Música, metáforas e lugar: os sons do Rio da Prata
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180309222017130Resumo
Este artigo apresenta observações sobre a história recente da música popular do Rio da Prata, analisando uma cena em que confluem tango, candombe, murga e rock em Buenos Aires, na Argentina. Mostramos como as migrações entre o Uruguai e Argentina a partir do início da última ditadura militar (1973 e 1976 respectivamente) oportunizaram a emergência de um mercado regional para a música uruguaia e a consolidação da cena rio-platense. A análise distancia-se daqueles trabalhos etnomusicológicos que mapeavam os gêneros musicais se circunscrevendo ao espaço da nação. Argumenta-se que as práticas musicais dos artistas da cena rio-platense contribuem para fazer do Prata um lugar que transcende o limite geopolítico. As poéticas que caracterizam a estética desta cena, como também os discursos com que se descrevem as experiências dos músicos e seus trabalhos, muitas vezes referem de forma metafórica a proximidade entre uruguaios e argentinos e entre os gêneros musicais surgidos em um e outro país. Tais metáforas são aqui interpretadas em sua dimensão performativa mais do que representando uma geografia dada: elas estabelecem relações entre as pessoas e gêneros musicais de uma e outra beira do Rio da Prata, contribuindo para que ele possa ser percebido como um lugar.
Palavras-chave: Música popular- Argentina. Música popular -Uruguai. Migração. Rio da Prata (Argentina e Uruguai).
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