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Pesquisa em teatro no Rio Grande do Norte,
desvelando saberes e criando mundos
Adriano Moraes de Oliveira | Melissa dos Santos Lopes | Alexandre
Augusto de Jesus Antas | Pedro Samuel Medeiros Guerra
Para citar este artigo:
OLIVEIRA, Adriano Moraes de; LOPES, Melissa dos Santos;
ANTAS, Alexandre Augusto de Jesus; GUERRA, Pedro Samuel
Medeiros. Pesquisa em teatro no Rio Grande do Norte, desvelando
saberes e criando mundos.
Urdimento
Revista de Estudos
em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 3, n. 48, set. 2023.
DOI: 10.5965/1414573103482023e0201
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Florianópolis, v.3, n.48, p.1-22, set. 2023
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Pesquisa em teatro no Rio Grande do Norte, desvelando saberes e
criando mundos1
Adriano Moraes de Oliveira2
Melissa dos Santos Lopes3
Alexandre Augusto de Jesus Antas4
Pedro Samuel Medeiros Guerra5
Resumo
O teatro de grupo no Rio Grande do Norte é o tema deste artigo. No entanto, mais
do que apresentar o estado da arte das pesquisas que realizamos no NACE, Núcleo
de Estudos e Pesquisas em Artes da Cena, buscou-se aqui evidenciar como
investigamos o teatro potiguar. Essa opção metodológica objetivou: 1. desvelar os
saberes e os dispositivos de análise que adotamos em nosso grupo e projetos; e, 2.
expor a complexidade da tarefa que enfrentamos quando decidimos traduzir a
expressão “teatro potiguar” de forma a dar a conhecer um pouco mais sobre o teatro
que se faz no nosso estado e país. Enquanto grupo de pesquisa, buscamos
compartilhar alguns dos resultados de nossos estudos e a estratégia de tornar
evidentes alguns dos resultados das nossas pesquisas em curso e quais os meios
que utilizamos para elas, revela que entendemos o pesquisar como um ato coletivo,
cuja finalidade última é criar novos mundos. Para nós, isso significa ampliar o
conhecimento sobre o teatro dos Brasis profundos.
Palavras-chave
: Teatro de grupo. Teatro potiguar. Pesquisa teatral. Prática como
pesquisa.
1 Revisão ortográfica e gramatical do artigo realizada por Paula Gerez Robles Campos Vaz. Mestre em Letras
pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Licenciado em Letras pela UEL-PR.
http://lattes.cnpq.br/1575942162257662
2 Doutor em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas -
UFPel. Mestre em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduado em Artes
Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professor Associado da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. adrianomoraesoliveira@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/4119639556374645 https://orcid.org/0000-0002-2191-9353
3 Doutora pelo Programa de Pós-graduação do Curso Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) parte do doutorado na Universidade Nova de Lisboa, em Portugal (bolsa BEPE/FAPESP de
estágio no exterior). Mestrado pela UNICAMP. Graduação no Teatro Escola Célia Helena (profissionalizante).
Curso de Bacharelado em Teatro, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora efetiva da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na Licenciatura em Teatro, e no Programa de Pós
Graduação em Artes Cênicas (PPGArC/UFRN). melslopes@hotmail.com
http://lattes.cnpq.br/9851844088693131 https://orcid.org/0000-0001-8555-3090
4 Mestrando em Artes Cênicas pelo Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (PPGArC/UFRN). Graduado em Licenciatura em Teatro pela UFRN.
alexandre.antas.academico@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/4358574616002106 https://orcid.org/0000-0001-6996-6565
5 Licenciando em Teatro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Bolsista de Iniciação
Científica/CNPq. psamuel.mguerra@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/9131769921093684 http://orcid.org/0000-0002-4281-1173
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Research in theatre in RN, unveiling knowledge and creating worlds
Abstract
The present article has as its central theme the group theater in Rio Grande do Norte.
However, more than presenting the state of the art of the research we carry out, we
seek to highlight how we do the research of the potiguar theater. This methodological
option has two main reasons: 1. To unveil the knowledge and the research devices
that we adopt in our group and projects; and 2. To expose the complexity of the task
that we faced when we decided to translate the expression "teatro potiguar" in a
way that more about the theater done in our state and country is known. Also, as a
research collective, we sought to share some of the results of our investigations.
This strategy of making evident some of the results of our ongoing research and the
means we use for it reveals that we understand research as a collective act, whose
ultimate goal is to create new worlds. In our case, with the broadening of knowledge
about the theater being made in deep Brazil.
Keywords
: Group theater. Potiguar theatre. Theater research. Practice as research.
La investigación teatral en RN, desvelando conocimientos y creando
mundos
Resumen
El teatro de grupo en Rio Grande do Norte es el tema del presente artículo. Más que
presentar el estado del arte de las investigaciones que realizamos en el NACE,
Nucleo de Estudios e Investigaciones en Artes Escénicas, buscamos aquí evidenciar
cómo investigamos el teatro potiguar. Esta opción objetiva: 1. desvelar el
conocimiento y los dispositivos de análisis que adoptamos en nuestro grupo y
proyectos; y 2. exponer la complejidad de la tarea a la que nos enfrentamos cuando
decidimos traducir la expresión "teatro potiguar" para dar a conocer un poco más el
teatro que se hace en nuestro estado y país. También, como grupo de investigación,
buscamos compartir algunos de los resultados de nuestros estudios. La estrategia
de hacer evidentes los resultados de nuestras investigaciones en curso y los medios
que utilizamos para ello, revela que entendemos la investigación como un acto
colectivo. Para nosotros, significa ampliar nuestros conocimientos sobre el teatro de
los Brasis profundos.
Palabras Clave
: Teatro de grupo. Teatro potiguar. Investigación teatral. Práctica como
investigación.
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Não existe o genius
loci
no teatro e na cultura. Tudo viaja
desprendendo-se do próprio contexto de origem e
transplantando-se. Não existem tradições ligadas
indissoluvelmente a uma determinada geografia, a uma
determinada língua, a uma determinada profissão.
