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Talvez o lobo seja um bicho mais dócil
: teatro em
caravana e o enfrentamento a violências contra mulheres
Leda Gimbo
Monique Cardoso
Para citar este artigo:
GIMBO, Leda; CARDOSO, Monique.
Talvez o lobo seja um
bicho mais dócil
: teatro em caravana e o enfrentamento a
violências contra mulheres.
Urdimento
Revista de Estudos
em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 1, n. 50, abr. 2024.
DOI: 10.5965/1414573101502024e0107
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Talvez o lobo seja um bicho mais dócil
: teatro em caravana e o enfrentamento a violências contra mulheres
Leda Gimbo | Monique Cardoso
Florianópolis, v.1, n.50, p.1-18, abr. 2024
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Talvez o lobo seja um bicho mais dócil
1: teatro em caravana e o
enfrentamento a violências contra mulheres2
Leda Gimbo3
Monique Cardoso4
Resumo
A violência contra mulheres é um fenômeno social complexo, relacionado ao poder
patriarcal, alicerçado na exploração do trabalho doméstico não remunerado, bem
como na exploração sexual e reprodutiva de mulheres. O feminicídio é o expoente
máximo da violência contra mulheres, geralmente cometido por homens do convívio
da vítima. Esse é um relato de experiência cartográfico que trata da violência contra
mulheres e do feminicídio como exercício de ódio contra a insubmissão, a partir da
vivência das apresentações do espetáculo
Aquelas Uma dieta para caber no
mundo
, do Grupo Manada Teatro, que foi apresentado no Ceará e no Pará, bem
como das oficinas e encontros com mulheres durante a caravana.
Palavras-chave
: Violência contra mulheres. Relato de experiência. Movimentos
sociais. Teatro.
1 Trecho do Espetáculo
Aquelas Uma dieta para caber no mundo
, com texto de autoria de Juliana Veras,
Monique Cardoso, Murillo Ramos, Rafael Barbosa e Ricardo Guilherme. Espetáculo interpretado por Juliana
Veras e Monique Cardoso, com direção de Murillo Ramos, do grupo Manada Teatro. Os trechos aparecerão
entre aspas em todo o texto.
2 Revisão ortográfica, gramatical e contextual do artigo, em língua portuguesa, realizada por Sara Síntique
Cândido da Silva. Mestra em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Gestão Cultural
pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA). Graduada em Letras Português-Francês pela UFC.
3 Doutorado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN.) Mestrado em Psicologia
pela UFRN. Especialização em Neuropsicologia pela Faculdade Christus (CTEC). Graduação em Psicologia pela
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professora Adjunta do Curso de Psicologia da Universidade Federal
de Goiás (UFG). ledagimbo@ufg.br
http://lattes.cnpq.br/8136066164744808 https://orcid.org/0000-0003-1182-8367
4 Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), orientada pela Dra. Grácia Maria Navarro. Mestrado em Artes pela Universidade Federal do Ceará
(UFC). Especialização em Gestão Cultural: cultura, desenvolvimento e mercado no Centro Universitário
Senac/SP. Graduação em Marketing na Faculdade Estácio do Ceará. moniquecardoso.ato@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/5415471367954207 https://orcid.org/0000-0001-5735-2371
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Maybe the wolf is a more docile animal
: caravan theater and
combating violence against women
Abstract
Violence against women is a complex social phenomenon, related to
patriarchal power, based on the exploitation of unpaid domestic work, as well
as the sexual and reproductive exploitation of women. Femicide is the
maximum exponent of violence against women, generally committed by men
close to the victim. This is a cartographic experience report that deals with
violence against women and feminicide as an exercise of hatred against
insubordination, based on the experience of the presentations of the show
Those A diet to fit into the world, by Grupo Manada Teatro, which was
presented at the Ceará and Pará, as well as workshops and meetings with
women during the caravan.
Keywords:
Violence against women. Experience report. Social movements.
Theater.
