
Alguém acaba de morrer lá fora: Uma experiência cênica no
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Daniele Geammal
Florianópolis, v.1, n.43, p.1-26, abr. 2022
cena e não somente as informações sobre elas. Considero escolhas e
experimentações criativas em todas as áreas do teatro com enorme potencial
de aprendizado para a formação de atrizes e atores
. A escola é o lugar mais
apropriado para estas oportunidades. Sobre este assunto trago a Silvia
Fernandes para o debate, quando escreve com atenção à criação do Curso de
Interpretação em Artes Cênicas da Unicamp, que nasceu no ano de 1985 em
oposição ao que ela chama de “visão enciclopedista da educação teatral”
(Fernandes, 2010, p.201-202):
Compreender a formação do ator como pesquisa e a pesquisa como
prática do teatro é, sem dúvida, a contribuição maior da proposta
pedagógica do departamento de Artes Cênicas da Unicamp. O ponto de
partida do projeto formativo é a compreensão do trabalho do ator como
uma composição inteligente, que transforma materiais e mentalidades
ao produzir sensibilização e ação. Esse é o ponto de partida do projeto
formativo. Como um músico ou um pintor, o ator é considerado um
compositor que sistematiza procedimentos quando planeja, combina,
constrói e executa sua partitura de ações. Funcionando como modelo de
um novo homem de teatro, criador do projeto estético, mestre dos
instrumentos de atuação, autor de partituras em que saber e fazer se
harmonizam, ele deve aliar inteligência prática à inventividade teórica.
Muito mais que um intérprete de personagens, deve aproximar-se da
condição de atuador, de dançarino, ou de
performer
.
Performer
entendido
como o criador que unifica as atividades fracionadas do espetáculo,
tornando-se o centro intelectual do trabalho teatral: adapta o texto, dirige
e interpreta, além de conceber cenários e figurinos.
Por isso a chegada de Ricardo e Fernando, que vieram para colaborar e não
para definir, fez parte da escolha e organização do próprio quarteto, que
identificou nos dois uma qualidade artística que se associava às proposições
estéticas às quais rumavam. Portanto, como caminho metodológico acordado
em coletivo, se dividiram em curadorias por área. Cada membro do grupo
poderia, colaborativamente, criar e desenvolver sobre todas as partes que,
integradas, iriam compor o espetáculo. No entanto, algumas funções tinham um
cuidado mais atento de uma formanda ou formando, distribuídas assim: Aloysio,
aproveitando seu olhar de fotógrafo profissional, quis pensar na luz; Felipe, com
Este é o tema central do Memorial Analítico apresentado ao Curso de Mestrado Profissional em Ensino de
Artes Cênicas do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Artes Cênicas da UNIRIO, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre, onde debato sobre “o ensino dos elementos visuais da cena na formação
de atrizes e atores”. (Geammal, 2020)