Gritam os muros: “anistia ampla, geral e irrestrita”
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180308172016350Resumo
Nos anos 1970, ganhou força no Brasil uma campanha nacional e de repercussão no exterior, que visou defender uma anistia ampla, geral e irrestrita para todas as pessoas que tiveram as suas liberdades democráticas cerceadas com a ditadura civil-militar (1964-1985). As lutas e disputas políticas neste período foram intensas, sendo marcantes a atuação e os embates entre diversos segmentos sociais, como: mulheres, estudantes, militares e trabalhadores. Além disso, os instrumentos de resistências políticas foram significativos e variados, a exemplo de passeatas, comícios, panfletagens e pichações. Diante disso, historicizamos a realização dessa campanha em Recife, tendo em vista a sua relevância política. Neste sentido, dentre as formas de resistência supracitadas, destacamos no trabalho a importância do uso de pichações em prol da anistia. Esses registros cotidianos foram proibidos por leis, vigiados e censurados por órgãos policiais, por serem realizados por diversos segmentos da sociedade considerados “subversivos”. Ademais, o combate às escritas citadinas ocorreu por elas possuírem um cunho político e serem um eficaz instrumento de comunicação que influenciou muitas vezes a opinião dos transeuntes com discursos transgressores. Além de documentos escritos (jornais e fontes policiais), o trabalho teve como base os relatos orais de ex-militantes que resistiram contra a ditadura e foram autores de pichações. Através do cruzamento dessas fontes, foi possível analisar esse período sob diferentes discursos e experiências políticas. Assim, os relatos de orais em sua estrutura narrativa registram experiências históricas resultantes de práticas sociais, potencializando as possibilidades de interpretação do passado.
Palavras-chave: Pichações; Anistia; Ditadura; Relatos Orais.
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