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Danço, logo duvido: Uma parceria entre a Dança de
Rua de Bruno Beltrão e a Filosofia Pop
Charles Feitosa
Para citar este artigo:
FEITOSA, Charles. Danço, logo duvido: Uma parceria entre
a Dança de Rua de Bruno Beltrão e a Filosofia Pop.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas,
Florianópolis, v. 3, n. 48, set. 2023.
DOI: 10.5965/1414573103482023e0106
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Filosofia Pop1
Charles Feitosa2
Resumo
O texto aborda a parceria entre a Dança de Rua de Bruno Beltrão e a Filosofia Pop,
destacando a experiência de 18 meses de colaboração entre a dança urbana e a filosofia
pop. O autor explora a utilização de materiais oriundos da cultura pop, como vídeos de
arte, ciência e esportes, para explorar temas e questões da filosofia. O texto também
menciona as repercussões teóricas e práticas das interações entre dança e filosofia,
tendo como fio condutor a reabilitação conceitual da rua.
Palavras-chave
: Dança. Filosofia. Cultura pop. Transdisciplinaridade.
I dance, therefore I doubt: A partnership between Bruno Beltrão’s Street Dance
and Pop Philosophy
Abstract
The text addresses the partnership between Bruno Beltrão's Street Dance and Pop
Philosophy, highlighting the 18-month experience of collaboration between urban dance
and pop philosophy. The author explores the use of materials derived from popular
culture, such as art, science, and sports videos, to explore themes and questions of
philosophy. The text also mentions the theoretical and practical repercussions of the
interactions between dance and philosophy, with the conceptual rehabilitation of the
street as a guiding thread.
Keywords
: Dance. Philosophy. Pop culture. Transdisciplinarity.
Bailo, luego dudo: Una Asociación entre el Street Dance de Bruno Beltrão y la
Filosofa Pop
Resumen
El texto aborda la asociación entre la Danza Urbana de Bruno Beltrão y la Filosofía Pop,
destacando la experiencia de 18 meses de colaboración entre la danza urbana y la
filosofía pop. El autor explora el uso de materiales derivados de la cultura popular, como
videos de arte, ciencia y deportes, para explorar temas y cuestiones de filosofía. El texto
también menciona las repercusiones teóricas y prácticas de las interacciones entre la
danza y la filosofía, teniendo como hilo conductor la rehabilitación conceptual de la calle.
Palabras clave
: Danza. Filosofía. Cultura pop. Transdisciplinaridad.
1 Revisão ortográfica, gramatical e contextual do artigo realizada por José Rômulo Moreira Júnior, graduado
em Letras (Língua Inglesa e Língua Portuguesa) pela Universidade Federal de São João del-ReiUFSJ, pós-
graduando em Revisão de Textos pela PUC-MG. romulomoreira.letras@gmail.com
2 Pós-doutorado em Filosofia pela Universidade de Potsdam-Alemanha. Doutorado em Filosofia na Albert-
Ludwigs Universität Freiburg. Pós-doutorado pela Universidade de Paris VIII. Doutorado em Filosofia na
Albert-Ludwigs Universität Freiburg. Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor titular e pesquisador do
Departamento de Filosofia (DEFIL) e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). charles.feitosa@unirio.br
http://lattes.cnpq.br/7975238653736340 http://orcid.org/0000-0003-2554-3901
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Convite à Dança
Nos fins de 2011, recebi do coreógrafo Bruno Beltrão, fundador do aclamado
Grupo de Dança de Rua de Niterói-RJ, convite para participar do processo de
composição da sua nova obra, ainda sem nome na época, e que veio a resultar no
espetáculo
CRACkz Dança morta
, com estreia mundial em maio de 2013,
exatamente 10 anos. A ideia seria se reunir semanalmente com a companhia e
realizar conversas sobre temas de dança e filosofia, com especial ênfase nas
questões ligadas ao ato de criação, ao binômio original-cópia e à relação entre arte
e tecnologia. Eu tinha feito outras parcerias pontuais com o Bruno e seus
bailarinos, portanto já conhecia e admirava seu trabalho.
Na época, eu estava especialmente interessado no cenário da dança e da
cultura pop no Rio de Janeiro, dentro do meu próprio projeto intitulado POP-LAB,
um laboratório de teorias e práticas da filosofia pop. A proposta do Bruno era mais
abrangente, e aceitei de bom grado o desafio. O presente texto é um pequeno
memorial da experiência de cerca de 18 meses de parceria entre a dança urbana
de Bruno Beltrão e meu próprio projeto de “filosofia pop”, tendo a rua como
paradigma e horizonte inspirador comuns.