Eugênio Barba (1994, p. 208)
Apresentação
O NACE Núcleo de Estudos e Pesquisas em Artes da Cena6, vinculado ao
Departamento de Artes (DEART) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) concentra a sua atenção em investigar a cena potiguar7. Desde 2019, o
NACE tem desenvolvido ações de modo a evidenciar os processos criativos de
grupos e artistas do Rio Grande do Norte (RN). Dentre as ações, as principais são:
1. “Teatro de grupo no interior do Rio Grande do Norte: mapeamento de práticas
criativo-formativas”, projeto de pesquisa em fase final, tendo como principal
objetivo mapear a atividade teatral das 167 cidades do Rio Grande do Norte (RN);
2. “Movimentos de teatro de grupo do interior do RN: da presença de mestres aos
saberes acadêmicos”, projeto de pesquisa com financiamento do CNPq, em fase
inicial, tendo como foco aprofundar um fenômeno que ocorre no interior do RN
desde os anos 1990, denominado “Movimento Popular Escambo Livre de Rua”8; 3.
“LaTEP – Laboratório de Teatro Experimental e de Pesquisa”, espaço de pesquisa
criado para interlocução com a comunidade universitária e de seu entorno; e, 4.
“Memória da Cena Potiguar”, projeto de extensão que tem promovido encontros
entre artistas potiguares e a comunidade universitária, especialmente a de
estudantes de graduação e pós-graduação em Teatro.
6 As informações sobre o NACE podem ser acessadas no Diretório de Grupos de Pesquisa do Brasil:
dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5331929551862450 e/ou para mais informações sobre as atividades que
desenvolvemos no Grupo de Pesquisa acesse https://www.instagram.com/nace.deart.ufrn.
7 O termo ‘potiguar’ se refere às pessoas nascidas no estado do Rio Grande do Norte, os Norte-rio-grandenses.
De acordo com o Dicionário Houaiss, palavra origina da língua tupi
potï’wa
r e que significa ‘o que como
camarão’ (Houaiss, 2009, p. 1533).
8 O Movimento Escambo Livre de Rua, ou apenas Movimento Escambo, surgiu no RN, no início dos anos 1990,
liderado por dois artistas oriundos da Companhia Alegria-Alegria, um dos coletivos mais importantes do
estado, que desenvolveu suas atividades no período de 1986 a 2002.
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No presente artigo, buscamos evidenciar os caminhos metodológicos que
trilhamos para pesquisar manifestações teatrais situadas em 10 microrregiões do
RN; regiões essas, permeadas por fronteiras geográficas e afetivas tão diversas
quanto os muitos Brasis. Assim como na canção “Brasis”9, de Seu Jorge, Jovi
Joviniano, Gabriel Moura, nossa pretensão é a de evidenciar a diversidade e os
muitos teatros e teatralidades que permeiam o Teatro Potiguar ou Teatro do RN.
Por isso, além do grupo e de pesquisas em andamento, também
apresentamos neste artigo os projetos ‘LaTEP Laboratório de Teatro
Experimental e de Pesquisa’ e o ‘Memória da Cena Potiguar’ para explicitar que em
nossas escolhas metodológicas e em nossas metas de divulgação científica nos
inserimos como artistas-cientistas que pesquisam teatro de grupo no encontro e
na relação com o coletivo.
NACE, coletivo de estudos e pesquisas
O NACE, formado por docentes e discentes da Licenciatura em Teatro e do
Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas do DEART/UFRN, está organizado
em três linhas de pesquisa: Linha 01: Memórias e Dramaturgias da Cena; Linha 02:
Teatralidades das Culturas Populares: tradição e reinvenção; e, Linha 03: Teatro de
grupo: modos de produção e práticas da cena. A primeira linha busca “desenvolver
estudos e pesquisas a partir da história e das dramaturgias do teatro do RN”. A
segunda, “desenvolver estudos e pesquisas em teatro a partir do contato com a
cultura popular do RN”; e, a terceira linha, “desenvolver pesquisas e estudos sobre
o conceito de teatro de grupo e, ainda, investigar processos criativos, poéticas e
modos de produção do teatro de grupo do Rio Grande do Norte”10.
Enquanto coletivo de estudos e pesquisas, o NACE tem adotado como
metodologia de trabalho a escrita como princípio da pesquisa (Marques, 2008), a
experimentação poética (Oliveira, 2011) como constructo dialógico entre os saberes
acadêmicos e aqueles das comunidades do entorno (Carreira, 2012) e, ainda, a
troca de experiências da arte (De Marinis, 2012) de forma sistematizada.
9 https://www.letras.mus.br/seu-jorge/456889/ . Acesso em: 04 jun. 2023.
10 As referências para o grupo são as mesmas na nota 1, acima.
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Em termos de caminho, a metodologia de pesquisa se configura num tripé
muito próximo daquele proposto pela abordagem triangular, da educadora Ana
Mae Barbosa (2014), na qual se estabelece um diálogo entre o conhecer, o praticar
e o fruir. Desse modo, no NACE, adotamos uma rotina de trabalho configurada em:
1. estudos dirigidos de textos sobre teatro, teatro brasileiro, teatro de grupo, teatro
potiguar e metodologias de pesquisa em artes cênicas, além de estudos de textos
de áreas afins como sociologia, psicologia, filosofia, antropologia e teoria da
literatura; 2. criação de experimentos poéticos como forma de encontro com
públicos especializados ou não, de forma a debater o fazer teatral; e, 3. exercícios
de escrita em grupo para a divulgar, com a polifonia esperada no desenvolvimento
de um coletivo de pesquisa, os resultados e problemas de investigação do NACE.
Nesse sentido, concordamos com o professor e pesquisador, André Carreira
(2012) quando em “Pesquisa como construção do teatro”, afirma que:
A arte é sempre uma promessa de conexão entre o individual e o coletivo,
e esse é o território ao qual nossa pesquisa pertence, ou deveria
pertencer para sermos fiéis ao nosso projeto de estudo (Carreira, 2012, p.
31).
Empreender um estudo a partir de um “Núcleo”, no nosso caso o NACE, exige
que todas as nossas ações sejam coordenadas para não se perder o que se espera
de um coletivo de pesquisa acadêmica em teatro, ou seja, garantir que vozes dos
nossos “Brasis potiguares” encontrem outras vozes e ressonem, no presente, pelo
próprio país Brasil, mas, principalmente, em outros coletivos que diuturnamente
reinventam essa arte do efêmero que é o teatro.