Quizás el lobo sea un animal más dócil
: teatro de caravanas y lucha
contra la violencia contra las mujeres
Resumen
La violencia contra las mujeres es un fenómeno social complejo, relacionado
con el poder patriarcal, basado en la explotación del trabajo doméstico no
remunerado, así como la explotación sexual y reproductiva de las mujeres. El
feminicidio es el máximo exponente de la violencia contra las mujeres,
generalmente cometido por hombres cercanos a la víctima. Este es un relato
de experiencia cartográfica que aborda la violencia contra las mujeres y el
feminicidio como ejercicio de odio contra la insubordinación, a partir de la
experiencia de las presentaciones del espectáculo Aquellos – Una dieta para
encajar en el mundo, de Grupo Manada Teatro, que se presentó en Ceará y
Pará, además de talleres y encuentros con mujeres durante la caravana.
Palabras clave
: Violencia contra las mujeres. Informe de experiencia.
Movimientos sociales. Teatro.
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“Devorada, cuspida, penetrada, comida5
As vidas de mulheres convergem na violência. É possível afirmar que a
categoria
mulheres
(Wittig, 2019) se afirma como construção histórica, para além
da existência concreta de uma mulher. Esse grupo heterogêneo é socialmente
respaldado na biologia e na afirmação da condição reprodutiva como destino. Os
atributos biológicos são o ponto de partida para a definição dos papéis nas
relações de gênero defendidas pelo patriarcado cis heteronormativo e são úteis
ao capitalismo e às relações de poder e exploração. Para Halberstam (2023, p. 163),
“muitos dos nossos entendimentos do humano procedem de e presumem certa
normatividade de gênero como base para outros modos de ser”. Nesses termos,
além de papéis fixos e divisão de trabalho que priorizam uma categoria sobre as
outras, a estrutura binária apaga existências de outras formas de ser mulheres,
invisibiliza existências trans, intersexuais e ignora que homens podem possuir
úteros e parir. Numa perspectiva binária, como categoria normativa, as mulheres
ocupam as posições de servidão e cuidado, são demandadas aos trabalhos
domésticos e precarizados, bem como espera-se delas a tarefa de gerar filhos, de
ser mão de obra útil, que sejam boas mães, boas esposas, disponíveis ao sexo
(Federici, 2023). Podemos apontar a partir de inúmeras fontes como a afirmação
de um ideal de mulher para representar essa categoria implica no apagamento e
na negação de muitas possibilidades de existir, reduzindo o imaginário às mulheres
cis e heterossexuais. A norma de gênero impõe a negação de mulheres trans, de
pessoas não-binárias e faz coro com a afirmação do patriarcado junto com o
capitalismo.
A violência é uma ferramenta muito útil para a manutenção das relações de
poder, certamente a mais precisa e comum. Macro e micropoliticamente o
exercício de violências é análogo às relações de dominação e controle (Gimbo,
2021; 2022). Em suas diversas tipificações, serve como aparato para coagir,
submeter e, em última instância, exterminar. O feminicídio representa o ápice da
violência nas relações. Caracterizado como extermínio de mulheres por serem
mulheres e, em geral, mulheres que recusaram em alguma medida a se manter
5 Trecho de Carpaccio, letra de Monique Cardoso e Jonathan Silva.
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dentro das expectativas normativas. O feminicídio é o exercício máximo de ódio
dos homens contra as mulheres, diante das quais se sentem impotentes ou
destituídos de autoridade e força. Matar é a última manifestação da perda de
controle dos homens sobre as vidas das mulheres. Antes do feminicídio, estão a
violência psicológica, física, sexual, patrimonial, ou a combinação de várias delas,
para controlá-las, aliená-las e mantê-las submissas.
Nesses termos, espera-se que mulheres atendam aos ideais normativos
impostos e socialmente reafirmados, que renunciem ao direito sobre si mesmas
e se vejam como mães amorosas, esposas gentis, sempre disponíveis, servis e
dóceis. Despentes (2019, p.7) narra a ocasião de um estupro coletivo e dedica seu
livro a todas as “excluídas do grande mercado da boa moça”, bem como afirma a
condição de exploração sexual e do trabalho doméstico não remunerado dentro
dos casamentos, além de lembrar-nos a permissão que os homens têm para
circular livremente, divertir-se e violar corpos (não de mulheres). A autora
recorda que carregava um canivete na ocasião do estupro e que em momento
algum considerou usá-lo, mas desejou que nenhum dos homens o encontrasse e
resolvesse “brincar” com ele. Lafontaine (2022) constata que nossas existências
não amedrontam, que aprendemos a tentar fugir e que nossa defesa nunca é um
ataque. A certeza da impunidade é a certeza que os homens têm do domínio sobre
os corpos (não só) de mulheres. Enquanto somos socializadas para agradar e
servir, eles desfrutam dos privilégios. A vergonha é das mulheres (Ernaux, 2019;
Lafontaine, 2022). São os corpos de mulheres que são julgados, definidos e
explorados, em maior ou menor escala. A partir dos marcadores de raça e classe,
as violências se ampliam e a vergonha também.