Foto: Bruno Beltrão, Paris, janeiro de 2014 (Acervo Pessoal).
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Nota sobre o POP-LAB (Laboratório de Estudos em Filosofia e
Cultura Pop)
O POP-LAB é um laboratório de pesquisas transdisciplinares em torno da
filosofia, das artes e da cultura pop no Brasil. A proposta é criar um espaço para
que professores e alunos de diferentes áreas (filosofia, teoria da cultura,
antropologia dos gestos, pedagogia, história, museologia, teatro, cinema, dança,
vídeo etc.) possam desenvolver pesquisas teóricas, organizar eventos científicos,
promover atividades de extensão e também gerar produtos de caráter
experimental.
Através da aproximação da filosofia com a dança e da parceria com os
recursos de imagem, áudio e voz disponibilizados por meio de cinema, vídeo e
fotografia, o Pop-Lab desde 2006 vem procurando estabelecer um diálogo com as
linguagens contemporâneas do teatro, da dança e das chamadas artes da
performance, em suas roupagens analógicas ou digitais.
Logo do POP-LAB
Vale ressaltar que eu não inventei o termo “filosofia pop”, na verdade, apenas
roubei o conceito de Deleuze, que muito rapidamente menciona a expressão, sem
maiores aprofundamentos, no contexto da necessidade de novas formas de ler e
de escrever na filosofia. Minha apropriação do termo se orientava por experimentar
com aspectos que talvez o próprio Deleuze não tenha previsto, mas que teria,
imagino, aprovado.
A primeira ressalva é que o uso do termo “pop” nada tem a ver com a acepção
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corrente, presente em títulos de programas televisivos brasileiros do tipo “Super-
Pop” e que se aplica ao entretenimento de caráter raso, fácil e meramente
comercial. Meu intuito, ao contrário, era resgatar o projeto presente no movimento
da “pop art” dos anos 50, no qual o conceito de “pop” era visto como algo
imaginativo, híbrido, rebelde, original, irreverente, crítico e alegre.
O principal aspecto da “filosofia pop” seria, então, a atitude consciente de
descompromisso com a distinção entre “alto” e “baixo” em termos de cultura, o
que acaba acarretando a recusa de um cânone filosófico exclusivo tanto das
questões, quanto dos autores, supostamente clássicos e incontornáveis. Estou
convencido de que a filosofia não precisa se restringir a pensar apenas a questão
da liberdade ou da verdade em Descartes ou Kant, mas pode e deve também se
debruçar sobre as questões de poder no uso do controle remoto nas diferentes
constelações familiares ou ainda sobre os desdobramentos ético-políticos de uma
história em quadrinhos, um videogame ou uma letra de funk.
O lugar da dança na filosofia
A dança esteve surpreendentemente ausente, com raras exceções, dos
grandes sistemas filosóficos. Platão lhe faz um breve elogio nas
Leis
(Livro II, 654c-
657c) enquanto uma forma de honrar os deuses e de educar o corpo do cidadão
para o combate. Aristóteles dedica também algumas breves palavras na
Poética
(Cf. Livro I, 1447ª) apenas para mostrar que a dança também tem uma estrutura
mimética, representando caracteres, experiências e ações através de gestos
rítmicos. Na
Crítica do Juízo
de Kant (2005), poucas passagens nas quais a
dança é mencionada. Essa forma de expressão artística aparece como um “jogo
de formas” [
Spiel der Gestalten
], em contraste com o “jogo de sensações” da
música (Cf. Kant, 2005, §§ 14, 52). Bem no início de suas Lições de Estética, Hegel
nos adverte acerca das artes imperfeitas [
unvollkommene Künste
], tais como a
dança e a jardinagem [
Gartenbaukunst
], que serão mencionadas apenas
en
passant
, já que secundárias (Hegel, 1976, p. 20).
Somente na contemporaneidade, a partir do caminho aberto pela reabilitação
da corporeidade desencadeada por Nietzsche, é que a dança passou a figurar de
forma mais continuada e atenta no rol das teorias estéticas. Meu encontro com a
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dança também veio tardiamente e remonta ao ano de 2000. Durante o simpósio
Assim Falou Nietzsche III – para uma filosofia do futuro
, realizado em um parceria
da UNIRIO com a UERJ, realizei uma conferência intitulada
Por que a Filosofia
Esqueceu a Dança?