LaTEP, lugar de exploração das possibilidades do teatro
O LaTEP, Laboratório de Teatro Experimental e de Pesquisa, criado também
em 2019, foi inicialmente pensado como ação integrada e buscou, desde a sua
origem, articular ensino, pesquisa e extensão. A proposta inicial foi estimular a
experimentação de conteúdos de componentes de prática da cena presentes na
estrutura curricular do Projeto Pedagógico do Curso de Teatro Licenciatura
(UFRN) e, ainda, conteúdos de atividades de extensão e de pesquisa, promovendo
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experiências importantes para aprofundar conhecimento dos discentes sobre o
fazer teatral.
O curso de Licenciatura em Teatro-UFRN, criado mais de uma década,
tem sido um espaço importante de aprofundamento de saberes que envolvem a
pedagogia da cena: atuação, encenação, dramaturgia, cenografia, teoria e história
do teatro. Estudantes de teatro, futuros professores(as)-artistas de teatro em
escolas e comunidades do RN, principalmente, mas também de outros lugares do
país, dedicam boa parte de seus estudos para compreender os modos de fazer,
de difundir e de refletir sobre suas práticas. Uma qualidade da licenciatura em
teatro é que boa parte dos saberes são experimentados nos próprios corpos
dos(as) discentes. E é nessa necessidade de experimentar-se na cena (atuação),
antes de experimentar a condução da cena (encenação, direção de arte, docência)
ou sua reflexão (história e teoria), que a presente proposta se amparou de modo
a qualificar os espaços de experimentação da cena para que estudantes tenham
experiências formativas aprofundadas.
Como equipamento de pesquisa, de ensino e de extensão, o LaTEP se
materializa em um espaço de laboratório de experimentação e de exercício de
saberes práticos da cena. Com isso, discentes podem experimentar,
individualmente ou em pequenos grupos, os elementos principais das poéticas
teatrais que tenham interesse. Além disso, o espaço tem servido para a promoção
de encontros com espectadores (as).
Desde 2022, os (as) bolsistas de iniciação científica que integram a base de
pesquisa do NACE realizam experimentos poéticos apresentados à comunidade
como forma de reflexão sobre a cena teatral do RN. O LaTEP, como um espaço
que oferece condições materiais de experimentação cênica, tem servido para
reforçar a noção de que o teatro apenas se materializa quando o encontro entre
um grupo que representa algo diante de outro que o observa.
O objetivo principal é garantir uma atividade que contribui com a ampliação
e difusão da linguagem teatral na UFRN e, ao mesmo tempo, estimula que o
conhecimento produzido na universidade impacte a comunidade em geral por
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meio do aprofundamento prático da cena realizado por estudantes do curso de
Teatro da UFRN.
Um dos princípios do LaTEP tem sido a explicitação do fazer teatral como
uma forma de pedagogia do (a) espectador (a). Por se tratar de uma sala de
trabalho, o LaTEP se apresenta como um espaço vazio que é compartilhado com
o público e, por isso, precisa ser preenchido por ações poéticas. Como nos alerta
o encenador-pedagogo inglês, Peter Brook (1999, p.4),
[pode-se] escolher qualquer espaço vazio e considerá-lo um palco nu.
Um homem atravessa este espaço vazio enquanto outro o observa, e isso
é suficiente para criar uma ação cênica.
Contudo, como estamos em um mundo em que o espetacular também
integra o cotidiano (Debord, 2003), o vazio a ser preenchido não é apenas o da sala,
mas, também, o da ausência do contato direto entre pessoas. Por isso,
experimenta-se no LaTEP ações simples que promovem vínculo com público por
via diferente da interpelação: evita-se a todo o custo o olho no olho muitas vezes
interpelador, e entrega-se à cena para ser vista com a liberdade de quem pode
também experimentar-se como aquele que a ação que se materializa. O olho
no olho ocorre, mas para não ser banalizado e retirar da plateia o direito de ver o
que ela quiser ver e na hora que quiser, os encontros olho no olho são sempre
planejados como um ato que reafirma o vínculo que, por sua vez, reforça o fato
de ocupar o mesmo espaço físico.
Paralelamente a essas atividades de criação, o LaTEP também tem sido
fundamental como espaço de aprendizagem e prática pedagógica. Destaca-se
nesse formato as seguintes atividades: “Cine-Teatro” e “Curso de Iniciação Teatral”
ofertado à comunidade em geral. A respeito da primeira, além de promover outros
tipos de encontros, amplia-se o referencial teórico-prático das investigações. Isso
ocorre porque os documentários e obras cinematográficas apresentados têm
como foco as trajetórias e realidades de artistas e coletivos teatrais (nacionais e
internacionais) e apresentações de poéticas diversas. Ou seja, o LaTEP opera com
temas centrais estudados e discutidos em pesquisas do NACE.
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Memória da Cena Potiguar, espaço de encontros de gerações
Esse projeto de extensão tem como propósito primeiro a aproximação entre
artistas de teatro do RN, a comunidade acadêmica e a sociedade, possibilitando a
reflexão sobre a propriedade da cena, em que o (a) atuante está inserido em seu
exercício.
A ação de extensão foi realizada, inicialmente, no segundo semestre de 2019,
no Departamento de Artes, da UFRN, promovendo encontros nos quais pudessem
emergir uma intimidade cênica, lançando luz aos bastidores do trabalho de artistas
potiguares em um território visto sob a atmosfera do relato de experiência e do
relato autobiográfico.
Segundo Jorge Larrossa, professor de Filosofia da Educação na Universidade
de Barcelona, é necessário separar a “informação” da palavra “experiência”, pois a
primeira não deixa lugar para a segunda acontecer de forma plena. Quando se
redige um currículo, por exemplo, a experiência de um profissional é medida pela
quantidade de informações elencadas, seja a formação acadêmica e/ou número
de registros na carteira de trabalho. Para o filósofo é importante também distinguir
“experiência” e “trabalho” (Larrosa, 2017, p.25):
A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque,
requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos
tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar
para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais
devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes,
suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender
o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos
e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar
aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-
se tempo e espaço.
Por meio dessa perspectiva, o Memória da Cena trouxe a concepção de um
momento de pausa, em que discentes, docentes da UFRN e comunidade
partilhavam de alguns (algumas) artistas do estado do RN, especialmente os
bastante atuantes e/ou ainda atuam na cena contemporânea.
