A formação do movimento feminista brasileiro: considerações a partir de narrativas de mulheres que militaram contra a ditadura civil-militar
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180310242018316Resumo
A partir dos anos 1960, grande parte do mundo ocidental viu emergir novas formas de manifestação relacionadas com pautas até então consideradas secundárias. No Brasil, contudo, vivíamos um momento conturbado politicamente, com a implantação, em 1964, de uma ditadura civil-militar que perdurou até 1985 e reprimiu violentamente toda e qualquer forma de resistência. Em meados da década de 1970, entretanto, iniciou-se a rearticulação de novos movimentos sociais, os quais, além da luta pelo retorno da democracia, inseriram novas discussões no cenário. O artigo se propõem a analisar, a partir de narrativas de militantes que atuaram em organizações clandestinas de combate a ditadura e posteriormente no movimento feminista, a maneira como este se organizou no país. Intentamos compreender a relação entre a participação em grupos revolucionários e a posterior militância feminista das narradoras. Para a análise dos relatos partimos de duas categorias analíticas principais: memória e gênero. A partir do que elenca a metodologia da História Oral temos acesso a memória das militantes, que é compreendida enquanto um processo de constante rearranjo em virtude das experiências vividas. Assim, o trabalho busca a compreensão da forma como o movimento feminista brasileiro de segunda onda se organizou, sobretudo a partir das vivências daquelas que lutaram contra o arbítrio ditatorial, partindo do pressuposto que tal experiência foi fundamental para a caracterização das suas especificidades.
Palavras-chave: Mulheres. Movimento Feminista Brasileiro. Gênero. Memória.
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