Incomodava-me profundamente esse silêncio na história
tradicional da filosofia em relação à dança e às artes do corpo em geral, em
contraste com o cinema ou a literatura. A publicação desse ensaio sobre dança
em 2001 (Feitosa, 2001, p. 95-15) não teve muita repercussão na área profissional
da filosofia, mas me rendeu diversos convites para participar de grupos de estudos
e mesas de discussão transdisciplinares, disparando minha futura transição para
a área de artes cênicas.
Parcerias prévias entre dança e filosofia pop
Passei a atuar na UNIRIO como orientador das dissertações de mestrado
sobre dança. Orientei na época os trabalhos de renomadas estudiosas da dança,
tais como o da ilustre crítica de dança Silvia Soter [
Dança e Comunidade: Corpo
de Baile da Maré
, 2005] e o da ex-bailarina clássica Vera Aragão [
Memória do Corpo:
Ensino do Ballet no Brasil
, 2005]. Entre 2003 e 2006, tentei conectar meu incipiente
projeto de uma “filosofia pop” com os estudos em artes cênicas através das
seguintes questões: Em que constitui a dimensão pop da dança? Como se mostra
a dança no contexto das contaminações, trespasses, interfaces, parcerias,
empréstimos, roubos e transposições entre a arte e a publicidade, a moda, o
videoclip
e o videogame? Seria possível estabelecer um diálogo entre as linguagens
contemporâneas da dança e das chamadas artes da imagem? Especialmente a
dança contemporânea carioca estava continuamente reciclando suas linguagens
por meio do contágio com o filme, o vídeo e o teatro. Meu objetivo geral era
investigar, no cenário carioca, as formas de manifestação do pop na dança
contemporânea, a partir das criações coreográficas de Dani Lima, Lia Rodrigues e
Micheline Torres.
Organizei, juntamente com os filósofos e estudiosos da dança Roberto Pereira
(falecido precocemente em 2009, mas na época professor da UniverCidade/RJ) e
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Tereza Rocha (hoje professora e pesquisadora na UFC/CE)3, dois simpósios
internacionais de Dança e Filosofia, em 2005 e 2006, realizados pelo PPGT/UNIRIO
em parceria com o SESC/Copacabana, com a presença de renomados
pesquisadores na fronteira entre dança e filosofia, tais como José Gil (Portugal),
Isabelle Launay (França), Kuniichi Uno (Japão) e Ramsey Burt (Inglaterra).
Foi em 2010 que tive minha primeira experiência como uma espécie de
consultor filosófico no processo criativo de um artista, a saber, a coreógrafa
carioca Micheline Torres, que resultou no espetáculo de dança contemporânea
intitulado
Eu prometo, isto é político
, cuja estreia aconteceu no Sesc-Copacabana
e que circulou por todo o país. Voltei a colaborar com Micheline em 2011, dessa
vez no processo criativo do espetáculo de dança contemporânea
Pequenas
Histórias de Pessoas e Lugares
.
Meu encontro com Bruno Beltrão
Fui apresentado ao Bruno Beltrão através dos críticos cariocas de dança Silvia
Soter e Roberto Pereira. Na época, entre 2003 e 2005, eu conhecia ainda muito
pouco a cena carioca de dança. Roberto e Silvia foram meus cicerones nesse novo
mundo e logo me contaram que Bruno Beltrão vinha do ambiente competitivo de
dança de rua, tinha inclusive ganhado vários torneios de dança antes de se
aventurar como coreógrafo. Eles previam para aquele jovem de cabeça raspada,
mas sempre de boné, um futuro brilhante.
Quando eu o conheci pessoalmente, fiquei impressionado com como era
jovem e maduro. A Companhia de Dança de Rua de Niterói foi criada em 1996,
quando Bruno tinha apenas 16 anos! Roberto Pereira e Silvia Soter tinham me
avisado que ele era muito sequioso de conhecimento, especialmente por filosofia,
mas o combinado entre os veteranos era deixar ele trilhar os próprios caminhos,
cometer seus próprios erros e acertos, sem ser orientado por ninguém.
Essa postura de recolhimento do conceito, de horizontalidade, de se deixar
ser apropriado e remodelado, em vez de querer conduzir os processos, é uma
3 Thereza Rocha (2012) parte justamente da experiência de organização desses dois simpósios para defender
uma filosofia pensada a partir da dança.
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tônica de todas as parcerias da filosofia pop com as artes, seja com a dança, o
cinema, a música, a literatura ou, mais recentemente, com as artes da
performance4.