É importante destacar que o público, mesmo o não especializado, pode
desfrutar de uma ação de extensão como essa, ampliando sua visão sobre a
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trajetória de artistas, por meio do relato pessoal e também pela sucessão
cronológica de trabalhos. A distância entre o que é vivido e transmitido no palco
redimensionou o fazer artístico e humanizou quem o faz perante quem o assiste.
Ao mesmo tempo, sendo a extensão parte da formação, as atividades
aconteceram em meio às trajetórias de aprendizagens em um equilíbrio delicado
que exige tempo e atenção cuidadosa docente, tanto em relação às/aos discentes
e artistas quanto à comunidade. Promover o encontro entre estudantes e artistas
e comunidade significou estimular o redimensionamento do processo de ensino
aprendizagem destes para além da sala de aula. Além disso, por se tratar de ação
extensionista ocorrida por meio de entrevistas públicas, as personagens da história
do teatro potiguar produziram seus próprios relatos.
Uma das motivações para a realização do primeiro evento foi a dificuldade
de encontrar registros e publicações sobre os bastidores aos quais as (os) artistas
e a produção artística do Rio Grande do Norte estão vinculados. Essa escassez de
documentos não faz jus ao reconhecimento que diversos atores, atrizes e coletivos
de teatro possuem atualmente no território nacional e internacional, fazendo-se
necessário desenvolver dentro da Universidade, local de conhecimento e difusão
de saberes, esse tipo de produção intelectual.
Em sua primeira edição, o evento contou com a participação do ator Grimário
Farias11 e da atriz Múcia Teixeira12. Ambos os artistas, com vasta experiência e
reconhecidos por suas trajetórias no teatro do Rio Grande do Norte, dispuseram-
se a ceder anotações, documentos, programas de espetáculos, fotografias, vídeos
11 Em 1974, quando se preparava para o vestibular em Direito, Grimário Farias (natural de Coronel Ezequiel/RN)
recebeu o convite para participar do projeto de extensão “Teatro Novo Universitário Grupo Tônus, da UFRN.
Com esse grupo, criou mais de um espetáculo e percorreu 75 cidades do interior do RN. Em 1983, fundou a
Companhia Alegria, Alegria, um dos coletivos mais importantes da história potiguar. Com o espetáculo
As
aventuras de Pedro Malasartes
, o Grupo realizou duas mil apresentações em praças, assentamentos, feiras,
vilarejos, cidades, estados e até do outro lado do oceano, quando recebeu o convite de um festival que
acontecia em várias cidades de Portugal. Farias teve um papel fundamental na criação do Movimento
Popular Escambo Livre de Rua, que tem sido um dos focos da pesquisa realizada pelo NACE.
12 Natural de Caicó (RN), a atriz chega a Natal para estudar Enfermagem, com a promessa que fez ao seu pai,
de que no ano seguinte ingressaria no Curso de Medicina da UFRN. Mas, ao assistir à apresentação do Grupo
Teatral Esquina Colorida, se inscreveu no curso de extensão, “O trabalho do ator", coordenado pelo então
docente da Licenciatura em Teatro, Prof. Dr. Marcos Bulhões (atualmente, professor na ECA USP), e não
parou mais. Participou do coletivo teatral Grupo Tambor e atualmente é atriz convidada de alguns dos
espetáculos da Casa de Zoé e Grupo Estação.
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e jornais que foram essenciais para a compreensão da formação e das referências
artísticas destes.
Em 2022 todo o material registrado durante as entrevistas públicas foi
transcrito e preparado para ser publicado em e-book (publicação no prelo), junto
a artigos de pesquisadores (as) do NACE e artistas do interior do estado.
Pesquisas em andamento: encontrando fazedores de teatro
O movimento de organização do NACE, enquanto núcleo de pesquisa que
vincula uma série de ações extensionistas e de ensino, tendo como objetivo
primeiro o desenvolvimento de ações de forma a ampliar a difusão dos
conhecimentos que circulam no campo teatral do RN, fez com que fôssemos
confrontados com três realidades da cena potiguar. A primeira das realidades é a
de que o teatro de grupo do interior do RN anda pari passu com certas tradições
religiosas; a segunda, que o teatro potiguar é permeado por uma miríade de
manifestações populares; a terceira, a de um forte movimento de intercâmbio com
grupos e artistas brasileiros Nordestinos, mas também de outras regiões do Brasil
e do exterior.
A percepção de que boa parte do teatro potiguar tem na interação
intercultural a sua maior riqueza seja ela religiosa, popular ou acadêmica nos
fez organizar projetos com a consciência de que era preciso, antes de mais nada,
problematizar o que entendemos e estudamos, no âmbito do Departamento de
Artes da UFRN, como experiência da arte.
Como justificativa para a uma das propostas mais recentes de pesquisa13,
apresentamos o seguinte quadro:
O teatro do interior do Rio Grande do Norte é uma atividade extra
cotidiana e tem seus principais vínculos com o societal, isto é, com as
dinâmicas sociais de cada microrregião. Entre 2019 e 2022 investigamos
as atividades de grupos de teatro da totalidade dos municípios potiguares
e identificamos algumas recorrências: 1. a maior parte das pessoas que
organizam grupos de teatro no interior do RN o fazem como algo sagrado.
2. a atividade teatral dos grupos do interior articula o sagrado e o profano
13 Trata-se do projeto de pesquisa “Movimentos de teatro de grupo do interior do RN: da presença de mestres
aos saberes acadêmicos”, em andamento e aprovado na Chamada 40/2022 Pró-Humanidades, Linha 5 A
- Projetos Individuais - Políticas públicas para a promoção da cultura, do CNPq. O mesmo projeto pode ser
acessado na página da UFRN: https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/pesquisa/consulta_projetos.jsf.
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e, por conta disso, suas produções abrangem desde autos religiosos,
passando por dramas sociais a obras cômicas de caráter político e
pedagógico. 3. a gestão dos grupos geralmente tem organização jurídica
adequada, permitindo que os coletivos acessem recursos públicos, no
entanto, há um caráter inovador e que tem a ver com um movimento de
autogestão coletiva desenvolvido desde a década de 1990, denominado
de Movimento Popular Escambo Livre de Rua e que serve de escola,
promoção de obras, modos de produção para a maior parte dos artistas
do interior, mas, sobretudo, de formação de espectadores de teatro. 4.