Esse trabalho se constrói a partir do relato de experiência da
Caravana
Aquelas
, uma interface entre o teatro e os movimentos sociais, bem como trata
da possibilidade de cartografar e acompanhar os fluxos de imersão no campo. A
cartografia como proposta dissidente de pesquisa propõe uma inversão, pois ao
invés de traçar um caminho metodológico para encontrar resultados em uma
pesquisa, considera acompanhar o caminho e narrar a partir da pesquisa-ação
(Barros e Passos, 2009).
O fio condutor é a história de Maria de Bil, vivida no teatro pelo espetáculo
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Aquelas Uma dieta para caber no mundo
. Essa história de uma e de tantas
mulheres imbrica as violências, os movimentos sociais, o teatro e as possibilidades
de produção de cuidado e enfrentamento a violência contra mulheres.
“Memória póstuma de Maria de Bil – Canção de sangue e dor”
Maria Antônia da Conceição, mulher de origem humilde, nasceu em Alagoas,
mudou-se para o Ceará, casou-se, em 1922 com Severino Domingos da Silva,
conhecido como Bil. Em 1926, Maria de Bil já era mãe de dois filhos, estava grávida
do terceiro, quando se soube traída pelo marido, com sua irmã, Madalena, uma
mulher com deficiência visual. Maria se mudou, então, com os filhos, para a casa
de seu pai. Bil propôs que retomassem a relação e mudassem de cidade, no
entanto Maria recusou. Bil tinha conhecimento da rotina de Maria, do caminho que
ela fazia para levar as marmitas aos trabalhadores da roça. Em 1926, Bil esperou
Maria no caminho, emboscou-a, esfaqueou-a. O pai de Maria marcou o lugar da
morte da filha com uma cruz. Em 1957, uma capela foi construída nesse lugar,
onde anualmente acontece uma procissão, as pessoas levam ex-votos, fazem
promessas. Mesmo após a morte, na placa que sinaliza a capela, ainda se escreve
que Maria é “de Bil” (Alves, 2014). A santificação apaga a violência? Dociliza Maria,
oferece-lhe alguma redenção?
A história de Maria é o fio condutor do espetáculo
Aquelas – Uma dieta para
caber no mundo
. É sobre essa, que pode ser também aquela, que pode ser
qualquer uma das integrantes dessa categoria. Sendo a violência tão comum e tão
utilizada para manter as relações, não é estranho que o sentimento diante da
história dessa Maria seja tão compreensível, tão próximo, a história é tão possível
de ser a de qualquer uma:
Quando ele me encontrou eu estava com as marmitas na mão. Foi logo
perguntando se eu não ia voltar pra ele. Fiquei um pouco calada,
pensando nele com Madalena, pensando nele com minha irmã cega.
Pensei nos meninos. A gente quando tem filho pensa nisso, né? Mas
se eu não tivesse dito que não, naquela hora eu teria voltado e aguentado
aquela vida de desamor que eu tava vivendo.6
A insubmissão pode ser sentença de morte. Diante do gesto insubmisso,
6 Trecho do espetáculo.
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frustrado e incrédulo da perda do seu domínio, considerado como propriedade e
não como uma vida livre e genuína, o feminicídio é a demonstração final de poder.
A insubmissão de mulheres ao longo da história possibilita a atualização dos
horizontes (Gimbo, 2022). A luta das que vieram antes e as muitas vidas que a luta
pela emancipação feminina custou e custa é um preço muito alto, mas, assim
como fez Maria, é um preço que muitas mulheres se arriscam a ter que pagar,
para não aceitar as condições da rotina violadora de identidades e direitos.
