Integralismo e escolas em Blumenau: interlocuções obliteradas nas narrativas históricas

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DOI:

https://doi.org/10.5965/19847246252024e0511

Palavras-chave:

escolas, integralismo, política, nacionalismo

Resumo

Durante muito tempo, as escolas de Blumenau não foram investigadas e também nem sempre reconhecidas por articular relações que propiciaram arranjos políticos capazes de influenciar a vida pública. Ao identificar que o integralismo, organizado no município em 1934, esteve presente em escolas por meio de sujeitos vinculados as funções escolares e ao grupo miliciano, foi possível avançar na compreensão sobre os motivos que contribuíram para a ampla valorização da Ação Integralista Brasileira (AIB) em Blumenau. Apesar de ser um movimento interessado na defesa dos elementos nacionais, incentivar a participação de imigrantes e descendentes de alemães como adeptos do integralismo, inclusive daqueles que apenas falavam a língua alemã, parece não ter sido considerado incoerente. Os integralistas João Ehlert e Aristides Largura, respectivamente professor e inspetor escolar, demonstraram entender a importância das relações que puderam ser estabelecidas por meio das escolas para assegurar tanto a ampliação do integralismo entre a população de origem alemã quanto a manutenção da sua referência étnica, frequentemente, não interessada na integração nacional.

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Biografia do Autor

Anne Caroline Peixer Abreu Neves, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutoranda em História na Universidade do Estado de Santa Catarina. Mestre em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Professora da Secretaria do Estado da Educação de Santa Catarina.

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Publicado

2024-12-12

Como Citar

NEVES, Anne Caroline Peixer Abreu. Integralismo e escolas em Blumenau: interlocuções obliteradas nas narrativas históricas. PerCursos, Florianópolis, v. 25, p. e0511, 2024. DOI: 10.5965/19847246252024e0511. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/25695. Acesso em: 19 dez. 2024.

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