Em termos de dramaturgia, o teatro de grupo do interior está
intimamente vinculado à produção de poetas populares e cordelistas e
operam com a rememoração como forma de troca entre gerações. 5.
Temas contemporâneos são introduzidos em estruturas dramáticas
clássicas como uma forma de renovação da própria dramaturgia e dos
aspectos espetaculares da encenação atual, incluindo aqui elementos da
cultura digital. 6. a atividade teatral no interior é um acontecimento
sociocultural que estimula a atualização do imaginário de cada localidade
(Oliveira et al, 2022).
Diante desse quadro bastante amplo e com a intenção de evidenciar uma
narrativa, a partir da universidade, sobre o trabalho teatral no RN, passamos a criar
dispositivos de trabalho que questionam a própria expressão ‘experiência da arte’.
Ora, se o que afirma Barba na epígrafe deste artigo pode ser aceito, o teatro do
RN, assim como esboçado no quadro acima, situa-se em uma diversidade que
envolve saberes das mais diversas ordens. Dito dessa forma, pode parecer que
não podemos configurar uma definição para o que fazemos no RN. Todavia, é
justamente por estarmos também naquilo que construímos como campo do
teatro potiguar que podemos erigir, mesmo que de forma provisória e instável,
uma definição envolvendo e aprofundando nossas práticas e as práticas de tantas
pessoas de teatro desse Brasil profundo que é o Rio Grande do Norte.
Em “Ter experiência da arte: para uma revisão das relações teoria/prática no
contexto da nova teatralogia” (De Marinis, 2012) somos instigados a repensarmos
o sentido mesmo de ter experiência na/da arte. De Marinis inicia a sua discussão
focando em uma frase de uma carta que Stanislavski enviou a um agente da polícia
política que reclamou da falta de clareza dos vocábulos ‘inconsciente’, ‘intuição’,
entre outras presentes em seus textos sobre o trabalho do intérprete sobre si
mesmo. A frase que se encontra na carta-resposta de Stanislavski, a saber “para
todos os que entram em contato com a arte” defende que os vocábulos utilizados
por Stanislavski têm relação direta com uma prática do teatro.
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De Marinis, por sua vez, dialogando também com Eugênio Barba (1994) amplia
a discussão. Se a expressão “experiência da arte”, no caso stanislavskiano dizia
respeito à prática dos artistas da cena, no caso de Barba e sua Antropologia
Teatral, a expressão “experiência da arte” diz respeito também aos (as)
espectadores (as). E é essa relação, a prática dos (as) artistas de teatro versus a
prática do teatro como acontecimento teatral (Brook, 1999) que nos interessa
especialmente em nossos movimentos de pesquisa.
Quando pensamos, desejamos e iniciamos o processo de investigação que
visa a uma melhor compreensão do fenômeno teatro de grupo no interior de um
dos Estados do Nordeste Brasileiro, partimos da hipótese de pesquisa de que as
experiências com a arte do teatro são tão diversas quantas são os lugares que
visitamos. Daí, para manter a vivacidade e o interesse nosso e dos grupos de
teatro – usamos uma metodologia com a qual nos expomos como pesquisadores
(as) e, sobretudo, como artistas que têm interesse no debate sobre o próprio fazer
artístico em condições de produção de grupo.
Desse modo, as propostas de pesquisa confeccionadas através do NACE,
assumem que são fazedores (as) do teatro tanto os (as) artistas quanto os (as)
espectadores (as), pois ambos fazem a cena no encontro em que se estabelece o
fenômeno teatral. É ainda a De Marinis (2012) que recorremos para trazer maior
precisão a essa nossa opção. Diz ele:
Pode-se fazer teatro não somente produzindo espetáculos, senão
também vendo-os, estudando-os, escrevendo sobre o tema, analisando
seus contextos, investigando seus processos etc. O que se disse também
a propósito de uma certa subestimação do espectador (comum) na
antropologia teatral de Barba e no trabalho de alguns historiadores que
se remetem a ele [...]. O espectador não é um ator fracassado, mas sim
um dos protagonistas da relação teatral (da mesma maneira que não se
pode evidentemente considerar ao leitor como um escritor fracassado)
(De Marinis, 2012, p. 41).
Nessa perspectiva, além de produzirmos cena experimentos poéticos
para apresentarmos a outros (as) fazedores (as) do teatro do RN, entendemos que
é fundamental experienciarmos o teatro em ação com os (as) fazedores (as) da
cena que nem sempre consideramos espectadores (as) comuns. É por isso que os
processos de pesquisa em andamento estão alicerçados metodologicamente em
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pilares que entendem o teatro como um fenômeno social localizado no tempo e
no espaço e que toda a definição de teatro potiguar, por melhor que seja, deve
carregar sempre o que é próprio do teatro da arte teatral: a sua finitude, a sua
efemeridade.
Mapeando práticas criativo-formativas
O projeto “Teatro de Grupo no Interior do Rio Grande do Norte: mapeamento
das práticas criativo-formativas", como o próprio nome indica, objetivou fazer
uma fotografia da atividade de teatro de grupo do RN. Metodologicamente, o
projeto foi pensado para ter 06 etapas: 1. Estudos sobre o conceito e principais
práticas do denominado teatro de grupo no Brasil e América Latina. 2.
Levantamento de dados em órgãos oficiais municipais e estaduais, além do
complemento de pesquisas em veículos de comunicação das municipalidades do
interior do RN; 3. Levantamento de dados com Grupos de Teatro identificados na
primeira etapa de pesquisa. 4. Organização e análise dos dados coletados e
construção de Mapa de Atividade de Teatro de Grupo no Interior do RN. 5.
Organização de e-book com os resultados da pesquisa. 6. Criação de espaço virtual
para funcionar como corredor de informações e conhecimentos dos grupos e da
Universidade14.
O projeto iniciou com uma fase de estudos, principalmente com o intuito de
capacitar estudantes de Iniciação Científica que também começavam as suas
primeiras aventuras pelo campo da pesquisa científica. Em 2020, com a
emergência sanitária gerada pela Pandemia de Covid-19, foi preciso reorganizar o
caminho metodológico. Tal reorganização foi possibilitada, porque também em
2020, ocorreu a sanção da Lei Emergencial Cultural 14.017, de 29 de junho de 2020,
a “Lei Aldir Blanc” (LAB), que financiou projetos artístico-culturais de forma a
mitigar os impactos causados ao setor cultural pela pandemia. Sendo assim, foi
possível identificar de forma remota os coletivos e artistas de teatro do RN.