Em memória de Maria, de todas as Marias, o espetáculo produz efeitos de
universalização afetiva nas mulheres da plateia. Não conforto, não
santificação, não redenção. Estamos todas expostas, estamos todas disponíveis
aos mesmos ritos de purificação e à expectativa de que nossas vidas sejam
dedicadas ao fardo que construíram para nós como identidade. Talvez seja esse
sentimento de universalização do risco de morte, mais do que a sororidade ou a
dororidade, que une as mulheres. A violência é, portanto, elemento de identificação
e convergência. O espetáculo escancara isso e, possivelmente, as reverberações e
necessidades de elaboração pessoal de uma história que é coletiva tenham sido a
convocação para que houvesse uma caravana.
A ideia de ampliar para além do espetáculo o encontro entre as mulheres
possibilitou que, nos meses de janeiro e março de 2023, a equipe do grupo Manada
Teatro fosse temporariamente ampliada e incluísse uma assistente social, uma
advogada, uma psicóloga e uma professora, ativista e militante. A caravana foi,
assim, uma resposta coletiva ao enfrentamento das violências e apontou para
como a união entre mulheres, a ampliação e a forma-coletivo, têm mais força.
Apontou também para a necessidade de acolhimento, de espaço para
compreender as violências e seus efeitos, ocasião para a solidariedade que, nessa
dimensão, é possível quando uma mulher acolhe a outra, quando mulheres
acolhem umas às outras.
“Segura minha mão”
O primeiro espetáculo da caravana foi em Marabá. O trem de uma empresa
de exploração de minério parecia não ter fim. A hospedaria às margens da
Transamazônica, o rio caudaloso, famílias indígenas, mulheres venezuelanas e
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seus filhos pedindo esmolas: o
Brasil não conhece o Brasil
7. Nós não conhecemos
o Brasil, mas a violência contra mulheres é uma gramática comum.
O cenário e a iluminação estavam sendo montados, os jornais locais
anunciavam o espetáculo e a caravana, com a oficina intitulada Vendas e
Mordaças, os atendimentos a mulheres e a presença das profissionais da
assistência social, psicologia, direito e uma educadora social. A matéria informa
que todas “integram a Frente de Mulheres do Cariri, um movimento importante no
enfrentamento às violências contra mulheres, que também presta atendimento
às vítimas de qualquer tipo de agressão ou ameaça”8. A Frente de Mulheres de
Movimentos do Cariri, para além da violência, também é um ponto de convergência
entre mulheres. Ela nasce ano de 2012, durante o cortejo tradicional da festa de
Barbalha, no interior do Ceará, quando um grupo de mulheres se organizou para,
em protesto, realizar a Marcha das Vadias. Esse coletivo ganhou força e, no ano de
2014, com lideranças ativas, nomeia-se como uma Frente9. Antes de assistente
social, atriz, psicóloga, advogada, educadora: mulher. Qualquer identidade ou papel
social vem depois.
Nos anos seguintes, mais mulheres passaram a integrar o movimento, que se
fez atuante no apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade e violências, bem
como passou a atuar politicamente, pressionando autoridades e promovendo atos
e mobilizações. Dois casos emblemáticos produziram efeitos de solidariedade e
união entre as mulheres do Cariri e ampliaram as ações da Frente. No ano de
2016, Rayane Alves Machado desapareceu, o ex-namorado foi responsabilizado
pelo crime e ocultação do cadáver10 e, no ano de 2018, na praça central da cidade
de Crato, interior do Ceará, a professora Silvany Sousa foi executada a tiros pelo
7 Canção de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, eternizada na voz de Elis Regina.
8 Matéria do
Correio de Carajás
, publicada em 20 jan. 2023, disponível em:
https://correiodecarajas.com.br/espetaculo-aquelas-aborda-violencia-contra-a-mulher-em-maraba/ Acesso
em: 16 jan. 2024.
