Irrigando a Ditadura: facetas da modernização agrícola no Brasil (1964-1975)
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180312302020e0209Resumo
Neste artigo investigamos como a implantação de uma modernização agrícola no Brasil, a partir da década de 1960, esteve atrelada ao endividamento do país e à expansão do controle e das atividades persecutórias do Estado ditatorial. Para tanto, analisamos principalmente os contratos, estabelecidos entre o Estado e firmas nacionais e estrangeiras, focados na implantação do paradigma da Revolução Verde no Brasil e, em específico, do regadio no Nordeste brasileiro. Entre os contratos analisados, focamos naqueles voltados para a modernização agrícola, o que significou 41% dos documentos. A partir desse corpus documental, pudemos identificar cinco tipos de ações, dentre as quais demos ênfase aos trabalhos de infraestrutura e pesquisas. Foram analisadas também as políticas públicas do período voltadas para a irrigação, em especial o Programa de Integração Nacional (PIN) e o Programa Plurianual de Irrigação (PPI), que projetam a região Nordeste brasileira como alvo de ações intervencionistas para a construção de distritos de irrigação. Por fim, examinamos alguns isomorfismos entre o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e o Serviço Nacional de Informações (SNI), que indicam que aquele órgão possa ter servido aos objetivos persecutórios ditatoriais sobre as populações do campo.
Palavras-chave: Inovações agrícolas. Brasil - Condições econômicas. Ditadura. Irrigação agrícola.
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