14 Detalhes da proposta podem ser acessadas em:
https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/pesquisa/consulta_projetos.jsf. Acesso em: 4 jun. 2023.
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Posteriormente, em 2021, buscamos dados junto a Fundação José Augusto15
(FJA), gestora de editais da Lei Aldir Blanc no RN. Também mantivemos contatos
com prefeituras, com artistas e grupos de teatro renomados do RN. Feitos os
contatos, realizamos entrevistas de forma remota. Inicialmente, convidamos três
professores com histórico de intercâmbios com grupos do estado para tentar
identificar novos nomes de artistas e grupos16. Além das entrevistas, fizemos um
formulário via
Google Forms
e, com isso, identificamos 23 grupos em atividade no
RN, em 2021:
“Clowns de Shakespeare”, “Sociedade T”, “Grupo TEART de Teatro”,
“Grupo Estandarte de Teatro”, “Grupo Interferências de Teatro”, “S.E.M Cia
de Teatro (Sentimento, Estéticas e Movimento)”, “Grupo de Teatro
Facetas, Mutretas e Outras Histórias”, “Sostô Teatro” e “Grupo Carmin”
de Natal; “Grupo Fulora de Teatro” de São Paulo do Potengi; “Cia. Arte e
Riso” e “Coletivo Invisível de Teatro” de Umarizal; “Cia. de Teatro Nó” e
“Cia Teart” de Luís Gomes; “Folguedo Folgado” de Ipueira; “Grupo Cangaia”
de São Gonçalo do Amarante; “CIA Escarcéu de Teatro”, “Cia. A Máscara
de Teatro” e “Cia. Pão Doce de Teatro” de Mossoró; “Teatro da Margem”,
de Parnamirim; “Filhos do Vento” e Cordel do Pau Quebrado”, de Currais
Novos; e “Trapiá Cia Teatral”, de Caicó (Dados Internos de Pesquisa).
Ao verificar que tínhamos os contatos e conhecimento de boa parte dos
grupos natalenses, optamos por iniciar as entrevistas com grupos do interior do
Estado, dos quais tínhamos informações esparsas. Formulamos um roteiro para
uma entrevista semiestruturada e, até maio de 2022, realizamos 25 entrevistas
com grupos e artistas do interior. São eles:
“Filhos do Vento” de Currais Novos; “Cordel do Pau Quebrado” de Currais
Novos; “Cia. de Teatro Nó” de Luís Gomes; “Cia. Cultural Ciranduís” de
Janduís; “Grupo Cultural Balai de Artes” de Janduís; “Teart” de Luís
Gomes; “Coletivo Invisível de Teatro” de Umarizal; “Cia. Arte na Veia” de
Governador Dix Sept Rosado; “Rualuart” de Governador Dix Sept Rosado;
“Grupo Fulora de Teatro” de São Paulo do Potengi; “Cia. Arte e Riso” de
Umarizal; “Trapiá Cia. Teatral” de Caicó; “Grupo Folguedo Folgado” de
Ipueira; “Grutauarte” de Florânia; “Cia. A Máscara de Teatro” de Mossoró;
“Companhia de Comédia OsLoucos.com” de São Gonçalo do Amarante;
“Grupo Arruaça” de Mossoró; “Companhia Acoberta de Teatro” de Santa
Cruz; “Associação Cultural Cidade Viva - ACCV” de Mossoró; “Cia.
Escarcéu de Teatro” de Mossoró; “Juventude Teatral Lajense” de Lajes;
“Companhia Nascidos da Cultura” de Macaíba; “Cia. de Teatro Arte Viva”
15 Fundação vinculada à Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do Rio Grande
do Norte, responsável pela gestão da política cultural do estado. Para mais informações acesse:
http://www.cultura.rn.gov.br
16 Concederam entrevistas os professores José Sávio Araújo (UFRN-Natal), Marcus Venicius (UERN-Mossoró)
Makarios Maia (UFRN-Natal).
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16
de Santa Cruz; “Cia. Bagana de Teatro” de Mossoró e “Grupo Estrela
Matutina” de Monte Alegre (Dados Internos de Pesquisa).17
Após a realização das entrevistas e com os dados coletados dos grupos,
estamos finalizando um mapa que será disponibilizado em páginas oficiais do
NACE, de forma gratuita, para que o resultado dessa primeira pesquisa o
mapeamento do teatro de grupo do RN sirva como lugar de troca para os
coletivos potiguares e, também, para coletivos brasileiros e estrangeiros com
interesses em intercâmbio técnico e artístico. Também como resultado da
pesquisa inicial, publicamos dois artigos em periódicos brasileiros do campo das
Artes Cênicas18.
Transformando os dados em encontros
Durante a execução do mapeamento das atividades de teatro de grupo do
RN (2019 a 2022), fomos surpreendidos com a presença de um movimento popular
de teatro de grupo que, desde os anos 1990, tem impactado de forma decisiva o
fazer teatral no interior do RN, evidenciado pelas recorrências de depoimentos de
artistas entrevistados. Por conta disso, decidimos iniciar uma nova investigação,
desdobramento da primeira, com o seguinte objetivo:
Desenvolver pesquisa com grupos de teatro do interior do RN com o
intuito de levantar dados sobre os saberes que cada grupo movimenta e
como os grupos ensinam/aprendem a fazer teatro em seus municípios e
regiões (Projeto de Pesquisa, 202219).
Esse objetivo foi traçado porque, na maior parte das entrevistas realizadas
até 2022, foi recorrente a menção a temas e referências da cultura popular,
especialmente uma vinculação com o Movimento Popular Escambo Livre de Rua20.
Por meio das palavras de artistas de teatro do interior do RN, por diversas vezes
17 Ao longo das entrevistas com os grupos identificados no formulário, novos nomes de grupos surgiram, o
que nos permitiu identificá-los no decorrer da pesquisa.
18 Manifestações do teatro no Rio Grande do Norte: quatro comunidades e suas teatralidades”, Revista
Pitágoras 500
(2021) e “O teatro de grupo no Rio Grande do Norte e a pandemia da Covid-19”, Revista
Cidade
Nuvens
(2020).