9 A história da Frente de Mulheres de Movimentos do Cariri é discutida na Tese de Suamy Soares (2019),
disponível em : https://www.ufpe.br/documents/40086/2837078/Tese+vers%C3%A3o+final+-
+Suamy+Rafaely.pdf/b791d0ff-41ce-4672-bc85-28b00c717103 Acesso em: 16 jan. 2024.
10 Caso Rayane Alves, disponível em: https://g1.globo.com/ceara/noticia/2016/06/ex-e-preso-suspeito-de-
matar-jovem-desaparecida-ha-2-meses-no-ceara.html Acesso em: 16 jan. 2024.
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ex-companheiro que não aceitava o fim da relação11. Na ocasião do assassinato,
ocorrido em uma noite de domingo, a missa que acontecia na igreja da Sé não foi
interrompida, Silvany foi baleada na frente de toda a comunidade e do filho de
quatro anos de idade, fruto da relação com o feminicida.
No dia seguinte ao feminicídio, a Frente de Mulheres do Cariri mobilizou um
ato público, em volta do banco da praça onde a professora estava sentada quando
foi alvejada pelo ex-marido. O ato contou com intensa presença da sociedade civil
e da imprensa, mobilizou a população local e o caso ganhou mais visibilidade.
Palavras de ordem, cartazes e muitas velas fizeram parte da ação intitulada como
“Nem todas estão presentes, faltam as mortas”.
O corpo-coletivo permite ampliar o eco e produzir ressonâncias. Pode ser
fácil para os homens sentirem-se autorizados a abater corpos femininos
insurgentes, mas é mais difícil que consigam operar sobre a massa, sobre a
manada, sobre a força das mulheres em bando.
Figura 1 - Ato em memória de Silvany Sousa, 19 ago. 2018. Foto: Leda Gimbo
11 Caso Silvany Sousa, disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/ceara/crato/2018/08/mulher-e-morta-
a-tiros-por-ex-companheiro-em-praca-publica-no-crato.html Acesso em: 16 jan. 2024.
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Figura 12- Ato em memória de Silvany Sousa, 19 ago. 2018. Foto: Leda Gimbo
Assim, a montagem do espetáculo em Marabá era a síntese possível de
muitas histórias, como cada uma das apresentações do espetáculo já o era, mas,
nessa ocasião especificamente, o espetáculo ganhava desdobramentos e o
momento que as atrizes ofereciam ao final de cada apresentação, para agradecer
e ouvir, foi ampliado, para oficinas, rodas de conversa e atendimentos a mulheres
que manifestassem interesse em ser ouvidas ou amparadas em alguma dimensão.
“Araras”
O cenário é composto por uma mesa com base de ferro e tampão de
madeira. Três bacias estão posicionadas em frente à mesa, repletas de facas de
tamanhos diferentes. Uma bacia cheia de líquido vermelho espesso. Sangue e um
grande pedaço de carne chamavam a atenção da plateia que ia chegando e se
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acomodando, em silêncio, sussurrando. No lado esquerdo do cenário, uma cadeira,
um violão e um baixo. No lado direito, um microfone.
As atrizes entram em cena. Silêncio. Cumprimentam o público, Juliana toca
o baixo, Monique corre em volta da mesa - as marmitas, a carne, os filhos, as
mulheres mortas. Ofegante, Monique toma o microfone e anuncia:
Um dia, quando eu ainda era criança, na segunda série, um professor
pediu para que a gente desenhasse o animal que a gente queria ser. Eu
não lembro por que, mas pensei imediatamente na arara. Sempre achei
a arara um pássaro muito bonito. Quando eu terminei o meu desenho e
fui mostrar ao professor, eu fui questionada sobre a minha escolha.
A voz de Monique ganha um tom mais grave. Juliana se move pelo palco, leva
a bacia com facas maiores até a mesa. Monique continua: “Não consegui nem
formular um pensamento, pois uma frase imponente foi posta diante de mim: as
araras são aves raras, estão ameaçadas de extinção. Então, eu disse: mas eu sou
uma arara. E eu já terminei o meu desenho”.
Juliana despeja as facas sobre a mesa e as arruma uma a uma. A plateia com
olhares atentos escuta a história de Maria de Bil e assiste à metáfora da produção
de um jantar, onde seria servido um carpaccio. “Você fez carpaccio?” pergunta
uma das atrizes. “Não”, responde a outra, “mas fui. Várias vezes”. E todas ali,
também.
