
As Escolas de Circo no Brasil e a presença das mulheres na formação circense
Eliana Rosa Correia
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-22, abr. 2023
e filho de circenses, foi literato, acrobata, ator e diretor, teve seus textos editados
em jornais e revistas e adaptados para o cinema e para peças de teatro e circo-
teatro. Os autores completam:
[...] o trabalho de Francisco Colman caracteriza-se como uma publicação
que organiza muito dos saberes circenses, tanto do próprio Colman,
como de Raul Olimecha, e que foi empregada como base para o currículo
da Academia Piolin, instituição que formou importante geração de artistas
circenses “para fora da lona”. Francisco Colman demonstrou apreço e
didatismo na composição de sua Monografia, evidenciando a
complexidade dos conhecimentos detidos pelos circenses,
principalmente referentes ao corpo, já que sua obra se destinava
intensamente aos exercícios e às técnicas corporais acrobáticas
realizados em diversos aparelhos. Além disso, seu trabalho evidencia seu
esforço didático e pedagógico, uma vez que tratou de aspectos de
segurança, indicou vestimentas apropriadas às práticas e classificou
faixas etárias para as atividades e os elementos técnicos das
modalidades circenses com certo grau de detalhamento, buscando
ilustrar truques e exercícios com gravuras e fotografias diversas (Lopes;
Silva; Bortoleto, 2020, p.155).
De acordo com Lopes, Silva e Bortoleto (2020), dos muitos professores que
desenvolveram formações na Academia, podemos destacar: Leonardo Temperani
(aramista e globista), Roger Avanzi (palhaço e ciclista), (atirador de facas), Gibe
Fernandes (palhaço), Abelardo Pinto (trapezista e paradista), Zoraide Savala
(contorcionista), Juscelino Savala (acrobata de solo) e Amercy Marrocos (acrobata),
a qual destaco nesse artigo.
A Sra. Amercy Marrocos, nasceu em São Fidelis, no Rio de Janeiro, em 1940.
Acrobata, saltadora, paradista e equilibrista de rola; filha de Marrocos (Américo de
Paula) e Juracy Fabbri de Paula. Ela estreou aos quatro anos fazendo parada de
mão no Duo Marrocos com os pais e, aos quinze anos, começou a se apresentar
na corda e na rola. Integrou o Trio Marrocos com as irmãs Tania e Sadia, casou
com Jaime Rodrigues, o palhaço Mulambo, que conheceu no Circo do Cheiroso.
Após um período neste circo, o casal voltou a trabalhar com Marrocos e, em
seguida, adquiriu o Circo Iranjá, o qual foi vendido quando foram contratados pela
família do Circo Canelas.
Quando Amercy iniciou o trabalho na Academia Piolin, o Sr. Colman era o
diretor e já conhecia a sua família. Nessa época, ela foi contratada junto a outros
professores do circo tradicional itinerante. Devido
demora para o local da escola