Narrativas pandêmicas: entrevista com Mônica Augusto e Ivan Bernardelli
Entrevista com Mônica Augusto e Ivan Bernardelli concedida à Flávia Brassarola Borsani Marques
Florianópolis, v.2, n.51, p.1-24, jul. 2024
transformar isso em ferramenta artística. Acho que o primeiro lugar foi o afeto,
como conseguiríamos estar aqui com afeto. Então, chamamos artistas que
gostávamos muito, pessoas que nos inspiravam e foi um momento de começar a
nos revermos também, um momento de olhar para a própria história e recordar
como éramos fãs das pessoas que agora estávamos chamando, o quanto elas
tinham nos ensinado, porque fomos para outra dimensão de tempo, de olhar
outras coisas. Inclusive, para mim, foi um momento muito importante de ver
tantos artistas produzindo tantas
lives,
porque, às vezes, no trato diário do
trabalho, não conseguimos assistir a tantos colegas ou acompanhar os processos,
nos encontramos, mas nunca temos tempo. Então, poder acompanhar o processo
de outros colegas compartilhando em
live
ou o que quer que fosse foi legal, porque
rolou aproximação de várias pessoas e grupos que já gostávamos, mas não tinha
tempo para conversar, poder escutá-los nas
lives
, expandir o nosso pensamento.
Isso também mexeu com muitas estruturas de nos repensarmos, de dar aquela
pausa e perceber que podemos nos reinventar. Acho que enquanto produção, e
pulando só um pouco, mas já falando desse ano, que fomos para uma nova
produção do "Pavão misterioso" e que fizemos em parceria com o Lucho15 do
México, fazendo direção geral, revisitados e provocados por outres e todos esses
outres que encontramos, vimos e um lugar de se lançar em uma novidade, nem
sei se foi novo, mas foi muito atravessamento esse processo, porque era a nossa
casa. Havíamos acabado de mudar. Às vezes, tínhamos e temos preocupações
estéticas que entravam em nossa vida, porque havíamos acabado de nos mudar
e a casa estava bagunçada.
Ivan Bernardelli -
Eu estava vendo seminário da Unicamp e enchendo uma
caçamba de entulho, porque tivemos que fazer uma reforma. Estávamos no
online, muita loucura.
15 Coreógrafo e encenador mexicano, Luis Rubio nasceu na cidade de Mazatlán (Sinaloa, México). Iniciou seus
estudos de Dança no Centro Nacional de Danza Contemporánea, na cidade de Santiago de Querétaro
(México) e concluiu sua formação na Escuela Professional de Danza de Mazatlán (2010). Trabalha como
coreógrafo, diretor, dramaturgo, bailarino e educador. Foi codiretor do filme "Pavão misterioso" da Cia. Dual.
Em 2014, fundou o coletivo enNingúnlugar — plataforma de criação e investigação cênica — através do qual
desenvolveu projetos como "MOV- Foro de Arte y cultura para repensar la migración", "La Trinchera —
Plataforma Multidisciplinaria para estudiar el cuerpo y la escena" e "CASA VERDE – Centro Cultural
Alternativo". Em 2018, realizou turnê pela América Latina com o projeto "Latino America en Ningún lugar",
financiado pelo FONCA, realizando apresentações de espetáculos e workshops no Paraguai, Brasil, Equador,
Chile, Colômbia, Uruguai e Argentina.