Alguns anos mais tarde, em 2008, por ocasião da apresentação do trabalho
“H3”, encontrei com ele novamente no renomado festival de dança
contemporânea Panorama, no Rio de Janeiro. Ele me contou do interesse pela
filosofia, despertado na graduação pelas aulas com Roberto Pereira, e me
perguntou se eu não toparia um grupo de estudos com ele e outros dançarinos da
sua companhia. Durante três meses, então, nos reunimos semanalmente, eu,
Bruno, Willow (Eduardo Hermanson, bailarino excepcional, hoje em carreira solo),
Thiago Almeida e outros, no aprazível bairro da Glória no Rio de Janeiro, para
conversar sobre aspectos básicos da filosofia, tais como as principais teorias sobre
o real e as diferentes concepções, positivas ou negativas, da arte, de Platão a
Heidegger, passando por Aristóteles, Kant e Hegel.
Essa parceria foi intensa, mas sem um projeto específico. Na época, a única
repercussão imediata foram brincadeiras improvisadas citando nomes e conceitos
da filosofia nas apresentações posteriores do grupo, especialmente nas reedições
de
Telesquat
(2003), espetáculo com foco nas relações entre os corpos e a
tecnologia. Somente anos mais tarde, em meados de 2011, Bruno Beltrão me
convidou novamente para colaborar com sua companhia, dessa vez como uma
espécie de “filósofo na equipe”, durante os ensaios preparativos para CRACz. Os
ensaios e as conversas foram realizados por cerca de 18 meses em diversos
lugares, entre eles o Teatro Municipal de Niterói e o Grajaú Tennis Club do Rio de
Janeiro.
Lembranças do Making of de Crackz
Os ensaios eram longos e cansativos. Os dançarinos, 12 garotos e 1 garota
muito jovens, quase todos negros, de periferia, reclamavam bastante das lesões,
das quedas e do desgaste físico, mas eram de uma alegria arrasadora. Um enorme
“capital corporal”, como se costuma dizer no meio da dança contemporânea.
4 Ver Charles Feitosa, 2020.
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As conversas de filosofia se realizavam, em geral, nas pausas das repetições,
momentos em que passavam por atividades fisioterapêuticas. Misturávamos
remédios para o corpo e para a mente. Misturávamos corpo e mente. A princípio,
as conversas eram recebidas com ceticismo, mas aos poucos se tornavam cada
vez mais animadas. A filosofia, como qualquer boa droga (
pharmakon
), pode, como
dizia Chico Science, tanto organizar, para desorganizar, como desorganizar, para
reorganizar. Esses efeitos não advêm tanto da quantidade do remédio
administrado, mas sim do modo como cada um habita o mundo (
ethos
) e,
principalmente, do respectivo momento oportuno (kairós) em que cada um se
encontra5.
Mapa de Crackz (acervo pessoal de Bruno Beltrão)
O que mais me chamou atenção inicialmente foram as sucessivas quedas.
Os tombos me assustavam, e meu corpo doía junto com os dos bailarinos.
Conversamos um pouco sobre a significação mitológica das quedas desde Satã
até o triste episódio de 11 de setembro de 2001. Na ontologia tradicional ocidental,
a queda está predominantemente associada ao mal, ao fracasso, à ruína, à doença,
5 Me inspiro aqui na epistemologia do vinho descrita no famoso Problema XXX (
O Homem de Gênio e a
Melancolia
), cuja autoria é atribuída a Aristóteles: “Por que o estado desse homem que bebe,
nesse momento
preciso
[meu grifo] é o estado que se encontra um outro homem por natureza [...]. O vinho, portanto, cria a
exceção no indivíduo, não por muito tempo, mas por um curto momento [...]” (Aristóteles, 1998, p. 85).
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à velhice e à morte. Cair é perder. Ao demonizar a queda, a ontologia tradicional
sataniza não o peso, a gravidade e a matéria, mas também o corpo e seus
afetos, seus desejos, sua nudez, seus pelos, suas rugas, suas olheiras e cicatrizes,
enfim, as marcas que o tempo deixa na pele, vistas como sujeiras sobre uma
superfície idealmente lisa e pura. Na dança, ao contrário, especialmente nas
danças de rua, a queda não é somente um risco, mas uma afirmação de
disponibilidade para o imponderável, uma suspensão dos planejamentos técnicos
do futuro, uma reconciliação com a terra e, principalmente, com a própria finitude.
https://youtu.be/aBv_gcG0bDU
Queda do bailarino Tito Lacerda durante ensaio, 2012
(Acervo de Charles Feitosa)
No meu modo pop de explorar os temas e questões da filosofia, usei e abusei
de materiais oriundos da cultura pop, especialmente vídeos de arte, ciência e
esportes. Conversando recentemente com Ugo Alexandre Neves, pioneiro das
danças urbanas no Brasil, ex-dançarino da Companhia de Dança de Rua de Niterói,
e que fazia na época a assistência de direção de
CRACKz
, rememoramos um pouco
as conversas de 2011 a 2013.