19 Como mencionado anteriormente, o projeto pode ser acessado na plataforma do CNPQ e na página da
UFRN: https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/pesquisa/consulta_projetos.jsf.
20 O Movimento Popular Escambo Livre de Rua é apresentado no tópico seguinte.
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nos deparamos com a falta de acesso a recursos econômicos, mas também, com
a presença de matrizes da cultura popular de seu entorno (o cordel, o João
Redondo, as danças e brincadeiras populares) em seus modos de produção. Diante
da constatação da presença de referenciais da cultura popular e do choque
evidente entre saberes que movimentamos na universidade denominados, de
forma operacional, de “saberes acadêmicos” apenas para problematizarmos os
“saberes das presenças de mestres populares” decidimos aprofundar e,
principalmente, difundir os modos que grupos e artistas de teatro, de diversas
cidades do interior potiguar, utilizam em seus respectivos contextos de produção
do teatro.
Da percepção da complexidade do teatro de grupo do RN é que surgiu o
projeto “Movimentos de teatro de grupo do interior do RN: da presença de mestres
aos saberes acadêmicos”, que com o financiamento do CNPq, tem tornado
possível a organização do material coletado e viabilizado encontros no interior do
Estado usando como modelo o Movimento Popular Escambo Livre de Rua.
Para a equipe de pesquisa do NACE, assumir metodologicamente a referência
do Movimento Escambo significa adentrar no território potiguar com alguns
objetos para a realização de trocas simbólicas. Por isso, à metodologia de pesquisa
que inicialmente foi pensada para seguir os 8 passos citados abaixo, incluímos a
criação de 05 experimentos poéticos e respectivas oficinas técnicas.
1. revisão bibliográfica e estudos complementares. 2. reuniões de estudos
e trabalho da equipe de pesquisa. 3. Organização de três grupos focais
para coleta de dados dos grupos, a saber: a. grupo focal com atores e
atrizes; b. grupo focal com diretores(as); e, c. grupo focal com artistas
técnicos (maquiagem, figurino, cenário, iluminação, sonoplastia etc.). 4.
realização de entrevistas com mestres de cultura popular que
apresentam alguma influência em um ou mais grupos. 5. organização dos
dados (degravação, correlação). 6. análise dos dados. 7. organização de
relatórios e dados para divulgação. 8. publicação de artigos científicos e
participação em eventos (Oliveira et al, 2022).
Com isso, além das etapas previstas e elencadas acima, as duas primeiras
em desenvolvimento, a equipe se preparou para entrar nos territórios dos grupos
do interior com pequenas obras, evidenciando estudos de poéticas de forma a
experimentar o teatro.
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São denominados de experimentos poéticos porque são configurados
metodologicamente como referenciais de fazer, do grego
poién
(fazer com
técnica). Um experimento poético necessariamente contém os seguintes
elementos: um referencial ficcional (camada literária), uma referência de poética
teatral (camada técnica) e a ação corpóreo-vocal (camada do real). A camada do
real, o ator, a atriz, a direção, etc. é quem opera as demais camadas por meio da
mitologização dos referenciais. Com isso, na nossa pesquisa-escambo, a
investigação ocorre na troca entre aquilo que estudamos no âmbito do NACE e os
saberes que cada grupo utiliza em sua rotina criativa. Interessa-nos entender o
teatro a partir de encontros para ‘escambo’ de experiências da arte, como
afirmamos acima no diálogo com De Marinis.
Um movimento para intercambiar saberes
Como mencionado anteriormente, o Movimento Popular Escambo Livre de
Rua apareceu diversas vezes nas entrevistas realizadas com os grupos entre 2021
e 2022 e essa foi a motivação determinante para que déssemos início a esse novo
enfoque. Compreendemos que esse Movimento é complexo e se modificou
bastante em seus modos de fazer desde 1991, mas que existe um ponto em
comum em toda sua história, que são os dois eventos conhecidos como
“escambo” e “escambito”. Márcio Silveira dos Santos (2021), artista gaúcho que
participou de dois “Escambos” em 2013, diz que:
Os encontros são realizados em dois formatos, segundo os critérios de
duração e de número de participantes. O maior se chama Escambo, que
dura em torno de quatro a cinco dias, em que um grande número de
participantes toma conta da cidade sede com espetáculos, oficinas,
shows, exposições, performances, debates, declamações de poesia,
leituras e criação de documentos como cartas e 33 manifestos. O
Manifesto é um documento importante construído durante os encontros
do Escambo. Desenvolvido por meio de rodas de diálogos e debates, é
uma ação influenciada diretamente pelas propostas da Pedagogia do
Oprimido, de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, em que a
comunidade artística e a comunidade local, da cidade onde o Escambo
está ocorrendo, estabelecem as necessidades prioritárias naquele
momento (Santos, 2021, p. 32).
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Esses encontros movimentam a realidade das cidades e são responsáveis, no
relato de diversos artistas, pelo primeiro contato deles de formação na área das
artes cênicas. As cidades-sede são escolhidas em assembleia pelos grupos
coordenadores do movimento e têm relação com interesses e necessidades
globais para o estado que julgam importantes naquele momento.
O Movimento propriamente dito começou na cidade de Janduís, em 1989, a
partir dos trabalhos de Ray Lima21 e de Junio Santos22, mas com a adesão de
muitos outros artistas e grupos do RN. Antônio (2020) relata que integraram o
I Escambo Teatral de Rua, em Janduís, os seguintes grupos:
Cia Teatral Alegria Alegria (Natal, RN), Grupo Boca de Rua (Currais Novos,
RN), Grupo Folia (Carnaúba dos Dantas, RN), Grupo Escarcéu (Mossoró,
RN), Grupo Emanduís (Janduís, RN), Grupo Nhanduí (Janduís, RN), Grupo
Terra (Mossoró, RN), Grupo Canal Cultural (Augusto Severo, RN) e Grupo
Teatral de Icapuí, CE (Bê, 2020, p. 16).
