco que tem o Ensino Médio Completo sobre Padre Cícero,
Beata Maria de Araújo e Beato José Lourenço. Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
Ao considerar o grupo com Ensino Médio Completo, o gráfico 3 também
constatou que o conhecimento ainda era restrito, com alguns participantes
apresentando pouco conhecimento ou nenhum conhecimento sobre os
personagens. Como o elenco dispõe de duas pessoas nessa categoria, a
pesquisa apontou que um não tinha nenhum conhecimento sobre Padre
Cícero, enquanto o outro tinha pouco conhecimento. Os dois não tinham
nenhum conhecimento sobre a Beata Maria de Araújo e ambos tinham pouco
conhecimento sobre o Beato José Lourenço.
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Gráfico 4 - Conhecimento do elenco universitário sobre Padre Cícero, Beata Maria de Araújo e
Beato José Lourenço. Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
Entretanto, a análise do gráfico 4 torna-se mais complexa ao explorar os
dados dos participantes cursando o Ensino Superior, com estudantes da
Licenciatura em Teatro do IFCE. Nesse grupo, a variação é significativa,
evidenciando uma diversidade de conhecimento. Por exemplo, para Padre
Cícero, 12 têm pouco conhecimento, nove têm conhecimento moderado e um
possui conhecimento substancial. Nas categorias Beata e Beato José
Lourenço, a distribuição de conhecimento segue um padrão semelhante. Ao
todo, 12 não tinham nenhum conhecimento sobre a Beata, nove tinham pouco
conhecimento, enquanto dois tinham conhecimento moderado. Sobre o Beato,
14 não tinham nenhum conhecimento, seis com pouco conhecimento, e três
com conhecimento moderado.
Ao examinar o grupo com Graduação, embora pequeno, uma
diversidade de conhecimento, com alguns membros apresentando
conhecimento moderado ou substancial sobre os personagens. Um tinha
pouco conhecimento sobre Padre Cícero, uma pessoa com conhecimento
moderado e outra com conhecimento substancial. O mesmo resultado para a
Beata. Para o Beato José Lourenço, um não tinha nenhum conhecimento, um
com pouco conhecimento e outro participante com conhecimento moderado.
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Gráfico 5. Conhecimento do elenco que tem pós-graduação sobre Padre Cícero, Beata Maria de
Araújo e Beato José Lourenço. Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
Finalmente, entre os participantes com pós-graduação (Especialização,
Mestrado ou Doutorado), observou-se no gráfico 5 um aumento no
conhecimento, especialmente no nível moderado, sugerindo uma correlação
entre o envolvimento acadêmico avançado e uma compreensão mais
profunda dos personagens. Sete tinham conhecimento moderado sobre Padre
Cícero, e um com conhecimento substancial. Três não tinham nenhum
conhecimento sobre a Beata, três com pouco conhecimento e dois com
conhecimento moderado. Sobre o Beato, dois não tinham conhecimento, três
se consideraram com pouco conhecimento e outros três com conhecimento
moderado.
A análise desses números destaca a influência da formação acadêmica
na percepção e compreensão dos personagens da peça. Essa diversidade de
conhecimento contribui para a riqueza interpretativa do elenco em "Flor do
Deserto", enriquecendo a representação artística e promovendo uma
abordagem mais informada da narrativa histórica.
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Gráfico 6 - Durante o processo de preparação para o seu papel em "Flor do Deserto", você
realizou pesquisas adicionais sobre o Caldeirão? Fonte: Elaborado pelo autor (2024)
No questionário, também foi feita a seguinte pergunta: "Durante o
processo de preparação para o seu papel em "Flor do Deserto", você realizou
pesquisas adicionais sobre o Caldeirão?". A análise das respostas, de acordo
com o gráfico 6, revela uma abordagem diversificada e engajada por parte do
elenco durante o processo de preparação para "Flor do Deserto".
Notavelmente, 20% dos participantes optaram por não realizar pesquisas
adicionais, indicando uma variedade de abordagens na construção de seus
papéis.
Entre as fontes consultadas, documentários emergem como a escolha
predominante, com expressivos 60%, destacando a preferência pelo formato
audiovisual para absorção de informações. Livros históricos e entrevistas com
historiadores também foram bastante utilizados, com 6,7% e 28,9%,
respectivamente, demonstrando a importância da base literária e do
conhecimento acadêmico no processo.