Ugo Neves começou em 2003 como um bailarino consagrado na cena de
danças urbanas na companhia de dança de rua de Niterói. Entre 2007 e 2019, foi
um dos principais colaboradores do Bruno Beltrão. Hoje, ele coordena projetos e
workshops em torno da pedagogia de dança em Vitória-ES. Quase 10 anos depois
da experiência de parceria, Ugo me disse, em uma conversa no zoom no dia 29 de
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janeiro de 2021, que as provocações levantadas, especialmente a partir dos
materiais audiovisuais, nas conversas pop-filosóficas tiveram grande impacto
sobre seu trabalho e ainda são vívidas na sua memória. Segundo Ugo, “é inegável
que a proposta do grupo de rua de Niterói sempre passou pelo interesse pela
filosofia, e isso afetava tanto o processo criativo como o dia a dia das pessoas
envolvidas”. Nesse ponto, nota-se profunda afinação com a postura do Bruno, que
me dizia na época que queria que os bailarinos tivessem a oportunidade de entrar
em contato com o trabalho do pensamento e ver como isso poderia afetar a dança
e a vida de cada um, assim como tinha mudado muito a vida dele. O que cada um
fez a partir dessa experiência é uma incógnita. Os efeitos da colaboração com a
filosofia pop não se mostraram nunca de forma óbvia ou evidente, eles se davam
muito mais na dimensão dos pequenos acontecimentos, ou seja, de intensidade
sutil e imprevisível.
A Questão da Cópia em Crackz
A primeira e principal motivação do processo criativo de Bruno Beltrão foi a
questão da cópia na era digital. O nome
Crackz
, como foi pontuado diversas
vezes, indica a quebra dos direitos autorais de softwares para seu
compartilhamento. Os dançarinos foram mobilizados a procurar gestos, cenas e
movimentos que sentissem vontade de copiar, e eu fui mobilizado a pensar junto
com eles sobre a questão da cópia na filosofia. Em entrevista para o Festival
Panorama de 2013, a dançarina Barbara Dias disse:
Esse espetáculo [...] foi criado a partir de movimentos de pessoas que
nós admirávamos, ícones da dança do mundo inteiro, não só das danças
urbanas como de outros estilos também, como balé clássico e dança
contemporânea. [...] Depois fomos para esportes, mímicas etc. [...] A partir
desses movimentos, fomos criando pequenas células [...] dentro do
espetáculo de 45 minutos. A ideia era realmente de trazer esses
movimentos para o momento real, para o agora, mesmo sendo
adaptados, melhorados, modificados, piorados ou não
(https://www.youtube.com/watch?v=5AhFTVcF7cA, acesso em: 10 fev.
2021).
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Preparação para estreia em Bruxelas, maio de 2013 (Acervo de Bruno Beltrão)
Dentro desse processo, minha proposta foi a de conversar sobre a potência
do falso e a impotência do autêntico. Uma hipótese bastante debatida foi a de que
todo ato de criação, da antiguidade à pós-modernidade, é um gesto de remix. Em
uma cena do filme
Waking Life
(2002), de Richard Linklater, exibida durante os
ensaios, um dos personagens afirma que a diferença entre nós pobres mortais e
gênios como Mozart ou Shakespeare é maior do que aquela entre seres vivos e os
inanimados. Foi Kant quem formulou, da maneira mais precisa, a “Metafísica do
Gênio” (
Crítica da Faculdade de Julgar
, §§ 46, 47), que pode ser identificado pelas
seguintes características: não imita ninguém, mas é imitado por todos. Além disso,
não sabe explicar como faz suas obras, pois recebeu da natureza o talento para
ser tão criativo.