Como também o convite para a reunião da escola, sempre dirigido a todas
elas. O copo para a bebida, nunca primeiro para elas. O carro, que é sempre do
marido; cozinhou, pode casar; tem de ter filhos, tem de se cuidar; como pode
deixar um filho na creche para trabalhar? Apanhou? Foi por amor. Merda.
olhando o quê? Desde a infância, como Maria, educadas para ceder, treinadas para
introjetar que “mulher não tem querer”.
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Figura 3 - Andando cegas entre facas, Marabá, 22 jan. 2023. Foto: Leda Gimbo
Num ápice, com a mesa repleta de facas, as duas atrizes, representando
Maria e sua irmã Madalena estão vendadas, de pé, sobre a mesa, entre as facas.
“Caminhando cegas entre facas”, e pode ser mais real, Monique desce da mesa e
convida um homem da plateia a guiar Juliana, que permanece vendada, para que
ela consiga atravessar a mesa sem se ferir. Ele gagueja, pede que ela levante o pé,
um passo à frente, mas um passo pequeno, são ordens confusas, ela está cega,
são mensagens difíceis de compreender, ela precisa ficar imóvel ou se arriscar por
conta própria a partir do que ele diz. As palavras são dele, a responsabilidade e a
vida são dela. A sensação é de angústia, medo, tensão na plateia. As mulheres se
movem inquietas, o homem é incapaz de fazer outra coisa que não seja proferir
sugestões de movimento. Ir lá, tirá-la da mesa. Salvá-la. Os homens não salvam
as mulheres. O mito do príncipe encantado chegando em cavalo branco é a maior
balela, mas é incrível que, mesmo num tempo em que os contos de fadas não
são as preferências infantis, mesmo com todas as notícias de jornal, todos os dias,
mesmo com a infinidade de famílias monomatriarcais e abandono paterno,
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mesmo com todas as constatações cotidianas, parece que ainda esperamos ser
salvas ou pelo menos que os homens sejam capazes de retribuir ao amor e à
dedicação sem posse, humilhação ou submissão. Há escolha?
O espetáculo segue narrando a história de Maria, as noites em que Bil chega
bêbado, a esperada disponibilidade para o sexo sem qualquer prazer. Quantas
vezes as facas e o desejo de pôr fim àquele homem? Mas em geral, as mulheres
não conseguem usar as facas contra seus algozes, contudo eles as usam contra
as mulheres, não facas. O sangue espalhado sobre a mesa e sobre Juliana, a
carne no chão, a plateia boquiaberta. O final pode ser o mesmo, o final sempre
pode ser a morte.
E hoje eu li no jornal: o Brasil mata treze araras por dia, estupra uma a
cada onze minutos por serem araras. Das treze araras mortas mais da
metade perdeu a vida nas mãos de familiares e companheiros. Aquelas
araras empoderadas, fora dos padrões, aves raras, teriam de fazer uma
dieta, mudar suas formas, peso e medidas para que possam ficar num
padrão de mundo? É preciso caber no mundo? O mundo é a medida?
Qual a medida desse mundo? Aquelas querem caber nessa medida? Não
seria o mundo que teria que fazer uma dieta para caber nas medidas
d’Aquelas?
Juliana canta, as duas gritam, apanham facas, elas sentem raiva, a raiva é a
emoção que sinaliza as injustiças, as violações. Deveria ser a raiva, não o medo, a
raiva é a possibilidade de não assumir a culpa e o peso das violências que se
destinam às mulheres, como se elas fossem culpadas ao invés de vítimas. As luzes
acendem.
Uma preocupação imediata são as tantas facas no cenário. A produção é ágil,
retira-as e conta, enquanto as atrizes se organizam para encontrar o público que
permanece, majoritariamente, composto por mulheres.