Relatos pessoais e testemunhos (13,3%), artigos acadêmicos (28,9%), e
entrevistas com familiares ou descendentes (8,9%) ilustram a busca por
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perspectivas mais pessoais e profundas sobre os eventos do Caldeirão. A
consulta a arquivos e documentos de época (11,1%) evidencia a dedicação em
recorrer a fontes primárias para uma compreensão mais autêntica.
A opção por visitas a locais históricos relacionados ao Caldeirão (2,2%)
aponta para uma abordagem sensorial, buscando uma conexão física e
emocional com o contexto. Essa variedade de métodos demonstra o
comprometimento do elenco em oferecer uma representação rica e fiel dos
eventos históricos no espetáculo.
Essa pergunta também ficou aberta, e alguns participantes do elenco
apontaram outras fontes de pesquisa que enriqueceram ainda mais seu
entendimento sobre o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.
A dramaturgia de Oswald Barroso foi mencionada, destacando sua
importância na construção da narrativa. Além disso, a interação com membros
do Grupo Miraira, especialmente com a Professora Lourdes Macena, evidencia
o papel crucial da troca interna de conhecimento dentro do grupo.
O uso da internet, incluindo pesquisas online, redes sociais e plataformas
como
Wikipedia
e
YouTube
, reflete a adaptação contemporânea de fontes
digitais para a coleta de informações. A busca por imagens, conversas com
amigos e familiares, e a exploração de materiais disponíveis na internet e em
sites jornalísticos demonstram uma abordagem diversificada e aberta ao
conhecimento.
Essa variedade de fontes reflete o comprometimento do elenco em obter
uma compreensão holística do contexto histórico, ilustrando a riqueza e a
complexidade da pesquisa envolvida no processo criativo, na produção do
espetáculo e no trabalho de transcriação da obra do teatro para um novo
trabalho se utilizando de multilinguagens priorizando a dança, como foi o caso
do Flor do deserto.
Conclusão
A trajetória na elaboração deste artigo, permeado pela análise do
espetáculo "Flor do Deserto" e pelo aprofundamento na história do Caldeirão
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da Santa Cruz do Deserto, revela a relevância do trabalho desenvolvido pelo
Grupo Miraira. Ao trazer à tona uma narrativa muitas vezes esquecida, a peça
ilumina um episódio significativo da história cearense e oferece uma
oportunidade para reflexão e diálogo sobre questões sociais, culturais e
políticas.
A diversidade educacional do elenco, evidenciada pelos diferentes níveis
de escolaridade, enriquece ainda mais a abordagem da história,
proporcionando uma pluralidade de perspectivas. O questionário aplicado aos
integrantes do grupo revela a diversidade de conhecimentos prévios sobre o
Caldeirão e também a disposição do elenco em aprofundar seu entendimento
por meio de pesquisas variadas.
A conscientização do elenco sobre a importância do Caldeirão, como
refletido nas respostas do questionário, destaca a potência transformadora da
arte ao revelar e dar voz a narrativas marginalizadas. As respostas também
indicam uma valorização do papel educativo da obra, uma vez que grande
parte do elenco buscou informações adicionais para enriquecer suas
performances.
Em síntese,
Flor do Deserto
oferece uma imersão artística e histórica, e
incita uma reflexão sobre o poder do conhecimento, da memória e da
educação. O Grupo Miraira, ao conduzir essa iniciativa, proporciona uma valiosa
contribuição ao reconhecimento de elementos de identidade cultural e
memória histórica, promovendo um diálogo necessário sobre as
complexidades de nosso passado e suas reverberações no presente numa
necessidade de alerta constante na defesa por nossos direitos, pois ele o
direito, sempre foi o resultado da luta histórica da humanidade. Utilizando-se
sempre de matriz estética tradicional, a questão de direitos culturais e vida
justa para todos e todas é o mote que movimenta sempre os processos
criativos do Miraira, e, nesse momento, o Flor do Deserto busca cumprir esse
papel de reconstituição histórica para que casos como a perseguição ao
Caldeirão e injustiças cometidas com o Beato Zé Lourenço e sua comunidade
jamais voltem a se repetir.
Memórias encenadas: a proficiência histórica do Elenco de 'Flor do Deserto' sobre o Caldeirão
Antônio Alison Vasconcelos Marques | Maria de Lourdes Macena de Souza
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Referências
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do Deserto na narrativa histórica
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Memórias encenadas
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Vasconcelos Marques e Maria de Lourdes Macena de Souza. 2024.
Recebido em: 15/02/2024
Aprovado em: 01/04/2024
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