A crença na inspiração semidivina do artista foi magistralmente descontruída
por Nietzsche (2000) em
Humano, Demasiadamente Humano
: “os artistas têm
interesse que se creia nas intuições repentinas, nas chamadas inspirações; como
se a ideia da obra de arte, do poema, o pensamento fundamental de uma filosofia,
caísse do céu como um raio de graça”. Nietzsche sugere que é vantajoso para as
elites culturais manter uma aura de mistério sobre o fazer artístico ao esconder
seus erros, seus fracassos, suas aprendizagens e suas heranças, e fazer tudo
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parecer um milagre. Ao contrário: “Todos os grandes [artistas, filósofos ou
cientistas] foram grandes trabalhadores, incansáveis não apenas no inventar, mas
também no rejeitar, eleger, remodelar e ordenar” (Nietzsche, 2000, § 155).
Nietzsche preconfigurou a tese de que “todo ato de criação é um remix”, tese que
constitui importante conquista das artes contemporâneas, tendo sido ela mesma
remodelada na sabedoria punk/hip-hop das ruas e sintetizada pelo famoso grito
de guerra gravado nos muros: “faça você mesmo” [
do it yourself
]. Tal sabedoria já
vinha paralelamente, de alguma maneira, inspirando e transpirando nas danças
urbanas populares desde os anos 30.
Dança morta
– A segunda motivação de Bruno Beltrão na criação de Crackz,
algo que o acompanha desde os primeiros trabalhos, era a preocupação acerca do
futuro da arte e da humanidade em relação ao crescente uso das tecnologias
digitais. Esse tema foi bastante debatido nos ensaios, mas em geral sob uma ótica
afirmativa, sem ser “integrada”, nem “apocalíptica”, conforme a famosa
classificação de Umberto Eco6. Há obviamente uma encruzilhada entre as artes e
as tecnologias no mundo contemporâneo, mas insisto na tese de que a
“encruzilhada”, um termo caro à cultura africana, não tem que ser vista à maneira
europeia, a saber, um ponto de crise em que uma decisão precisa ser tomada a
fim de se superar seus impasses. A perspectiva afro-centrada encampada aqui
pela filosofia pop – de “encruzilhadas” sugere, ao contrário, ocupar e aproveitar ao
máximo a tensão dos pontos de encontro das diferenças de forma lúdica e
experimental. A ideia é explorar e até inventar mais e melhores formas de
encruzilhadas, entendidas aqui não como lugares, mas também como
momentos propícios para abrir outros caminhos.
6 Embora Umberto Eco reconheça que os apocalípticos estejam mais próximos de um pensar crítico típico da
filosofia: “[...] a função dos apocalípticos tem uma validade própria, isto é, ao denunciar que a ideologia
otimista dos integrados é profundamente falsa e de má-fé”. Eco, 1991, p. 18.
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Bruno Beltrão e Ugo Neves, Paris, 2013 (Acervo de Bruno Beltrão)
Quando finalmente vi o resultado do processo de gestação de Crackz pela
primeira vez, em novembro de 2013, fiquei maravilhado com as misturas, os
hibridismos e as remixagens corporais, mas também um pouco surpreso com uma
certa atmosfera soturna e pesada. Tudo se passava como se o minimalismo de
Beltrão, capaz de trazer suavidade para a fúria exuberante dos corpos jovens
treinados nas ruas, acabasse por gerar uma atmosfera densa, quase melancólica.
A jornalista alemã Sylvia Staude chamou de “The Dark Side of Planet HipHop” em
um artigo para o Frankfurter Rundschau, em 07 de outubro de 2013. Essa
atmosfera melancólica ficava ainda mais evidente pelo contraste com a roda de
improvisação dos bailarinos após o final do espetáculo, marcada por uma explosão
de alegria contida tanto no palco, como no público. Bruno Beltrão é um
dj dos
afetos e das emoções
. O clima soturno evocou para mim o tema do niilismo
contemporâneo, tantas vezes debatido durante nossas conversas nos ensaios. Há
no Brasil uma forma específica de niilismo, quase o inverso do europeu, na qual
os corpos tendem a ser muito mais valorizados do que os conceitos. Infelizmente,
trata-se predominantemente de um corpo-clichê, excessivamente esteticizado,
tonificado e medicamentalizado, mas paradoxalmente impotente para abrir novos
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caminhos. O que há em comum tanto no niilismo europeu como no brasileiro é o
cansaço, uma fadiga estrutural, um esgotamento dos corpos, que não aguentam
mais nem o esquecimento a que foram condenados, nem o revés dos trabalhos
forçados a que vêm sendo submetidos na era do capitalismo das emoções.