“Tu ia ficar doidinha se vivesse no breu”
O trabalho doméstico não é considerado, historicamente, como uma das
bases do sistema de produção. Federici (2019) reivindica o lugar do trabalho
doméstico e reprodutivo das mulheres como fundamentais para a economia
global. As mulheres que realizam tarefas domésticas são consideradas como
mulheres que não trabalham e apenas as mulheres que estão no mercado de
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trabalho formal são consideradas trabalhadoras. Essa divisão apaga a execução
do trabalho doméstico não remunerado como função essencial para o
funcionamento social e a acumulação primitiva, bem como invisibiliza suas
representantes e assevera a divisão social do trabalho determinada pelo binarismo
de gênero e constituição heterossexual das relações. Sobre a marcação social
imposta na estrutura binária e patriarcal, Preciado (2023, p. 20) afirma que: “Entre
todos os corpos, alguns parecem ter existido sem alma durante muito tempo.
Foram considerados pura anatomia, carne comestível, músculos que trabalham,
úteros reprodutivos, pele dentro da qual ejacular”. Esse modelo se alinha com um
modelo de família patriarcal e com o papel do homem mantenedor e da mulher
doméstica. Não precisamos ir muito longe para constatar como esse modelo,
baseado também na exploração sexual e reprodutiva está diretamente ligado à
violência, às violências, como ferramentas úteis para que as pessoas exploradas
continuem sendo exploradas e não ousem se rebelar ou que paguem com a
própria vida caso tentem.
Não é tarefa simples constatar esse panorama e o lugar que as mulheres
ocupam historicamente quando romantização massiva de suas identidades e
quando esses papéis estão camuflados pela ideia de que o casamento é apenas
um efeito do amor.
A maioria das mulheres que permanece após o espetáculo se identifica como
casadas, divorciadas e, algumas delas, de imediato trazem as histórias das
violências que sofreram para conseguir se separar ou que ainda sofrem. São elas
as convidadas para participar das oficinas e a elas é disponibilizada a possibilidade
de escuta psicológica, apoio e orientação jurídica e suporte social. O título dado à
oficina é “Vendas e Mordaças” e possibilita às mulheres a experiência de guiar e
cuidar umas das outras, apoiando corpos e histórias, encontrando outros pontos
de convergência além das violências que sofreram.
As experiências de abandono, sobrecarga de trabalho doméstico e formal, a
tarefa incessante de cuidar dos filhos, o trabalho imaterial de estar
constantemente preocupadas e atentas às necessidades das pessoas que
compõem seus núcleos familiares, as traições e comparações, as tentativas
sempre fracassadas de ocupar o lugar que esperam delas e de ser reconhecidas
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: teatro em caravana e o enfrentamento a violências contra mulheres
Leda Gimbo | Monique Cardoso
Florianópolis, v.1, n.50, p.1-18, abr. 2024
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como boas, a constatação de que estão sempre em dívida, sempre se sentindo
insuficientes, são narradas e ouvidas, as mulheres tecem uma teia com suas
histórias e, a partir daí, vai-se produzindo também algo que só entre elas se pode
fazer: o reconhecimento genuíno da força, do desejo, da mobilização para ocupar
outros espaços e desempenhar outros papéis. A constatação de que não querem
que suas filhas vivam o que elas viveram e que o futuro seja outro.
A escuridão se desfaz no encontro com outras, é no exercício das
experiências comuns e do acolhimento entre mulheres que se produz suporte
para enxergar a violência e seus efeitos e, aos poucos, para traçar estratégias de
resistência, fuga, defesa e atualização dos horizontes possíveis. Não é possível
esperar que a libertação seja concedida pela classe que se beneficia com esse
regime. Se as mulheres levam tempo para constatar o lugar social que ocupam,
os homens parecem levar ainda mais tempo para se reconhecer como
privilegiados que instrumentalizam as violências para permanecer em suas
posições de poder. “Talvez o lobo seja um bicho mais dócil” que os homens
ameaçados em seus privilégios.
O trabalho não emancipa mulheres, um salário não emancipa mulheres
(hooks, 2019), apenas o reconhecimento das violações não emancipa mulheres. É
preciso que reconheçamos nosso papel como reprodutoras da violência patriarcal
e que as crianças não irão aprender outras formas de relação se continuarem
sendo educadas para usar a força e a violência como meio de lidar com situações
difíceis. Contudo, bel hooks também nos afirma como a solidariedade política
entre mulheres é chave potente para a revolução e para transformações
estruturais na sociedade, para mudanças profundas nas relações de violência e
dominação que ajudam a manter o capitalismo.