O nome do movimento, ainda de acordo com o estudo de (2020) relatado
por Junio Santos se deu da seguinte maneira:
O [...] companheiro Grimário Farias, que era do Alegria-Alegria de Natal,
disse: “isso parecendo um escambo!” E como a gente se reportou
ao escambo, que vem da Idade Média, onde não existia a mais-valia,
como todos nós iríamos bancar as nossas idas, inclusive alimentação [...]
passou-se a ser Escambo (Santos, 2018 apud Bê, 2020, p. 29).
De acordo com Dantas (2015),
[De início] em 1989, o poeta Ray Lima [foi] convidado para desenvolver
uma ação cultural no espaço da FUNABEM Fundação Nacional do
Bem-Estar do Menor com crianças e adolescentes do município de
Janduís, localizado no semiárido do Rio Grande do Norte (Dantas, 2015,
p.78).
Nesse momento, como diz Dantas (2015), Ray Lima desenvolveu no projeto
Recriança
, a partir da metodologia da cenopoesia23, um trabalho a partir de
21 Ray Lima é um dos fundadores do Movimento Popular Escambo de Rua. É paraibano, formado em Língua e
Literaturas de Língua Portuguesa pela UERJ, com especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde
pela UNICAMP. É poeta, cordelista e autor de diversos livros, entre eles “Tudo é Poesia” e “Pelas Ordens do
Rei Que Pede Socorro - Um Roteiro-manifesto Da Cenopoesia”.
22 Junio Santos é também um dos fundadores do Movimento. É potiguar, radialista, poeta, escritor, palhaço,
ator, diretor e fazedor de arte popular.
23 A Cenopoesia é uma metodologia poética desenvolvida da por Ray Lima e outros artistas na década de 1980.
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intervenções, atos, cortejos e rituais cenopoéticos realizados nas ruas da
cidade e em espaços naturais a céu aberto ocasionando um movimento
de mobilização no município envolvendo a população e o poder público
local (Dantas, 2015, p.79).
Dantas (2015) também afirma que as intervenções, chamadas de teatro de
pedras, ganharam destaque nacional. Após a repercussão, o fomento da cultura
em Janduís ganhou espaço. A inserção da cidade no circuito cultural de teatro de
rua do RN se deu com a aproximação do grupo “Alegria, Alegria”, de Natal, RN,
naquele período responsável por apresentações em praças públicas e por oficinas.
A repercussão do trabalho desenvolvido por Ray Lima e Junio Santos foi
tamanha que o grupo decidiu realizar um primeiro festival de teatro de rua na
cidade de Janduís. No entanto, conforme Dantas (2015), houve um
desentendimento político entre o governo do estado e a prefeitura de Janduís.
Dessa forma, o estado não aceitou financiar os custos do evento. A recusa de
apoio à realização do festival de teatro de rua terminou por fortalecer a proposta
final do evento, pois os organizadores do encontro mantiveram a cidade sede
como Janduís tanto pelo movimento ter se iniciado lá, quanto por causa da
situação de calamidade pública em que esse município vivia naquele momento.
Para tanto, organizaram-se com outros grupos e o produziram tudo de maneira
independente.
Assim, Janduís recebeu no período de trinta de abril a três de maio de
1991 oito grupos de teatro e mais uma delegação do Ceará, interessada
em saber o que era e como se fazia teatro de rua’ (Salgado, 2011, p.70
apud Dantas, 2015, p.80).
A partir daí começou o Movimento Escambo Livre de Rua. O que motivou a
reorganização da nossa metodologia foi o movimento iniciado a mais de três
décadas, que ainda articula oficinas, apresentações e debates entre artistas,
grupos, mestres de cultura popular, especialistas, mestres e doutores de cultura
acadêmica apontado por muitos artistas e grupos entrevistados durante o
mapeamento. Por se tratar de um movimento que opera a partir da troca de
saberes entre grupos e artistas do interior, consideramos que devíamos entrar no
campo de investigação com experimentos poéticos de forma a desenvolver as
ações de pesquisa como quem desvela saberes e, ao fazermos isso, ampliarmos
nosso conhecimento sobre o teatro potiguar e brasileiro e oferecermos os nossos
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21
saberes como possibilidade para novas trocas e renovação das imagens que
carregamos das configurações do teatro feito por grupos e artistas do RN.
Considerações finais
Pesquisar o teatro potiguar de forma coletiva e com instrumentos de análise
com alto impacto extensionista tem promovido um avanço importante na relação
que o NACE estabelece com os grupos e artistas do RN. Para além do intercâmbio
que se pode verificar em publicações, eventos e parcerias as mais diversas,
entendemos que também integramos, com essa estratégia investigativa, o nosso
objeto de pesquisa. Isto é, não somos espectadores (as) do que se faz em teatro
no RN, também produzimos teatro diariamente.
Desenvolver e difundir o conhecimento em teatro, todavia, é nossa função
principal. Por isso que articular ações de pesquisa em campo, ações de extensão
vinculadas aos objetos pesquisados e oferta de espaços laboratoriais de
experimentação teatral tem sido o caminho metodológico que construímos na
interação do NACE, do LaTEP e do Memória da Cena Potiguar.
Sabemos que esse movimento iniciado em 2019 deverá ser renovado de
forma contínua, pois é da natureza do campo teatral se reorganizar e se reinventar
de forma cíclica. Isso significa que novas narrativas e novos mapas terão de ser
feitos. Sem contar que a velocidade das mudanças nos modos de acesso a
conhecimentos e formas de fazer teatral são cada vez mais impressionantes.
Contudo, como sabemos que o teatro se faz na interação entre grupos em um
tempo e espaço únicos, entendemos que o teatro é ainda um campo de
resistência no qual a experiência estética é senhora absoluta.
Referências
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Hucitec, 1994.
BARBOSA, Ana Mae.
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Movimento Popular Escambo Livre de Rua
: história, linguagens
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A porta aberta
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CARREIRA, André. Pesquisa como construção do teatro. In. TELLES, Narciso (Org).
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https://www.revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/1414573102172011013. Acesso
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SANTOS, Márcio Silveira dos.
Movimento Popular Escambo Livre de Rua
: Se
Escambo é Troca, Eu Também Quero Trocar. Porto Alegre: Editora Ueba, 2021.
Recebido em: 18/06/2023
Aprovado em: 20/08/2023
Universidade do Estado de Santa Catarina
UDESC
Programa de Pós-Graduação em Teatro
PPGT
Centro de Arte CEART
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas
Urdimento.ceart@udesc.br