Crackz
, 2013, foto pessoal (Acervo de Bruno Beltrão)
Surpreendi-me, também, ao ver o espetáculo pela primeira vez com o
subtítulo
Dança Morta
, que para mim funcionava quase como um vetor oposto à
pulsão criativa expressa em
Crackz
. Perguntei ao Bruno Beltrão, em conversa por
e-mail em fevereiro de 2021, e ele me respondeu que era fruto de uma espécie de
desconstrução do próprio trabalho. A leitura de um texto de André Lepecki7,
dialogando com o
Mal d’archive de Derrida
, teria gerado a inquietação de que talvez
“todo esforço documental para fixar a dança trairia a ‘materialidade’ da dança” e
“especialmente em
Crackz
, como todo nosso projeto estava baseado em coletar
ações vindas de documentos, o subtítulo apareceu como uma autocrítica ao nosso
próprio processo, que por essa abordagem era ‘uma dança que nasceria morta’”.
Tendo recebido a alcunha de “intelectual do hip-hop”, a relação de Bruno
7 Trata-se do artigo
Inscribing dance
. Originalmente publicado In: Lepecki, 2004.
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Charles Feitosa
Florianópolis, v.3, n.48, p.1-20, set. 2023
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com o pensamento não se restringe a se apropriar desse ou daquele conceito,
desse ou daquele autor, mas sim buscar na filosofia uma fonte para manter acesa
a tendência da dúvida: sobre o mundo, sobre a dança e sobre si mesmo. Não
apenas uma inversão, os espaços afetivos críticos coreografados por Bruno Beltrão
operam uma “transversão” do
cogito
cartesiano: danço, logo duvido.
Cracks, Companhia de Dança de Rua de Niterói (Foto de Nina Kramer)
(Reproduzida com autorização de Bruno Beltrão)
O golpe da Filosofia
A convivência semanal com os jovens bailarinos do grupo de dança de rua de
Niterói foi uma experiência muito fértil para todos os envolvidos. Para mim, nasceu
a ideia de que a filosofia pop é também uma forma de
street philosophy
, e passei
a me interessar mais pela cultura
hip-hop
(
rap
, grafite, dança de rua). Sentia que
estava dando continuidade a uma declaração ainda pouco valorizada de Nietzsche
(2004) em 1881, que diz: “Os grandes problemas estão na rua” [
Die grosse Probleme
liegen auf der Gasse
] (Aurora, § 127).
A repercussão crítica de Crackz percebia a densidade filosófica no projeto de
coletar e reciclar movimentos arquivados na internet oscilando entre a cultura pop
e a vanguarda. Em entrevista a um jornal belga, em 2013, acerca dessas
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interpretações, Bruno dizia que não tinha grandes pretensões teóricas, mas falou
um pouco da relação íntima entre dança e pensamento em
Crackz
:
Mas o fato é que todos esses movimentos têm uma origem a ser
questionada. Chamei um professor brasileiro de filosofia que leciona no
Rio de Janeiro, Charles Feitosa. Ele viu conosco como ligar esses
movimentos às vezes a Platão e às vezes a Aristóteles. Platão é a imagem
da imagem. Com Hegel, vimos que criar é combinar coisas existentes.
Cada gesto que fazemos não vem do nada, nada vem do acaso, mas
reuni-los traz algo novo. Nietzsche voltou a ser mencionado. Esses
filósofos não estão diretamente relacionados, é claro, com a dança que
fazemos, mas pensar com eles ajuda a trazer as coisas à tona (Duplat,
2013).
Bruno não esteve presente em todos os ensaios, mas revia com Ugo Neves
todas as gravações dos encontros, especialmente dos momentos de conversa
entre mim e os bailarinos. Quando perguntei ao Bruno como surgiu esse interesse
de combinar dança e pensamento, ele resumiu seu trajeto, não sem bastante
ironia, à provocação feita por um amigo de que ele teria dado o “golpe da filosofia”:
Meu contato inicial foi na 7a série (não sei como se chama agora) mas
passei batido, não houve nenhum tipo de relação naquela época. Não sei
se a professora era pouco incisiva, ou se ainda era tudo muito
abstrato. Quando entrei na faculdade de dança em 2000, o professor
Roberto Pereira dava aula de filosofia, além disso, provocava muito os
trabalhos e a bagagem de dança que cada um trazia. Ali me fisgou. O
contato com ele me motivou muito, e passei a olhar o que a gente
produzia de forma muito crítica. Problematizava tudo no nosso trabalho,
e nossas referências se ampliaram. Um ano depois criamos o ‘Do popping
ao pop’, que na minha opinião, mostra que algo realmente mudou na
nossa forma de enxergar o que fazíamos. Tenho um amigo fdp que um
dia disse que eu dei o “golpe da filosofia” rsrs, como se tivesse usado ela
para dar um tom ao meu trabalho que não existe (conversa por e-mail
em fevereiro de 2021).