A Caravana Aquelas esteve em Marabá, no Pará, esteve nas cidades de São
Gonçalo do Amarante, Caucaia e Fortaleza, no Ceará. A cada montagem do cenário,
os mesmos tremores, a cada passagem da luz, o amargo na boca, o sangue e a
carne. A cada apresentação, a constatação da repetição cruel das mesmas
histórias encarnadas em personagens diferentes, muitas e muitas Marias que não
são e nem se desejam santas. A cada ajuste para as oficinas, o cuidado com os
espaços, os olhares atravessados, os poucos homens da plateia, o tema indigesto,
Talvez o lobo seja um bicho mais dócil
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a coragem renovada para repetir o texto como quem repete um grito de
sobrevivência e salvação. Em cada apresentação, a memória das mulheres mortas,
as histórias de nossas avós, mães, tias, irmãs, nossas histórias repetidas vezes. O
enfrentamento às violências é uma tarefa coletiva, uma missão comum, uma
missão para muitas caravanas.
“Reloj de campana tócame las horas
Para que despierten las mujeres todas12
À guisa de conclusão desse relato, se é que conclusões são possíveis a
respeito de um tema tão latente e tão difícil, podemos considerar que o feminismo
e a luta contra a violência patriarcal é uma tarefa árdua, que só se faz com muitas
mãos e corpos. Uma tarefa que convoca a atualização das relações entre
mulheres, o apoio de umas às outras e a supressão das relações de competição e
disputa, tão presentes no capitalismo, mas que operam a favor do patriarcado e
colocam as mulheres como inimigas umas das outras, trabalhando pelos seus
opressores.
Se a revolução é uma tarefa coletiva, todo exercício de comunidade é
imprescindível. Todo fortalecimento do senso de coletividade e solidariedade
política é ferramenta para a atualização dos modos de existir nesse mundo cujos
problemas não se restringem às violências de gênero, aliás, longe disso, as
violências de gênero são efeitos do modo de produção capitalista que precariza e
destrói a natureza, expropria vidas, vende a propaganda irrestrita de consumo e
felicidade, às custas das guerras e das mortes de tantas. É nesse cenário que a
arte é um motor para a revolução. A arte é possibilidade libertária de insubmissão,
questionamentos, desgoverno e desrepressão dos corpos. O teatro é resistência e
revolução.
A Frente de Mulheres e a Caravana são exemplos de coletivização e
implicação de fazeres e de afeto que unem mulheres, aproximam homens e
ajudam a romper com a norma binária, desde a sua estrutura. Questionar as
relações binárias de gênero e apontar formas para sua implosão é uma tarefa
feminista a favor da libertação não apenas das mulheres, mas a favor da
12 Trecho da música de Abuela Malinalli.
Talvez o lobo seja um bicho mais dócil
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possibilidade de que a categoria geral se dissolva e não seja representada no
imaginário social como cis, branca, hetero. Apontar para o movimento e desejo, “e
se a gente assume que nosso desejo é constante (diferente de dizer contínuo), a
gente precisa reconhecer que desejo sempre muda. Consequentemente, o nosso
corpo muda junto” (Favero, 2022, p. 201). Essas experiências de luta e revolta são
parte da reivindicação por formas mais livres de existir e que transcendam as
categorias estáticas que sustentam o capitalismo e as relações de exploração.
Não estamos em dívida, pagamos antecipado, com juros muito altos, a nossa
passagem para existir nesse mundo. Essa passagem custou a vida de muitas de
nós, e ainda custa. No teatro, nos lares, nos movimentos sociais, na academia, nos
hospitais, nas escolas, a revolução é coletiva, feminista, está crescendo e não
de retroceder.
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Talvez o lobo seja um bicho mais dócil
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Recebido em: 20/01/2024
Aprovado em: 01/04/2024
Universidade do Estado de Santa Catarina
UDESC
Programa de Pós-Graduação em Teatro
PPGT
Centro de Arte CEART
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas
Urdimento.ceart@udesc.br