Se foi mesmo um golpe, então provavelmente foi um “golpe de asa”, quer
dizer, um ato de coragem. A palavra “golpe” parece ter sido usada pelo amigo
malicioso no sentido de uma ação ardilosa, mas o termo (do latim colpus) indica
originariamente uma batida com impacto que resulta no contato de um corpo com
outro. Há certamente um “golpe” entre dança e filosofia na obra de Bruno Beltrão.
Eu me pergunto às vezes se também não dei o “golpe da dança” ao me deixar
“cair para cima”, do modo clássico para o modo pop, em filosofia. Podemos
imaginar que a filosofia, especialmente a filosofia pop, assim como a dança,
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especialmente as urbanas, servem de dispositivo para colocar corpos e ideias em
movimento. Paul Valery (1957) dizia que as metáforas são piruetas do conceito8.
Podemos talvez, analogamente, dizer que as piruetas e rodopios do hip-hop são
pensamentos corporizados, ideias em ação, conceitos em rotação. A dança urbana
é filosofia de e na rua.
Cartaz da estreia de Crackz no Rio de Janeiro, novembro 2013
8 “Qu’est-ce qu’une métaphore, si ce n’est une sorte de pirouette de l’idée dont on rapproche les diverses
images ou les divers noms?” [O que é uma metáfora, senão uma espécie de pirueta da ideia na qual várias
imagens ou nomes são reunidos?] (Valery,
Philosophie de la danse
, 1957, p. 1394).
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Bruno, o coreógrafo que duvida, continua cheio de incertezas sobre o modo
como sua obra se conecta com as questões importantes do nosso tempo: “nesse
momento particular de tempestade política, pandemia, colapso climático que
estamos vivendo, eu gostaria muito que o que criássemos pudesse ter mais
relevância” (Conversa por e-mail, 2021). Muito tempo se passou desde a época em
que fazia dança de rua apenas para entreter. Perguntado sobre o que vem por aí,
respondeu: “sempre questiono esse desejo se o que fazemos tem ou não relação
direta com o que estamos vivendo [...]. Não sei se faz ou não sentido perguntar se
nossa dança embebida do mundo, se estamos nele. Ou seja, não sabemos o
que vem por aí. Rs” (Conversa por e-mail, 2021).
Charles Feitosa, Teresópolis, outono de 2023.
Referências
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Poética
. Trad. Ana Maria Valente. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004.
ARISTÓTELES.
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: o problema XXX. Trad. Jackie
Pigeaud. Rio de Janeiro: Lacerda, 1998.
DUPLAT, G.
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: danse jubilatoire et virtuose, publicado no dia 16.05.2013 em:
https://www.lalibre.be/culture/scenes/beltrao-danse-jubilatoire-et-virtuose-
51b72cbfe4b0de6db974885d.
HEGEL, G.W.F.
Ästhetik
. Vol. I. Berlin: Aufbau-Verlag, 1976.
KANT, I.
Crítica da Faculdade do Juízo
. Trad. Valério Rohden e Antônio Marques.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
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. Trad. Pérola de Carvalho, São Paulo:
Perspectiva, 1991.
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Nietzsche e
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. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001, p. 95-105.
FEITOSA, C. Fronteiras entre Artes da Performance e Filosofia, in:
Revista de
Estudos da Presença
, Porto Alegre, v.10, n°1, 2020
(http://www.scielo.br/pdf/rbep/v10n1/2237-2660-rbep-10-01-e92410.pdf).
LEPECKI, André (ed.).
Of The Presence Of The Body essays on dance and performance
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. Middletown: Wesleyan University Press, 2004, p. 124-139.
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NIETZSCHE, F.
Humano demasiado humano
: um livro para espíritos livres. Trad.
Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
NIETZSCHE, F.
Aurora
. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das
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PLATÂO.
As Leis
. Trad. De Edson Bini. São Paulo: Edipro, 1999.
ROCHA, Thereza. Dança /Filosofia: Verso e reverso de um dizer.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, nº19, nov. 2012, p. 71-79.
VALERY, P. Philosophie de la danse. In:
Oeuvres
, Paris: Pléiade, 1957.
Recebido em: 30/06/2023
Aprovado em: 14/08/2023
Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC
Programa de Pós-Graduação em Teatro PPGT
Centro de Arte CEART
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas
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